"Israel deve ser como um cão raivoso, demasiado perigoso para ser incomodado",
(General Moshe Dayan, ex- ministro de Defesa israelense).
"O chefe do exército Dan Halutz deu ordem à força aérea para destruir dez edifícios de vários pisos no distrito Dahaya (de Beirute) em resposta a cada míssil lançado sobre Haifa",
(Rádio do exército israelense, 24/Julho/2006).
"Creio que é importante não cairmos aqui na armadilha da equivalência moral. O que o Hezbola fez foi sequestrar soldados israelenses e disparar mísseis e projécteis de morteiros sobre civis israelenses. O que Israel fez foi responder actuando em defesa própria",
(embaixador estadunidense perante as Nações Unidas, John Bolton)
"Os dirigentes israelenses deveriam ser acusados de crimes de guerra".
(Louise Arbour, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Julho/2006).
"A Terceira Guerra Mundial... já começou. O que agora estamos a ver no Oriente Médio é um capítulo dela", (Daniel Gillerman, embaixador israelense nas Nações Unidas, Julho/2006)
"Para a maioria dos europeus Israel é a maior ameaça à paz",
(inquérito realizado pela União Europeia no princípio de 2006).
O Kristalnacht, o assalto nazi de 1939 às casas de judeus em 'represália' pelo assassínio de um funcionário da embaixada alemã por um judeu, foi uma festa de jardim em comparação com a actual destruição do Líbano pelo exército israelense. A 'represália' nazi levou ao assassínio de vários judeus e danos no valor de milhões de dólares. A quota de assassínio e a destruição de Israel inclui actualmente mais de 400 civis libaneses mortos, milhares de feridos, 750 mil (alguns afirmam que 900 mil) refugiados, a destruição de centenas de edifícios de apartamentos, de milhares de casas, escolas, fábricas, aquedutos, estações de tratamento de água e de potabilização, igrejas e mesquitas, estações de rádio e televisão, todas as principais pontes e estradas do país, os aeroportos e portos — de facto, qualquer coisa e qualquer pessoa que estivesse em pé, que se escondesse ou fugisse para salvar-se.O deliberado 'bloqueio total' de Israel, além do seu bombardeamento maciço, provocou uma catástrofe humanitária para dois milhões e meio de libaneses, incluindo os 750 mil refugiados. Segundo o Financial Times "a situação humanitária foi agravada pelo bloqueio israelense por terra e por mar, e os ataques a pontes e estradas que dificultam a distribuição de ajuda, tanto aos refugiados como àqueles que ficaram para trás", ( Financial Times 25/Julho/2006, p.3). Os refugiados falam de bombardeamentos israelenses diários, falta de água e comida, apagões e cortes nas linhas telefónicas. Ainda mais sinistro, muitos refugiados afirmam "que primeiro Israel lhes disse que se fossem só para serem atacados por um bombardeamento israelense quando já estavam na estrada a fim de se salvarem" ( Financial Times, ibid.) Todas as principais organizações judias dos Estados Unidos, Europa e Canadá são fieis ao Estado de Israel e aprovam seus crimes contra a humanidade, tal como o fazem todos os meios de comunicação. Eles influenciam ou controlam o Congresso estadunidense, o ramo executivo e as confederações de sindicatos nos Estados Unidos. A 'Grande mentira' das 'represálias' israelenses foi repetida tão frequentemente nos círculos mediáticos e oficiais que foi tomada como um facto aceite. Se voltarmos ao facto 'passado à história' do 12 de Julho de 2006, descobrimos que o Hesbola atacou um posto do exército israelense na fronteira com o Líbano — um objectivo militar sem significado civil. Imediatamente após este incidente militar localizado, o primeiro ministro Olmert ordenou o bombardeamento maciço de Beirute e de objectivos civis em todo o Líbano. Depois do bombardeamento maciço por parte de Israel de civis e infraestruturas por todo o Líbano o Hesbola respondeu, a 14 de Julho de 2006, 'declarando a guerra' a Israel, concretamente bombardeando cidades israelenses. A 14 de Julho de 2006 a propaganda e a máquina de poder do lobby judeu entrou em acção criticando Bush por mostrar preocupação pelo regime cliente libanês, que a Casa Branca havia posto de pé com tanto trabalho. ( Forward , 14/Julho/2006). Abraham Foxman, Director Nacional da Liga Anti-Difamação, atacou duramente Bush por pedir a Tel Aviv que mostrasse contenção e não minasse o primeiro ministro libanês Siniora. A Conferência das Principais Associações Judias Estadunidenses pôs os seus 52 grupos em acção. Bush recuou rapidamente e esqueceu-se do seu cliente libanês. Israel e os '52 grupos' pressionaram os Estados Unidos a fornecerem mais bombas de cinco toneladas para que os seus bombardeiros as lançassem sobre um país indefeso que não tem uma força aérea em funcionamento. Os ideólogos dirigentes do lobby judeu pressionaram os Estados Unidos a bombardearem o Irão e a Síria, a 'mão que está por trás do Hesbola' — com a esperança de começar a Terceira Guerra Mundial do embaixador israelense Gillerman.O apoio unânime das principais organizações judias ao etnocídio israelense estende-se às organizações pacifistas israelenses de 'tempo de paz' e progressistas como Amos Oz, que fez um apelo às organizações pacifistas israelenses para cerrar fileiras por trás dos carniceiros de Beirute em nome da 'defesa' de Israel.Enquanto Washington se apressa a enviar seu novo fornecimento de bombas de cinco toneladas e 'mísseis de precisão', não há a menor dúvida de que a destruição pelos dirigentes israelenses dos lares de civis, apartamentos e infraestruturas é um objectivo calculado com precisão (BBC News, 23/Julho/2006). Enquanto os mísseis dirigidos de forma precisa estão a desempenhar um papel fundamental na estratégia militar de Israel, é evidente que o repetido bombardeamento de caravanas de refugiados e de ambulâncias nas estradas, de hospitais, mesquitas e dos sectores muçulmano e cristão de Beirute e de outras cidades fazem parte desta estratégia.O professor Juan Cole argumenta de forma persuasiva que a guerra contra o Líbano foi planificada há pelo menos um ano e cita as apresentações feitas por oficiais de alta patente do exército israelense aos think tanks, diplomatas e jornalistas de Washington para esboçar a futura invasão ( www.juancole.com , 23/Julho/2006). A ignorância do contexto histórico recente do bombardeamento israelense do Líbano e do assassínio gratuito de libaneses é geral. Durante vários anos o lobby judeu esteve a pressionar a Casa Branca e o Congresso para desarmar e destruir o Hezbola; para isso era necessário mudar a correlação de forças no Líbano obrigando o sírios a saírem [do Líbano] — o que foi conseguido com o assassínio de um eminente político libanês (Hariri) e a atribuição da culpa aos serviços de inteligência sírios — apear de nunca se ter apresentado prova alguma, além de um testemunho perjuro do qual o seu autor se retractou posteriormente. Depois de a Síria sair do Líbano um assassino libanês a soldo dos serviços secretos israelenses, a Mossad, foi capturado pela polícia libanesa anti-Síria, que admitiu haver cometido numerosos assassínios a bomba de cidadãos libaneses que constituíam objectivo dos israelenses.Com a saída da Síria do Líbano, Washington conseguiu uma resolução unilateral das Nações Unidas apelando ao desarmamento do Hesbola, sem concessão militar ou territorial alguma por parte de Israel, como a devolução ao Líbano da localidade de Chaaba ou a devolução dos prisioneiros libaneses ou do Hezbola que há dez anos apodrecem nos cárceres israelenses. A resolução das Nações Unidas, provavelmente a única acatada por Israel por razões óbvias , proporcionou a seguir parte da cobertura para a invasão de Israel enquanto este bombardeava o Líbano até reduzi-lo a um estado miserável mais parecido com o Afeganistão do que com a vibrante república mediterrânica. A estratégia de Israel era transparente: tratava de isolar o Hesbola no mundo, assegurar o apoio das Nações através de Washington e da pressão do lobby sobre o governo Bush, e promover um conflito interno no Líbano entre o Hezbola e o governo libanês, no qual os Estados Unidos/Nações Unidas interviriam a favor dos seus clientes favoritos de Beirute.Ao falhar em ambos os cálculos, Israel decidiu, consultando Washington, lançar um mortífero ataque frontal contra o Líbano sob o pretexto dos soldados capturados e atacar o Hezbola. Além de destruir o Hezbola anti-imperialista, Washington viu no ataque militar israelense várias possibilidades favoráveis. Uma era isolar e criar um pretexto para atacar a Síria e o Irão se estes fizessem o menor esforço em favor dos libaneses. Em segundo lugar, Washington viu na invasão israelense uma maneira de distrair a horrorizada opinião pública mundial da genocida ocupação estadunidense do Iraque. Em terceiro lugar, o governo Bush tratava de assegurar a contínua e poderosa influência mediática do lobby judeu em apoio da ocupação estadunidense do Iraque num momento em que a maioria dos cidadãos estadunidenses são cada vez mais hostis à mesma. Finalmente, ao fornecer a Israel armas de destruição em massa, como as bombas de cinco toneladas, os republicanos e democratas procuravam assegurar fundos para suas campanhas [eleitorais] procedentes dos milionários e multimilionários judeus.Para Israel, o ataque militar tinha o objectivo de destruir todo o Líbano, convertê-lo num vasto terreno baldio, com a ideia de que por meio da limpeza étnica dos civis libaneses do sul do Líbano tornar-se-ia mais fácil declarar o país uma zona de 'fogo livre' – para ser bombardeada à vontade e para matar qualquer simpatizante do Hesbola, activista, trabalhador social, médico e combatente. A estratégia era "esvaziar o tanque (o sul do Líbano) para pescar o peixe (o Hesbola)'. Note-se que o Hezbola é um movimento social e político de massas que tem bases constituídas por um milhão de libaneses. No processo, Israel procura criar um regime cliente no Líbano e cortar a ajuda moral e material que o Hezbola dá ao governo democraticamente eleito do Hamas, na Palestina.Os raciocínios de Israel e dos Estados Unidos fracassaram no decorrer dos acontecimentos. Os terroríficos bombardeamentos maciços feitos por Israel minaram o regime pro-estadunidense de Beirute e fizeram com a grande maioria da população libanesa se voltasse a favor do Hezbola. Na total omissão do governo libanês, foi o Hezbola que se apressou a levar os feridos aos hospitais, forneceu alimentos, comboios de evacuação e um mínimo de alívio a todos os libaneses sem levar em conta sua filiação. As advertências de Washington aos israelenses para que respeitassem os civis (libaneses) e as infraestruturas civis foram ignoradas descaradamente pelo Estado judeu desde o princípio, perfeitamente conscientes de que o lobby judeu nos Estados Unidos asseguraria a cumplicidade de Washington no assassínio maciço e na destruição do seu próprio regime cliente.
Nunca foi posto em dúvida que se a Casa Branca fosse confrontada entre a opção de defender um regime conservador e recém instalado no Líbano e a guerra total de Israel apoiaria sem dúvida o lobby e Tel Aviv.Se os Estados Unidos calcularam mal a 'intervenção de precisão' de Israel, o Estado judeu sobrestimou sua capacidade de submeter o Hezbola a base de bombardeamentos. O regime israelense empreendeu uma guerra por terra, o que é extremamente custoso na zona montanhosas do sul do Líbano. Pela primeira vez baixas militares israelenses em grande escala, que continuaram a crescer; os mortos não foram unicamente as famílias libanesas inocentes e desarmadas assassinadas pelos aviões e helicópteros israelenses. A acção do Hezbola ao atacar e capturar dois soldados israelenses foi no sentido de ajudar humanitariamente os palestinos assediados de Gaza que sofriam as pancadas da invasão israelense e assassínios diários. Nem a Síria nem o Irão tiveram qualquer influência na decisão de Hezbola de afrouxar a pressão israelense sobre os palestinos. Segundo vários peritos iranianos, "o Irão adoptou uma postura pragmática na sua política externa e não quer nenhuma confrontação séria com Israel" ( Financial Times, 18/Julho/2006, p. 3). Outro perito argumentava que "o Irão não procurava uma crise no Líbano num momento crítico da diplomacia nuclear", (FT ibid). Um perito do Hesbola assinalou que "era inconcebível que o Irão houvesse ordenado ao Hezbola tomar soldados israelenses como prisioneiros. Os dirigentes do Hezbola não são do tipo dos que aceitam ordens de outros" (FT, ibid=. Além disso, Israel tinha muitos prisioneiros políticos libaneses, alguns desde há mais de uma década, e o Hezbola procurava conseguir um intercâmbio de prisioneiros, assim como libertar território libanês que ainda está sob ocupação israelense.Ao atacar o Líbano e ter o Hezbola como objectivo, Israel tentava isolar mais o governo palestino e continuar a sua política de bombardear o seu povo até o seu êxodo 'voluntário'. Durante as duas primeiras semanas dos bombardeamentos sobre o Líbano, Israel continuou com sua campanha de bombardeamentos e de assassínios em Gaza e na Cisjordânia, e matou e feriu dezenas de civis, crianças e combatentes da resistência. De maneira perversa, ao aumentar o número de mortos (cerca de 500), a destruição (estimada em dois mil milhões de dólares) e o êxodo forçado de pelo menos 750 mil civis no Líbano, Israel distraiu a atenção dos meios de comunicação filo-israelenses das dezenas de palestinos assassinados e feridos diariamente. A cobertura dos media em relação ao genocídio israelense no Líbano é do pior: as televisões (CBS, NBC, ABC, CNN), a Rádio Pública Nacional e a imprensa respeitável não só repetem a propaganda israelense acerca de 'mísseis de precisão... que destroem os bunkers do Hezbola" como centram-se no punhado de mortos e feridos israelenses em contraposição aos milhares de libaneses mortos e feridos, e o milhão deles que fica sem lar, sem electricidade ou água, e estão submetidos a bombas de cinco toneladas que procuram 'bunkers' mas alvejam edifícios de habitação de vários pisos. Segundo afirmou Jan Egeland, membro das Nações Unidos, após uma inspecção no terreno, "pelo menos um terço das vítimas libanesas são crianças". Menos de um de cada dez são combatentes do Hezbola. Ao ter que confrontar-se com os bombardeamentos maciços sobre civis, a secretária de Estado estadunidense, Rice, referiu-se aos mesmos como 'as dores do parto' de uma nova ordem, tal como o seu antecessor no Terceiro Reich justificou o bombardeamento de Londres durante a Segunda Guerra Mundial.Em 24 de Julho de 2006 o Daily Alert, o boletim de notícias dos presidentes das principais organizações judias estadunidenses, publicou e reeditou artigos escritos por defensores da sangrenta invasão de Israel. Nem uma só crítica da fuga de pelo menos 750 mil refugiados, nem uma palavra acerca da destruição de casas, nem sequer uma menção de passagem à morte de mais de cem crianças. Citações do presidente Bush a opor-se ao cessar fogo, do ultra-direitista e 'arqui-defensor de Israel' Bolton (embaixador estadunidense perante as Nações Unidas) a defender o bombardeamento terrorista de Israel agumentando que a destruição do país é menos transcendente que uns poucos mísseis caídos em Israel, com mortos mas sem efeitos nas infraestruturas... Os artigos de opinião do Washington Post, Los Angeles Times, Wall Street Journal e New Republic apoiam o banho de sangue de Israel. Os editoriais do Washington Post, Wall Street Journal e Miami Herald seguem religiosamente a postura do lobby.Toda a maciça maquinaria de propaganda judia e pro-Israel encheou o media estadunidenses com mensagens de apoio incondicional ao assassino israelense, com a negação do sofrimento libanês e a justificação da destruição sem sentido apresentados como um acto de defesa heroica ... da parte dos 'cães raivosos' (Moshe Dayan) de Israel. Faz-se caso omisso das vozes dos americanos horrorizados pelas atrocidades israelenses ou que, simplesmente, sentem simpatia pelas suas vítimas ou, pior, são atacados ou ridicularizados (a veterana octogenária correspondente da Casa Branca, Helen Thomas, de origem libanesa, foi qualificada burlonamente como 'a voz do Hezbola' pelo secretário de imprensa do presidente Bush, Tony Snow). O movimento pacifista estadunidense, no qual seus judeus progressistas proibem exprimir indignação para com Israel e, muito menos, para com o lobby, está moribundo. Mais uma vez, Israel sai impune do crime: sua correia de transmissão política no outro lado do oceano domina os meios de comunicação. O Congresso estadunidense prostra-se de joelhos perante os diktats do lobby. Todo o pessoal da Casa Branca actua como mensageiros do ministério israelense das Relações Exteriores: "Precisa de mais duas semanas para novos bombardeamentos? Oh, não se preocupe, não haverá tempo limite...! Sim, senhor, orientaremos a opinião pública estadunidense, europeia e mundial. Dir-lhe-emos que não haverá 'cessar fogo!" "Destruir todo um país em represália por dois prisioneiros israelenses... acreditamos que Israel tem o direito de defender-se". A submissão e cumplicidade dos Estados com o etnocídio de Gaza e agora com a destruição do Líbano sem um debate interno no Congresso, nos media ou sequer nos chamados 'movimentos pacifistas' mostra muito claramente a força do poder israelense dentro dos Estados Unidos e o enorme e contínuo dano que faz a nossas liberdades democráticas básicas. Estar contra o terrorismo totalitário e a cumplicidade dos Estados Unidos deveria ser um reflexo comum de decência. Hoje, sob o persuasivo domínio do lobby, é um acto de valentia, ainda chegue a apenas umas poucas dezenas de milhares através dos media alternativos. A ideia de Israel de um 'cessar fogo', repetida como papagaio pelo lobby israelense e regurgitada aos dirigentes libaneses pela secretária de Estado Condoleeza Rice, é, em primeiro lugar, para permitir Israel continuar com o bombardeamento maciço do Líbano graças às recém enviadas bombas estadunidenses de cinco toneladas, recusando assim a petição do primeiro-ministro libanês de um cesso fogo imediato ( FT, 25/Julho/2006). Depois de Israel ter devastado completamente o país, Washington proporá uma 'força internacional' (escolhida por Israel) junto ao exército libanês para ocupar o sul do Líbano (actualmente sob ocupação israelense com o remanescente de uma bateria desarmada de soldados das Nações Unidas destinada a manter a paz). Então supõe-se que a 'força internacional' procederá ao desarmamento total e à deslocação pela força de todos os combatentes do Hezbola e do meio milhão de pessoas que o apoiam no sul do Líbano. Nesse momento Israel poderia considerar um cessar fogo. Pelo que se vê, a doença dos cães raivosos de Israel é contagiosa e afectou o pouco de matéria cinzenta que resta na Casa Branca. Segundo o New York Times, não há compromisso para a proposta de 'força internacional': "os Estados Unidos puseram de lado a participação dos seus soldados, a NATO diz que os seus recursos não dão para mais, os britânicos sentem que o seu exército já está excessivamente comprometido e os alemães afirmam que desejaria participar só no caso de o Hezbola estar de acordo" (NYTimes, 24/Julho/2006). Em segundo lugar, a partir da política israelense de terra queimada, e da firme resistência do Hezbola, poucos, se é que algum, soldados libaneses tomarão as armas para por em prática as condições de Israel, uma vez que até os dirigentes conservadores libaneses recusam uma ocupação estrangeira. Em terceiro lugar, o mais importante, o Hezbola está preparado e é capaz de empreender uma longa guerra de guerrilha popular de resistência, que Israel nunca teve de enfrentar anteriormente, com capacidade de organização, capacidade moral e capacidade militar. Segundo o analista do Jane's Defense Weekly, Nicholar Blandford, "os membros do Hezbola são combatentes veteranos dos anos noventa, bem armados e bem motivados. É a velha estratégia de guerrilha de Mato Tsetung de retirar quando o inimigo avança e avançar quando o inimigo recua". Segundo outro perito em Hezbola: "Operam em pequenas células isoladas. Uma célula não sabe o que a outra está a fazer... Esta estrutura descentralizada faz parte da potência militar do grupo", (Saad-Ghoreyeb, citado na Aljazeera, 25/Julho/2006). A força militar do Hezbola, composta por até 7500 combatentes, tem estado a preparar túneis no sul do Líbano, tal como os vietnamitas, e reuniu um arsenal moderno bem apetrechado. Ao contrário dos anteriores exércitos árabes, que estavam muito infiltrados e lutaram em 'guerra fixas' sob comandos muitos centralizados, o Hezbola trabalha em grupos pequenos e descentralizados que se movem rapidamente e que tomaram medidas efectivas contra a tropa israelense. O Hezbola está à espera de uma invasão terrestre em grande escala para travar uma guerra de guerrilhas nas montanhas e no seu terreno. Segundo o secretário geral do Hezbola, o general Hassan Nasrallah, "quando os israelenses entrarem nós o faremos pagar caro em tanques, oficiais e soldados", (Al Jazeera, 25/Julho/2006). É evidente que Israel não vai ganhar uma 'guerra de sete dias'. Inclusive nos primeiros dez dias, Alon Ben-David, correspondente do Janes Defense Weekly, escreveu que o exército israelense sofreu um número de vítimas "considerável" no seu avanço em direcção ao norte do Líbano.EpilogoGraças ao poder do lobby judeu-americano e à influência dos seus filiados internacionais, o governo estadunidense conseguiu na reunião das potências mundiais, em Roma a 16 de Julho de 2006, o acordo para dar rédea solta aos 'cães raivosos' de Israel a fim de continuar suas políticas genocidas no Líbano e em Gaza, uma decisão aplaudida pelo porta-voz dos presidentes das principais organizações judias [dos EUA] ( Daily Alert, 27/Julho/2006). Dados os árduos esforços do lobby para reprimir os dissidentes do genocídio, é especialmente importante o facto de que a votação de Roma tivesse lugar menos de 24 horas depois de Israel ter assassinado deliberadamente quatro observadores das Nações Unidas ao atacar directamente sua sede e depois de haver recebido mais de uma dezena de desesperadas chamadas telefónicas dos assediados observadores antes, durante e depois do ataque israelense efectuado com mísseis e tanques (BBC, 25/Julho/2006). Nem sequer o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annam, pode aceitar a justificação israelense de que fora um erro. Suas declarações de que os israelenses atacaram deliberadamente os observadores das Nações Unidas no seu posto avançado claramente sinalizado provocaram ataques de indignação em Israel e entre os seus defensores nos Estados Unidos. Não é necessário dizer que o lobby judeu nos Estados Unidos apoiou automaticamente a carnificina dos observadores das Nações Unidas e publicou a exigência do embaixador israelense nos EUA de que o secretário geral da ONU 'pedisse desculpas' pelas suas acusações 'infundadas', ( Daily Alert, 27/Julho/2006). Enquanto isso, a imprensa respeitável, encabeçada pelo ultra-sionista Washington Post, continuou a proporcionar aos defensores do genocídio israelense no Líbano espaço para notícias e editoriais. David Rivski Jr. e Lee A. Casey argumentaram que os maciços bombardeamentos terroristas sobre o Libano (e, com a mesma lógica, sobre Gaza) estão "dentro do direito (de Israel)" e apresentaram os mais arrezados argumentos pseudo-legais que teriam feito Goebbels corar ( Washington Post, 25/Julho/2006). Nem é preciso dizer que ambos os autores desempenharam cargos no departamento de Justiça de Reagan; ao que parece, iniciaram suas carreiras a fazer versões assépticas dos campos da morte da América Central.Os crimes de Israel e a impunidade que lhes foi concedida no 'Encontro de Roma' é encarada como uma licença para cometer cada um dos crimes atrozes proibidos pela Carta das Nações Unidas na rubrica dos "Crimes contra a humanidade". O jornal britânico The Guardian informou a 25 de Julho de 2006: "Os faróis dianteiros da ambulância estavam acesos, a luz azul em cima do tecto estava a cintilar e outra luz iluminava a cruz vermelha quando caiu o primeiro míssil israelense e destroçou a perna direita do homem que seguia na maca. Enquanto jazia a gritar meio ao fogo e ao fome, os pacientes e os trabalhadores da ambulância tentaram proteger-se rapidamente, arrastando-se para a obscuridade. Caiu então outro míssil sobre a segunda ambulância", ( The Guardian, 25/Julho/2006). Enquanto a atenção do mundo voltava-se para o genocídio no Líbano, a maquinaria militar israelense continuava a massacrar crianças e civis palestinos... A agência Reuters (27/Julho/2006) informou que 19 palestinos, mais da metade deles civis, incluindo três crianças com menos de quatro anos, foram assassinados e 60 pessoas ficaram feridas. O número de palestinos mortos e feridos no ataque já com um mês de duração feito pelo Estado judeu ascende a mais de mil.Os dirigentes pacifistas israelenses uniram-se à festa da guerra, tal como a maioria dos seus seguidores. Um inquérito publicado pelo diário israelense Maariv mostra que 82% apoia a ofensiva contínua e 95% afirma que a acção de Israel é justificada (BBC, 27/Julho/2006). Uma vez que Israel geralmente é considerado como uma democracia limitada aos seus cidadãos judeus, podemos afirmar com segurança que a esmagadora maioria dos judeus israelenses são cúmplices voluntários dos crimes israelenses contra a humanidade (Será que Goldhagen alguma vez verificou o consenso dos alemães a favor da limpeza étnica dos nazis?). Da mesma forma, a grande maioria das organizações sionistas e seus activistas nos Estados Unidos e na Europa são extremadamente activos a fim de assegurar o apoio dos EUA ao genocídio israelense. O horror e as vozes ocultas de dissidência de muito cidadãos estadunidenses são sufocados pelo domínio autoritário do monopólio dos media por parte do lobby judeu. É como se a invasão do Iraque promovida pelo lobby judeu fosse um simulacro do apoio à invasão israelense do Médio Oriente, cujo objectivo é provocar guerra mais importantes contra o Irão e a Síria. Isto é uma perspectiva promovida activamente pela maioria dos ideólogos neoconservadores judeus, como William Kristol, do Daily Standard.
James Petras
http://resistir.info/
O Kristalnacht, o assalto nazi de 1939 às casas de judeus em 'represália' pelo assassínio de um funcionário da embaixada alemã por um judeu, foi uma festa de jardim em comparação com a actual destruição do Líbano pelo exército israelense. A 'represália' nazi levou ao assassínio de vários judeus e danos no valor de milhões de dólares. A quota de assassínio e a destruição de Israel inclui actualmente mais de 400 civis libaneses mortos, milhares de feridos, 750 mil (alguns afirmam que 900 mil) refugiados, a destruição de centenas de edifícios de apartamentos, de milhares de casas, escolas, fábricas, aquedutos, estações de tratamento de água e de potabilização, igrejas e mesquitas, estações de rádio e televisão, todas as principais pontes e estradas do país, os aeroportos e portos — de facto, qualquer coisa e qualquer pessoa que estivesse em pé, que se escondesse ou fugisse para salvar-se.O deliberado 'bloqueio total' de Israel, além do seu bombardeamento maciço, provocou uma catástrofe humanitária para dois milhões e meio de libaneses, incluindo os 750 mil refugiados. Segundo o Financial Times "a situação humanitária foi agravada pelo bloqueio israelense por terra e por mar, e os ataques a pontes e estradas que dificultam a distribuição de ajuda, tanto aos refugiados como àqueles que ficaram para trás", ( Financial Times 25/Julho/2006, p.3). Os refugiados falam de bombardeamentos israelenses diários, falta de água e comida, apagões e cortes nas linhas telefónicas. Ainda mais sinistro, muitos refugiados afirmam "que primeiro Israel lhes disse que se fossem só para serem atacados por um bombardeamento israelense quando já estavam na estrada a fim de se salvarem" ( Financial Times, ibid.) Todas as principais organizações judias dos Estados Unidos, Europa e Canadá são fieis ao Estado de Israel e aprovam seus crimes contra a humanidade, tal como o fazem todos os meios de comunicação. Eles influenciam ou controlam o Congresso estadunidense, o ramo executivo e as confederações de sindicatos nos Estados Unidos. A 'Grande mentira' das 'represálias' israelenses foi repetida tão frequentemente nos círculos mediáticos e oficiais que foi tomada como um facto aceite. Se voltarmos ao facto 'passado à história' do 12 de Julho de 2006, descobrimos que o Hesbola atacou um posto do exército israelense na fronteira com o Líbano — um objectivo militar sem significado civil. Imediatamente após este incidente militar localizado, o primeiro ministro Olmert ordenou o bombardeamento maciço de Beirute e de objectivos civis em todo o Líbano. Depois do bombardeamento maciço por parte de Israel de civis e infraestruturas por todo o Líbano o Hesbola respondeu, a 14 de Julho de 2006, 'declarando a guerra' a Israel, concretamente bombardeando cidades israelenses. A 14 de Julho de 2006 a propaganda e a máquina de poder do lobby judeu entrou em acção criticando Bush por mostrar preocupação pelo regime cliente libanês, que a Casa Branca havia posto de pé com tanto trabalho. ( Forward , 14/Julho/2006). Abraham Foxman, Director Nacional da Liga Anti-Difamação, atacou duramente Bush por pedir a Tel Aviv que mostrasse contenção e não minasse o primeiro ministro libanês Siniora. A Conferência das Principais Associações Judias Estadunidenses pôs os seus 52 grupos em acção. Bush recuou rapidamente e esqueceu-se do seu cliente libanês. Israel e os '52 grupos' pressionaram os Estados Unidos a fornecerem mais bombas de cinco toneladas para que os seus bombardeiros as lançassem sobre um país indefeso que não tem uma força aérea em funcionamento. Os ideólogos dirigentes do lobby judeu pressionaram os Estados Unidos a bombardearem o Irão e a Síria, a 'mão que está por trás do Hesbola' — com a esperança de começar a Terceira Guerra Mundial do embaixador israelense Gillerman.O apoio unânime das principais organizações judias ao etnocídio israelense estende-se às organizações pacifistas israelenses de 'tempo de paz' e progressistas como Amos Oz, que fez um apelo às organizações pacifistas israelenses para cerrar fileiras por trás dos carniceiros de Beirute em nome da 'defesa' de Israel.Enquanto Washington se apressa a enviar seu novo fornecimento de bombas de cinco toneladas e 'mísseis de precisão', não há a menor dúvida de que a destruição pelos dirigentes israelenses dos lares de civis, apartamentos e infraestruturas é um objectivo calculado com precisão (BBC News, 23/Julho/2006). Enquanto os mísseis dirigidos de forma precisa estão a desempenhar um papel fundamental na estratégia militar de Israel, é evidente que o repetido bombardeamento de caravanas de refugiados e de ambulâncias nas estradas, de hospitais, mesquitas e dos sectores muçulmano e cristão de Beirute e de outras cidades fazem parte desta estratégia.O professor Juan Cole argumenta de forma persuasiva que a guerra contra o Líbano foi planificada há pelo menos um ano e cita as apresentações feitas por oficiais de alta patente do exército israelense aos think tanks, diplomatas e jornalistas de Washington para esboçar a futura invasão ( www.juancole.com , 23/Julho/2006). A ignorância do contexto histórico recente do bombardeamento israelense do Líbano e do assassínio gratuito de libaneses é geral. Durante vários anos o lobby judeu esteve a pressionar a Casa Branca e o Congresso para desarmar e destruir o Hezbola; para isso era necessário mudar a correlação de forças no Líbano obrigando o sírios a saírem [do Líbano] — o que foi conseguido com o assassínio de um eminente político libanês (Hariri) e a atribuição da culpa aos serviços de inteligência sírios — apear de nunca se ter apresentado prova alguma, além de um testemunho perjuro do qual o seu autor se retractou posteriormente. Depois de a Síria sair do Líbano um assassino libanês a soldo dos serviços secretos israelenses, a Mossad, foi capturado pela polícia libanesa anti-Síria, que admitiu haver cometido numerosos assassínios a bomba de cidadãos libaneses que constituíam objectivo dos israelenses.Com a saída da Síria do Líbano, Washington conseguiu uma resolução unilateral das Nações Unidas apelando ao desarmamento do Hesbola, sem concessão militar ou territorial alguma por parte de Israel, como a devolução ao Líbano da localidade de Chaaba ou a devolução dos prisioneiros libaneses ou do Hezbola que há dez anos apodrecem nos cárceres israelenses. A resolução das Nações Unidas, provavelmente a única acatada por Israel por razões óbvias , proporcionou a seguir parte da cobertura para a invasão de Israel enquanto este bombardeava o Líbano até reduzi-lo a um estado miserável mais parecido com o Afeganistão do que com a vibrante república mediterrânica. A estratégia de Israel era transparente: tratava de isolar o Hesbola no mundo, assegurar o apoio das Nações através de Washington e da pressão do lobby sobre o governo Bush, e promover um conflito interno no Líbano entre o Hezbola e o governo libanês, no qual os Estados Unidos/Nações Unidas interviriam a favor dos seus clientes favoritos de Beirute.Ao falhar em ambos os cálculos, Israel decidiu, consultando Washington, lançar um mortífero ataque frontal contra o Líbano sob o pretexto dos soldados capturados e atacar o Hezbola. Além de destruir o Hezbola anti-imperialista, Washington viu no ataque militar israelense várias possibilidades favoráveis. Uma era isolar e criar um pretexto para atacar a Síria e o Irão se estes fizessem o menor esforço em favor dos libaneses. Em segundo lugar, Washington viu na invasão israelense uma maneira de distrair a horrorizada opinião pública mundial da genocida ocupação estadunidense do Iraque. Em terceiro lugar, o governo Bush tratava de assegurar a contínua e poderosa influência mediática do lobby judeu em apoio da ocupação estadunidense do Iraque num momento em que a maioria dos cidadãos estadunidenses são cada vez mais hostis à mesma. Finalmente, ao fornecer a Israel armas de destruição em massa, como as bombas de cinco toneladas, os republicanos e democratas procuravam assegurar fundos para suas campanhas [eleitorais] procedentes dos milionários e multimilionários judeus.Para Israel, o ataque militar tinha o objectivo de destruir todo o Líbano, convertê-lo num vasto terreno baldio, com a ideia de que por meio da limpeza étnica dos civis libaneses do sul do Líbano tornar-se-ia mais fácil declarar o país uma zona de 'fogo livre' – para ser bombardeada à vontade e para matar qualquer simpatizante do Hesbola, activista, trabalhador social, médico e combatente. A estratégia era "esvaziar o tanque (o sul do Líbano) para pescar o peixe (o Hesbola)'. Note-se que o Hezbola é um movimento social e político de massas que tem bases constituídas por um milhão de libaneses. No processo, Israel procura criar um regime cliente no Líbano e cortar a ajuda moral e material que o Hezbola dá ao governo democraticamente eleito do Hamas, na Palestina.Os raciocínios de Israel e dos Estados Unidos fracassaram no decorrer dos acontecimentos. Os terroríficos bombardeamentos maciços feitos por Israel minaram o regime pro-estadunidense de Beirute e fizeram com a grande maioria da população libanesa se voltasse a favor do Hezbola. Na total omissão do governo libanês, foi o Hezbola que se apressou a levar os feridos aos hospitais, forneceu alimentos, comboios de evacuação e um mínimo de alívio a todos os libaneses sem levar em conta sua filiação. As advertências de Washington aos israelenses para que respeitassem os civis (libaneses) e as infraestruturas civis foram ignoradas descaradamente pelo Estado judeu desde o princípio, perfeitamente conscientes de que o lobby judeu nos Estados Unidos asseguraria a cumplicidade de Washington no assassínio maciço e na destruição do seu próprio regime cliente.
Nunca foi posto em dúvida que se a Casa Branca fosse confrontada entre a opção de defender um regime conservador e recém instalado no Líbano e a guerra total de Israel apoiaria sem dúvida o lobby e Tel Aviv.Se os Estados Unidos calcularam mal a 'intervenção de precisão' de Israel, o Estado judeu sobrestimou sua capacidade de submeter o Hezbola a base de bombardeamentos. O regime israelense empreendeu uma guerra por terra, o que é extremamente custoso na zona montanhosas do sul do Líbano. Pela primeira vez baixas militares israelenses em grande escala, que continuaram a crescer; os mortos não foram unicamente as famílias libanesas inocentes e desarmadas assassinadas pelos aviões e helicópteros israelenses. A acção do Hezbola ao atacar e capturar dois soldados israelenses foi no sentido de ajudar humanitariamente os palestinos assediados de Gaza que sofriam as pancadas da invasão israelense e assassínios diários. Nem a Síria nem o Irão tiveram qualquer influência na decisão de Hezbola de afrouxar a pressão israelense sobre os palestinos. Segundo vários peritos iranianos, "o Irão adoptou uma postura pragmática na sua política externa e não quer nenhuma confrontação séria com Israel" ( Financial Times, 18/Julho/2006, p. 3). Outro perito argumentava que "o Irão não procurava uma crise no Líbano num momento crítico da diplomacia nuclear", (FT ibid). Um perito do Hesbola assinalou que "era inconcebível que o Irão houvesse ordenado ao Hezbola tomar soldados israelenses como prisioneiros. Os dirigentes do Hezbola não são do tipo dos que aceitam ordens de outros" (FT, ibid=. Além disso, Israel tinha muitos prisioneiros políticos libaneses, alguns desde há mais de uma década, e o Hezbola procurava conseguir um intercâmbio de prisioneiros, assim como libertar território libanês que ainda está sob ocupação israelense.Ao atacar o Líbano e ter o Hezbola como objectivo, Israel tentava isolar mais o governo palestino e continuar a sua política de bombardear o seu povo até o seu êxodo 'voluntário'. Durante as duas primeiras semanas dos bombardeamentos sobre o Líbano, Israel continuou com sua campanha de bombardeamentos e de assassínios em Gaza e na Cisjordânia, e matou e feriu dezenas de civis, crianças e combatentes da resistência. De maneira perversa, ao aumentar o número de mortos (cerca de 500), a destruição (estimada em dois mil milhões de dólares) e o êxodo forçado de pelo menos 750 mil civis no Líbano, Israel distraiu a atenção dos meios de comunicação filo-israelenses das dezenas de palestinos assassinados e feridos diariamente. A cobertura dos media em relação ao genocídio israelense no Líbano é do pior: as televisões (CBS, NBC, ABC, CNN), a Rádio Pública Nacional e a imprensa respeitável não só repetem a propaganda israelense acerca de 'mísseis de precisão... que destroem os bunkers do Hezbola" como centram-se no punhado de mortos e feridos israelenses em contraposição aos milhares de libaneses mortos e feridos, e o milhão deles que fica sem lar, sem electricidade ou água, e estão submetidos a bombas de cinco toneladas que procuram 'bunkers' mas alvejam edifícios de habitação de vários pisos. Segundo afirmou Jan Egeland, membro das Nações Unidos, após uma inspecção no terreno, "pelo menos um terço das vítimas libanesas são crianças". Menos de um de cada dez são combatentes do Hezbola. Ao ter que confrontar-se com os bombardeamentos maciços sobre civis, a secretária de Estado estadunidense, Rice, referiu-se aos mesmos como 'as dores do parto' de uma nova ordem, tal como o seu antecessor no Terceiro Reich justificou o bombardeamento de Londres durante a Segunda Guerra Mundial.Em 24 de Julho de 2006 o Daily Alert, o boletim de notícias dos presidentes das principais organizações judias estadunidenses, publicou e reeditou artigos escritos por defensores da sangrenta invasão de Israel. Nem uma só crítica da fuga de pelo menos 750 mil refugiados, nem uma palavra acerca da destruição de casas, nem sequer uma menção de passagem à morte de mais de cem crianças. Citações do presidente Bush a opor-se ao cessar fogo, do ultra-direitista e 'arqui-defensor de Israel' Bolton (embaixador estadunidense perante as Nações Unidas) a defender o bombardeamento terrorista de Israel agumentando que a destruição do país é menos transcendente que uns poucos mísseis caídos em Israel, com mortos mas sem efeitos nas infraestruturas... Os artigos de opinião do Washington Post, Los Angeles Times, Wall Street Journal e New Republic apoiam o banho de sangue de Israel. Os editoriais do Washington Post, Wall Street Journal e Miami Herald seguem religiosamente a postura do lobby.Toda a maciça maquinaria de propaganda judia e pro-Israel encheou o media estadunidenses com mensagens de apoio incondicional ao assassino israelense, com a negação do sofrimento libanês e a justificação da destruição sem sentido apresentados como um acto de defesa heroica ... da parte dos 'cães raivosos' (Moshe Dayan) de Israel. Faz-se caso omisso das vozes dos americanos horrorizados pelas atrocidades israelenses ou que, simplesmente, sentem simpatia pelas suas vítimas ou, pior, são atacados ou ridicularizados (a veterana octogenária correspondente da Casa Branca, Helen Thomas, de origem libanesa, foi qualificada burlonamente como 'a voz do Hezbola' pelo secretário de imprensa do presidente Bush, Tony Snow). O movimento pacifista estadunidense, no qual seus judeus progressistas proibem exprimir indignação para com Israel e, muito menos, para com o lobby, está moribundo. Mais uma vez, Israel sai impune do crime: sua correia de transmissão política no outro lado do oceano domina os meios de comunicação. O Congresso estadunidense prostra-se de joelhos perante os diktats do lobby. Todo o pessoal da Casa Branca actua como mensageiros do ministério israelense das Relações Exteriores: "Precisa de mais duas semanas para novos bombardeamentos? Oh, não se preocupe, não haverá tempo limite...! Sim, senhor, orientaremos a opinião pública estadunidense, europeia e mundial. Dir-lhe-emos que não haverá 'cessar fogo!" "Destruir todo um país em represália por dois prisioneiros israelenses... acreditamos que Israel tem o direito de defender-se". A submissão e cumplicidade dos Estados com o etnocídio de Gaza e agora com a destruição do Líbano sem um debate interno no Congresso, nos media ou sequer nos chamados 'movimentos pacifistas' mostra muito claramente a força do poder israelense dentro dos Estados Unidos e o enorme e contínuo dano que faz a nossas liberdades democráticas básicas. Estar contra o terrorismo totalitário e a cumplicidade dos Estados Unidos deveria ser um reflexo comum de decência. Hoje, sob o persuasivo domínio do lobby, é um acto de valentia, ainda chegue a apenas umas poucas dezenas de milhares através dos media alternativos. A ideia de Israel de um 'cessar fogo', repetida como papagaio pelo lobby israelense e regurgitada aos dirigentes libaneses pela secretária de Estado Condoleeza Rice, é, em primeiro lugar, para permitir Israel continuar com o bombardeamento maciço do Líbano graças às recém enviadas bombas estadunidenses de cinco toneladas, recusando assim a petição do primeiro-ministro libanês de um cesso fogo imediato ( FT, 25/Julho/2006). Depois de Israel ter devastado completamente o país, Washington proporá uma 'força internacional' (escolhida por Israel) junto ao exército libanês para ocupar o sul do Líbano (actualmente sob ocupação israelense com o remanescente de uma bateria desarmada de soldados das Nações Unidas destinada a manter a paz). Então supõe-se que a 'força internacional' procederá ao desarmamento total e à deslocação pela força de todos os combatentes do Hezbola e do meio milhão de pessoas que o apoiam no sul do Líbano. Nesse momento Israel poderia considerar um cessar fogo. Pelo que se vê, a doença dos cães raivosos de Israel é contagiosa e afectou o pouco de matéria cinzenta que resta na Casa Branca. Segundo o New York Times, não há compromisso para a proposta de 'força internacional': "os Estados Unidos puseram de lado a participação dos seus soldados, a NATO diz que os seus recursos não dão para mais, os britânicos sentem que o seu exército já está excessivamente comprometido e os alemães afirmam que desejaria participar só no caso de o Hezbola estar de acordo" (NYTimes, 24/Julho/2006). Em segundo lugar, a partir da política israelense de terra queimada, e da firme resistência do Hezbola, poucos, se é que algum, soldados libaneses tomarão as armas para por em prática as condições de Israel, uma vez que até os dirigentes conservadores libaneses recusam uma ocupação estrangeira. Em terceiro lugar, o mais importante, o Hezbola está preparado e é capaz de empreender uma longa guerra de guerrilha popular de resistência, que Israel nunca teve de enfrentar anteriormente, com capacidade de organização, capacidade moral e capacidade militar. Segundo o analista do Jane's Defense Weekly, Nicholar Blandford, "os membros do Hezbola são combatentes veteranos dos anos noventa, bem armados e bem motivados. É a velha estratégia de guerrilha de Mato Tsetung de retirar quando o inimigo avança e avançar quando o inimigo recua". Segundo outro perito em Hezbola: "Operam em pequenas células isoladas. Uma célula não sabe o que a outra está a fazer... Esta estrutura descentralizada faz parte da potência militar do grupo", (Saad-Ghoreyeb, citado na Aljazeera, 25/Julho/2006). A força militar do Hezbola, composta por até 7500 combatentes, tem estado a preparar túneis no sul do Líbano, tal como os vietnamitas, e reuniu um arsenal moderno bem apetrechado. Ao contrário dos anteriores exércitos árabes, que estavam muito infiltrados e lutaram em 'guerra fixas' sob comandos muitos centralizados, o Hezbola trabalha em grupos pequenos e descentralizados que se movem rapidamente e que tomaram medidas efectivas contra a tropa israelense. O Hezbola está à espera de uma invasão terrestre em grande escala para travar uma guerra de guerrilhas nas montanhas e no seu terreno. Segundo o secretário geral do Hezbola, o general Hassan Nasrallah, "quando os israelenses entrarem nós o faremos pagar caro em tanques, oficiais e soldados", (Al Jazeera, 25/Julho/2006). É evidente que Israel não vai ganhar uma 'guerra de sete dias'. Inclusive nos primeiros dez dias, Alon Ben-David, correspondente do Janes Defense Weekly, escreveu que o exército israelense sofreu um número de vítimas "considerável" no seu avanço em direcção ao norte do Líbano.EpilogoGraças ao poder do lobby judeu-americano e à influência dos seus filiados internacionais, o governo estadunidense conseguiu na reunião das potências mundiais, em Roma a 16 de Julho de 2006, o acordo para dar rédea solta aos 'cães raivosos' de Israel a fim de continuar suas políticas genocidas no Líbano e em Gaza, uma decisão aplaudida pelo porta-voz dos presidentes das principais organizações judias [dos EUA] ( Daily Alert, 27/Julho/2006). Dados os árduos esforços do lobby para reprimir os dissidentes do genocídio, é especialmente importante o facto de que a votação de Roma tivesse lugar menos de 24 horas depois de Israel ter assassinado deliberadamente quatro observadores das Nações Unidas ao atacar directamente sua sede e depois de haver recebido mais de uma dezena de desesperadas chamadas telefónicas dos assediados observadores antes, durante e depois do ataque israelense efectuado com mísseis e tanques (BBC, 25/Julho/2006). Nem sequer o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annam, pode aceitar a justificação israelense de que fora um erro. Suas declarações de que os israelenses atacaram deliberadamente os observadores das Nações Unidas no seu posto avançado claramente sinalizado provocaram ataques de indignação em Israel e entre os seus defensores nos Estados Unidos. Não é necessário dizer que o lobby judeu nos Estados Unidos apoiou automaticamente a carnificina dos observadores das Nações Unidas e publicou a exigência do embaixador israelense nos EUA de que o secretário geral da ONU 'pedisse desculpas' pelas suas acusações 'infundadas', ( Daily Alert, 27/Julho/2006). Enquanto isso, a imprensa respeitável, encabeçada pelo ultra-sionista Washington Post, continuou a proporcionar aos defensores do genocídio israelense no Líbano espaço para notícias e editoriais. David Rivski Jr. e Lee A. Casey argumentaram que os maciços bombardeamentos terroristas sobre o Libano (e, com a mesma lógica, sobre Gaza) estão "dentro do direito (de Israel)" e apresentaram os mais arrezados argumentos pseudo-legais que teriam feito Goebbels corar ( Washington Post, 25/Julho/2006). Nem é preciso dizer que ambos os autores desempenharam cargos no departamento de Justiça de Reagan; ao que parece, iniciaram suas carreiras a fazer versões assépticas dos campos da morte da América Central.Os crimes de Israel e a impunidade que lhes foi concedida no 'Encontro de Roma' é encarada como uma licença para cometer cada um dos crimes atrozes proibidos pela Carta das Nações Unidas na rubrica dos "Crimes contra a humanidade". O jornal britânico The Guardian informou a 25 de Julho de 2006: "Os faróis dianteiros da ambulância estavam acesos, a luz azul em cima do tecto estava a cintilar e outra luz iluminava a cruz vermelha quando caiu o primeiro míssil israelense e destroçou a perna direita do homem que seguia na maca. Enquanto jazia a gritar meio ao fogo e ao fome, os pacientes e os trabalhadores da ambulância tentaram proteger-se rapidamente, arrastando-se para a obscuridade. Caiu então outro míssil sobre a segunda ambulância", ( The Guardian, 25/Julho/2006). Enquanto a atenção do mundo voltava-se para o genocídio no Líbano, a maquinaria militar israelense continuava a massacrar crianças e civis palestinos... A agência Reuters (27/Julho/2006) informou que 19 palestinos, mais da metade deles civis, incluindo três crianças com menos de quatro anos, foram assassinados e 60 pessoas ficaram feridas. O número de palestinos mortos e feridos no ataque já com um mês de duração feito pelo Estado judeu ascende a mais de mil.Os dirigentes pacifistas israelenses uniram-se à festa da guerra, tal como a maioria dos seus seguidores. Um inquérito publicado pelo diário israelense Maariv mostra que 82% apoia a ofensiva contínua e 95% afirma que a acção de Israel é justificada (BBC, 27/Julho/2006). Uma vez que Israel geralmente é considerado como uma democracia limitada aos seus cidadãos judeus, podemos afirmar com segurança que a esmagadora maioria dos judeus israelenses são cúmplices voluntários dos crimes israelenses contra a humanidade (Será que Goldhagen alguma vez verificou o consenso dos alemães a favor da limpeza étnica dos nazis?). Da mesma forma, a grande maioria das organizações sionistas e seus activistas nos Estados Unidos e na Europa são extremadamente activos a fim de assegurar o apoio dos EUA ao genocídio israelense. O horror e as vozes ocultas de dissidência de muito cidadãos estadunidenses são sufocados pelo domínio autoritário do monopólio dos media por parte do lobby judeu. É como se a invasão do Iraque promovida pelo lobby judeu fosse um simulacro do apoio à invasão israelense do Médio Oriente, cujo objectivo é provocar guerra mais importantes contra o Irão e a Síria. Isto é uma perspectiva promovida activamente pela maioria dos ideólogos neoconservadores judeus, como William Kristol, do Daily Standard.
James Petras
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