terça-feira, junho 20, 2006

A dupla inutilidade da esquerda para os trabalhadores

Já se tornou uma rotina em muitos países, a divisão da esquerda entre “traidores” no poder e “poetas” na oposição. No Brasil não é diferente.
Em vários países europeus, asiáticos e latino-americanos, já se tornou rotina a eleição de um governo de esquerda que logo ao assumir, adere imediatamente as políticas que antes execrava e denunciava como danosas para as classes trabalhadoras.
O efeito é sempre o mesmo, o partido de esquerda, agora no poder passa a ser taxado de traidor, entreguista e burguês pelos outros grupos que ficaram de fora. Os membros do novo governo passam a se considerar pessoas responsáveis e acusam os seus detratores de poetas e radicais insensatos.
O problema é que ambos tem razão. Se for para seguir uma política de tendência neoliberal, é preferível um partido com credenciais claras para isso. Se for para mudar, que seja um partido com muita coragem, mas visão clara da realidade global.
No caso do Brasil, o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, era muito mais competente para executar os projetos e alcançar as metas que o PT agora transformou em seu próprio programa de governo.
Todos os resultados obtidos até agora pelo PT vêm de políticas iniciadas no governo anterior. Praticamente todos os projetos “exclusivos” como o “fome zero”, o “primeiro emprego”, etc, se mostraram enormes fracassos.
Dos famosos 10 milhões de empregos prometidos, simplesmente não se fala mais. Se isso não bastasse, a nova MP 232, visa claramente destruir uma das poucas “rotas de fuga” para os desempregados, ou seja, as empresas prestadoras de serviços.
Do outro lado, fica a esquerda poética. Depois de eleger o general golpista Hugo Chaves como seu novo ídolo, voltam-se para seu esporte preferido: As discussões bizantinas. Ainda há debates entre marxistas e anarquistas, stalinistas (ainda existem!) contra trotskistas, etc.
O problema do desemprego causado pelas novas tecnologias? Ficção científica burguesa. Nem se discute essa bobagem. Desagregação do proletariado pelo trabalho flexível que os divide em um sem número de grupos de interesses antagônicos? Conversa de alienados.
Importante é todo o que for na contra-mão da história. Quanto mais a economia se globaliza, mais apego ao nacionalismo. O Estado nacional se torna cada vez mais irrelevante? Luta-se pelo controle do Estado. O poder se descentraliza e perde seu caráter de domínio de determinados países? Mais uma razão para se lutar contra o imperialismo.
Afinal os trabalhadores logo verão a terra prometida tão logo nosso micropartido tomar o palácio do planalto, abolir a propriedade privada, mudar os rumos da globalização e depois derrotar militarmente os imperialistas. É só uma questão de tempo...

http://lauromonteclaro.sites.uol.com.br

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