É preciso admitir de uma vez por todas: As novas tecnologias aliadas aos novos métodos gerenciais de produção geram desemprego e precariedade em grande escala. Os acontecimentos na França e nos EUA deixam isso claro.
Há anos temos insistindo na tese de que as novas tecnologias de informação e comunicações, aliadas aos novos métodos gerenciais a que elas abrem caminho, geram desemprego e precariedade de forma contínua e irreversível. O tema não poderia ser mais actual, considerando os recentes eventos na França e nos EUA.
Pode-se comprovar essa tese simplesmente propondo duas questões:
A primeira seria: Como se explica que a população de um país tecnologicamente avançado, com altíssimos padrões de educação e cultura, esteja sujeita a um alto nível de desemprego (23% entre os jovens)?
A segunda seria: Por que países que sofrem com o crónico “desemprego estrutural” como a Alemanha, a Itália e a França de um lado, e os que vivem o drama do trabalho precário como os EUA e a Grã-bretanha, continuam a atrair mão-de-obra imigrante?
As duas perguntas nos levam a becos sem saída. Só conseguimos entender o que ocorre se considerarmos a existência de dois mercados de trabalho distintos em cada país. Um que é afectado pelas novas tecnologias e outro que lhe é relativamente indiferente.
Assim temos que no primeiro caso, em países como a França, por exemplo, a população “nativa” procura empregos com bons salários e benefícios. Seriam os famosos empregos de “alta tecnologia”, típicos da “Era da Informação” ou da “Terceira Revolução Industrial”.
Como esses empregos são em número muito pequeno, ou simplesmente não existem, preferem viver do seguro desemprego até acha-los. Como são pessoas com alto nível de instrução, não querem se sujeitar a empregos de baixa qualidade.
No caso de países como os EUA, por exemplo, onde as leis trabalhistas são altamente flexíveis, esse mesmo tipo de população acaba por aceitar empregos como estagiários, de meio período, com contratos por tempo determinado, por projecto, etc. O nível de desemprego é menor, mas a renda também decai vertiginosamente.
Os imigrantes por seu lado, procuram empregos de “baixa tecnologia”, ou seja, aqueles em que não é viável a substituição de mão-de-obra humana por máquinas. São empregos em restaurantes, hotéis, serviços de limpeza, construção civil, etc.
Como nessas actividades as novas tecnologias não elimina empregos, o crescimento económico ou pelo menos a ausência de recessão, mantém esse mercado de trabalho no mínimo em ligeira expansão.
Isso explica o paradoxo. As novas tecnologias eliminam empregos sobretudo na área industrial e nos sectores de serviços tradicionais como o sector bancário e o comércio varejista. Cria apenas um punhado de empregos “Hi-Tec” e praticamente não afecta o mercado de trabalho de baixa renda.
Na França, os moradores dos subúrbios que se revoltaram no ano passado, não eram imigrantes, e sim descendentes de imigrantes, que não estavam nem um pouco interessados em “pegar no pesado” como seus pais e avós. Tem instrução, são cidadãos franceses e por isso reclamam da falta de bons empregos.
O projecto da lei do Contrato do Primeiro emprego, não passou de uma tentativa desastrada do governo de dar uma resposta a esse problema. Nos protestos recentes, os descendentes de imigrantes não foram considerados culpados pela crise de desemprego. Também não houve a mínima demonstração de xenofobia.
Já nos EUA, a informalidade e a redução do padrão de vida dos trabalhadores “nativos” os obriga a disputar empregos, inclusive os de baixa qualidade, com os imigrantes. Isso explica o crescimento vertiginoso da xenofobia e as trapalhadas legislativas com vistas à “controlar” a imigração e a prejudicar ainda mais os imigrantes ilegais. Disso resultaram as grandes manifestações dos imigrantes e seus apoiantes.
Um dos projetos estabelece claramente que os imigrantes receberiam uma licença de trabalho, por tempo determinado, e apenas para os empregos de baixa qualidade. O objectivo é claro: Bons empregos são apenas para os “verdadeiros” americanos.
Mas o caso é que tanto na França como nos EUA, o governo foi obrigado a recuar de iniciativas desastradas. A razão disso é simples: Não é possível gerar empregos, que desapareceram devido às novas tecnologias, simplesmente criando leis.
É como enxugar gelo com toalha quente...
http://lauromonteclaro.sites.uol.com.br/
Há anos temos insistindo na tese de que as novas tecnologias de informação e comunicações, aliadas aos novos métodos gerenciais a que elas abrem caminho, geram desemprego e precariedade de forma contínua e irreversível. O tema não poderia ser mais actual, considerando os recentes eventos na França e nos EUA.
Pode-se comprovar essa tese simplesmente propondo duas questões:
A primeira seria: Como se explica que a população de um país tecnologicamente avançado, com altíssimos padrões de educação e cultura, esteja sujeita a um alto nível de desemprego (23% entre os jovens)?
A segunda seria: Por que países que sofrem com o crónico “desemprego estrutural” como a Alemanha, a Itália e a França de um lado, e os que vivem o drama do trabalho precário como os EUA e a Grã-bretanha, continuam a atrair mão-de-obra imigrante?
As duas perguntas nos levam a becos sem saída. Só conseguimos entender o que ocorre se considerarmos a existência de dois mercados de trabalho distintos em cada país. Um que é afectado pelas novas tecnologias e outro que lhe é relativamente indiferente.
Assim temos que no primeiro caso, em países como a França, por exemplo, a população “nativa” procura empregos com bons salários e benefícios. Seriam os famosos empregos de “alta tecnologia”, típicos da “Era da Informação” ou da “Terceira Revolução Industrial”.
Como esses empregos são em número muito pequeno, ou simplesmente não existem, preferem viver do seguro desemprego até acha-los. Como são pessoas com alto nível de instrução, não querem se sujeitar a empregos de baixa qualidade.
No caso de países como os EUA, por exemplo, onde as leis trabalhistas são altamente flexíveis, esse mesmo tipo de população acaba por aceitar empregos como estagiários, de meio período, com contratos por tempo determinado, por projecto, etc. O nível de desemprego é menor, mas a renda também decai vertiginosamente.
Os imigrantes por seu lado, procuram empregos de “baixa tecnologia”, ou seja, aqueles em que não é viável a substituição de mão-de-obra humana por máquinas. São empregos em restaurantes, hotéis, serviços de limpeza, construção civil, etc.
Como nessas actividades as novas tecnologias não elimina empregos, o crescimento económico ou pelo menos a ausência de recessão, mantém esse mercado de trabalho no mínimo em ligeira expansão.
Isso explica o paradoxo. As novas tecnologias eliminam empregos sobretudo na área industrial e nos sectores de serviços tradicionais como o sector bancário e o comércio varejista. Cria apenas um punhado de empregos “Hi-Tec” e praticamente não afecta o mercado de trabalho de baixa renda.
Na França, os moradores dos subúrbios que se revoltaram no ano passado, não eram imigrantes, e sim descendentes de imigrantes, que não estavam nem um pouco interessados em “pegar no pesado” como seus pais e avós. Tem instrução, são cidadãos franceses e por isso reclamam da falta de bons empregos.
O projecto da lei do Contrato do Primeiro emprego, não passou de uma tentativa desastrada do governo de dar uma resposta a esse problema. Nos protestos recentes, os descendentes de imigrantes não foram considerados culpados pela crise de desemprego. Também não houve a mínima demonstração de xenofobia.
Já nos EUA, a informalidade e a redução do padrão de vida dos trabalhadores “nativos” os obriga a disputar empregos, inclusive os de baixa qualidade, com os imigrantes. Isso explica o crescimento vertiginoso da xenofobia e as trapalhadas legislativas com vistas à “controlar” a imigração e a prejudicar ainda mais os imigrantes ilegais. Disso resultaram as grandes manifestações dos imigrantes e seus apoiantes.
Um dos projetos estabelece claramente que os imigrantes receberiam uma licença de trabalho, por tempo determinado, e apenas para os empregos de baixa qualidade. O objectivo é claro: Bons empregos são apenas para os “verdadeiros” americanos.
Mas o caso é que tanto na França como nos EUA, o governo foi obrigado a recuar de iniciativas desastradas. A razão disso é simples: Não é possível gerar empregos, que desapareceram devido às novas tecnologias, simplesmente criando leis.
É como enxugar gelo com toalha quente...
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