Anuncia a comunicação dita “de referência”, que nestas coisas do chamado arco da governação tem obrigação de saber do que fala, que o senhor Pinto Balsemão, luso-imperador da comunicação social com sotaque global do comendador Marinho, escolheu sucessor na comissão permanente do universo conspirador conhecido por Grupo de Bilderberg. E esse sucessor é: o inefável Durão Barroso, pois quem havia de ser? De conspirador militante anti-25 de Abril, via mrpp, a intérprete dos desejos dos barões da especulação financeira a quem foi confiado o cutelo da austeridade, passando por anfitrião da cimeira de grandes mentirosos que acelerou o caos em que se encontra o Médio Oriente, o seu currículo merece tão valiosa recompensa como insigne distinção. Barroso não passa apenas a fazer parte do núcleo dos grandes conspiradores que, numa clandestinidade aristocrática, definem como deve funcionar a “democracia transparente” em todo o mundo; assume também funções executivas, isto é, empunha o facho com a chama acesa entre conclaves anuais e, por inerência, convida os portugueses a quem serão atribuídas as missões estratégicas a desempenhar nos próximos tempos.
Esta interpretação de factos tão relevantes que aqui vos transmito emana, como não podia deixar de ser, dos sinistros antros da teoria da conspiração. O senhor Balsemão foi um corajoso dissidente do fascismo, até integrou a Ala Liberal, uma engenhosa manobra de regeneração do marcelismo através do manto diáfano da democracia para que o capitalismo continuasse a ser o que sempre foi; foi apanhada em contrapé pelos militares, é verdade, mas logo se recompôs reencarnando em forma PSD. O senhor Balsemão foi até primeiro-ministro durante a longa marcha contra a herança do 25 de Abril conduzida juntamente com o dr. Soares e o prof. Freitas, sob a batuta ágil e enérgica do embaixador Carlucci, para devolver o país à essência da Ala Liberal, que hoje tanto pode chamar-se ala neoliberal como arco da governação. No entanto, a vocação autêntica do senhor Balsemão é a propaganda, tendo encontrado no Grupo de Bilderberg o lugar certo para desempenhar a missão que lhe foi outorgada, com vantagens inegáveis para o próprio e quem o escolheu e danos vultosos para a democracia. Danos vultosos estes que não são colaterais, mas sim a essência dos objectivos a atingir.
Quanto ao senhor Durão Barroso, uma geração abaixo, é a sucessão natural do agora fatigado guerreiro Balsemão, merecedor de repouso e de uma enxurrada de condecorações. De feroz inimigo da “educação burguesa” traulitando a eito contra o 25 de Abril a enfático presidente da Comissão Europeia com um pé ou os dois sempre em Washington – lembre-se a cruzada pelo “acordo de comércio transatlântico” lançada a todo o gás e com as urgências máximas no último ano do seu mandato - ele tem energia, contactos e experiência para dar e vender nos areópagos da conspiração mundial. Parece ser o homem certo no lugar certo porque nos últimos anos poucos dirigentes políticos têm conseguido ser tão eficazes contra a democracia e os direitos humanos em nome da democracia e dos direitos humanos. O senhor Barroso – há que reconhecer-lhe esse talento - tem o savoir-faire, a intrepidez e a flexibilidade de manobra fundamentais para executar missões e trabalhos de sapa encomendados pelos padrinhos, que assim conservam as mãos limpas e impolutas. Das Lages ao desempenho à cabeça da Comissão Europeia não faltam exemplos ilustrando uma tal vocação que lhe vem da meninice e à qual soube puxar o lustro exigido pela elegância da especulação financeira.
Neste mês de Junho, que promete ser quente, dar-se-á a passagem do testemunho de Balsemão para Barroso em mais um conclave anual de Bilderberg. Com as ondas de choque do acordo entre os Estados Unidos da América e o Irão no horizonte, os magnatas, generais, barões da propaganda, super-espiões, estrategos, ex-governantes, imperadores das telecomunicações vão formatar os acontecimentos do próximo ano e daí canalizarão as ordens a cumprir pelas múltiplas versões de arco da governação implantadas através do globo. Lá estarão também os portugueses, escolhidos quiçá a quatro mãos por Balsemão & Barroso, para serem instruídos nas missões a desempenhar, sejam quais foram os resultados das eleições, para que a lusitana versão do arco da governação prossiga no caminho em que deve prosseguir para que os ricos sejam cada vais mais ricos e os pobres cada vez mais pobres e mais numerosos.
Interpretação esta que não passa, como sempre, de mal-intencionada teoria da conspiração.
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