O bloqueio israelense contra o Líbano prossegue e os navios de guerra, que haviam bombardeado os subúrbios do sul de Beirute assim como todo o litoral libanês, prosseguem hoje sua acção: eles impedem os barcos que trazem víveres e petróleo de chegar aos portos libaneses, enquanto a Mosaad recebe os manifestos contendo os nome dos passageiros que deixam Beirute ou que aqui desembarcam, através do aeroporto jordaniano de Amman. A apesar de o secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, ter dado uma "boa pontuação" ao governo libanês pela sua aplicação meticulosa das cláusulas que o concernem na resolução 1701, das quais, em particular, a instalação do exército libanês em todas as fronteiras, do sul ao norte, a administração de Georges Bush e os israelenses recusam sempre o levantamento do bloqueio sob diferentes pretextos. Assim, e enquanto Annan via-se repelido por Ehoud Olmert, que lhe recomendou ocupar-se antes da aplicação da resolução 1559, o embaixador dos Estados Unidos em Beirute, Jeffry Fieltman, especificou-nos, numa nova declaração datada de ontem [31/Agosto] à noite, que o levantamento do bloqueio estava ligado muito estreitamente à aplicação pelo Líbano do parágrafo 14 de resolução 1701 que "pede ao governo libanês que imponha a segurança sobre suas fronteiras e sobre outras questões, a fim de tornar impossível toda entrega de armas" ao Hezbollah, naturalmente, e isto com a ajuda das forças internacionais que "devem ajudar o governo" a selar suas fronteiras a Leste ao Norte (porque as ingerências ao Sul e a Oeste são invisíveis???) Jeffry Fieltman traduziu assim os objectivos visados pelo seu país e seus amigos israelenses: se o governo libanês, por uma razão ou outra for incapaz de apelar claramente à FINUL em relação à Síria (que é o que querem certos líderes pertencentes ao grupo Hariri-Geagea-Joumblat), o prosseguimento do bloqueio terá como resultado "amolecer" os recalcitrantes e legalizar e legalizar, em consequência, a ingerência das forças internacionais nos assuntos internos libaneses. O que terá como resultado directo a aplicação, sem obstáculos, das cláusulas da resolução 1559 referente às armas do Hezbollah e dos palestinos e assegurará ao mesmo tempo a "tomada" de Baabda no mais breve prazo. A finalidade: a eleição de um novo presidente da República pró-americano, antes que a maioria real no país faça cair o governo e não realize seu plano de convocar eleições legislativas antecipadas. A corrida contra o relógio, portanto, já começou para a administração Bush. Esta, após o fracasso abrasador da guerra israelense contra o Líbano e do envio do "nascimento do novo Médio Oriente" para as calendas gregas, desejaria pelo menos marcar um ponto no seu activo e naquele dos seus amigos israelenses antes da abertura da campanha presidencial nos Estados Unidos em Novembro próximo. E se os libaneses compreendem a pressa de Bush e da sua equipa, nem sempre compreendem, contudo, a posição da França e da Itália, os dois responsáveis pela boa aplicação da resolução 1701 em todo o seu conteúdo — e, em primeiro lugar, pela cessação das operações militares israelenses de toda espécie contra o Líbano e o seu povo. E o bloqueio é uma delas, ainda mais importante do que as violações quotidianas cometidas pelos bombardeiros israelenses ... made in USA.
Marie Nassif-Debshttp://resistir.info/
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