O Comité dos Engenheiros do Partido Comunista Libanês efectuou em 30 de Agosto uma conferência de imprensa sobre "O Impacto da agressão israelense na agricultura e as medidas a tomar", com a presença dos representantes do Ministério da Agricultura do Líbano, da Ordem dos Engenheiros e dos responsáveis pelo Rio Litani. O engenheiro agrónomo Fakhr Dakroub, ex-perito do "Plano Verde", apresentou um estudo baseado nos relatórios feitos por vários engenheiros agrónomos após uma investigação no terreno. Apresentamos aqui uma vista exaustiva deste estudo feita sob o título: "Primeira avaliação das perdas causadas pela agressão israelense contra o Líbano / 12 de Julho - 14 de Agosto de 2006". As perdas devidas à agressão conduzida por Israel contra a agricultura no Líbano são enormes e catastróficas, tanto no plano da agricultura como no plano da produção animal (ovinos, bovinos, aves e produtos leiteiros). Elas ultrapassaram de longe aquelas provocadas pela agressão de 1982 e resultaram numa regressão, quantitativa e qualitativa, da produção que podemos resumir como se segue:
I. As perdas directas O período no qual a agressão teve lugar é de produção máxima no plano agrícola. Eis porque as perdas verificaram-se sobretudo nos campos cultivados, que os agricultores ficaram impossibilitados de encaminhar aos mercados. Por outro lado, os produtos colhidos deterioraram-se, seja porque as câmaras frigoríficas foram bombardeadas seja devido aos cortes de corrente ou, ainda, porque as estradas e as pontes destruídas não permitiram o encaminhamento dos géneros nem para os mercados internos vem para o exterior. Podemos apresentar uma avaliação, quase final, das perdas directas neste sector muito importante para a maioria dos libaneses: 1. As árvores frutíferas:
Toda a produção de bananas neste ano e no ano seguinte deteriorou-se numa superfície de mais de 3000 hectares. A causa foram os bombardeamentos das canalizações de água (particulares e publicas) em Kasmieh-Ras al Aïn.
As laranjas tipo "Valência" sofreram perdas de 30 mil toneladas e os limões uma perda de 20 mil toneladas.
As batatas no sector montanhoso, cuja recolha começa no começo de Setembro, sofreram perdas essenciais porque as operações agrícolas que deviam ser feitas no mês de Julho, sobretudo a irrigação, eram impossíveis. Isto vai influenciar a qualidade, assim como a quantidade, da produção e, em consequência, as possibilidades de exportar este género essencial.
A viticultura cultivada nas regiões das planícies, cuja recolha geralmente começa no fim de Julho - princípio de Agosto, está totalmente deteriorada (cerca de 3000 toneladas). Quanto à viticultura tardia, ela sofreu grandes danos, sobretudo nas regiões da Békaa do Centro e do Oeste.
A catástrofe mais drástica afectou as pêras, os pêssegos e as ameixas que os agricultores não puderam colher, sobretudo após o massacre da aldeia d0Al-Qaa, na Békaa Norte. As perdas neste sector elevam-se a mais de 8000 toneladas para as peras (e outro tanto para as ameixas) e 16 mil toneladas para os pêssegos. 2. As tuberosas (batatas, alho, cebola): A batata estava prestes a ser recolhida na Békaa. O atraso, devido aos raidas da aviação israelense, pôs fim a mais de 95 mil toneladas. Da mesma forma, a produção das cebolas foi destruída pela metade. 3. As culturas industrializadas: A beterraba, e sobretudo o tabaco, sofreram perdas pesadas, sobretudo nas regiões bombardeadas da Békaa, de Nabatieh e do Sul (umas 15 mil toneladas de folhas de tabaco). 4. As flores e as plantas de interior: Quase toda a colheita está prejudicada. 5. As culturas em estufas: Os desgastes foram directos (bombardeamentos) e indirectos (cortes de água e impossibilidade de fazer os serviços necessários à manutenção). 6. As cocurbitáceas: Mais de 800 hectares de melancias, 200 hectares de melões e 500 hectares de pepinos e tomates foram destruídos. 7. As gramíneas e os legumes: Foram inteiramente destruídas, sobretudo no Sul (mais de 30 mil hectares). II. As perdas indirectas Elas têm várias causas e podem estender-se durante dois ou mais anos:
A ausência de luta contra os micróbios e a deterioração de uma certa parte das culturas no interior do próprio solo.
A impossibilidade de proceder à fertilização ou ainda à eliminação de ervas daninhas e ao cultivo do solo.
A ausência da irrigação, sobretudo nos campos de bananeiras e nas estufas, e a destruição dos canais de irrigação.
O envenenamento do solo pelas bombas de fósforo e pelas bombas contendo produtos químicos, e fala-se mesmo de urânio.
O encerramento das fábricas de produtos alimentares, seja devido aos bombardeamentos ou à partida de uma parte da mão-de-obra.
A destruição das câmaras frigoríficas pelos aviões israelenses.
A destruição das bombas de água, dos poços artesianos, dos milhares de tractores e camiões. Estas perdas não podem ser realmente contabilizadas senão dentro de uma ou duas semanas. III. As perdas do sector de produção animal
Mais de 6000 cabeças de bovinos pereceram nas regiões de Nabatieh, do Sul e da Békaa do Centro (avaliadas em cerca de 10 milhões de dólares).
Mais de 15 milhões de perdas no sector das aves (destruição das quintas, morte das aves, perdas de produtos e de máquinas).
No sector da pesca, conta-se a perda de mais de 650 barcos, 6000 filetes. Sem esquecer a poluição, devido ao bombardeamento dos reservatórios de fuel oil da central termoeléctrica de Jieh que fez com que o seu conteúdo vertesse para o mar, ou a destruição das instalações piscícolas (trutas e outros peixes de água doce) na ribeira de Oronte, no norte do país. IV. Os canais de irrigação da bacia do Rio Litani e dos outros rios Todo o projecto de irrigação de Kasmieh foi destruído, assim como aquele de Qarawn, na Békaa Oeste, e as bombas destas duas instalações. A estimativa das perdas eleva-se a 23 milhões de dólares. V. As perdas As primeiras estimativas daquilo que foi recenseado até o momento pelos engenheiros do PCL dão os seguintes resultados (que também comparámos com aqueles obtidos pelo Ministério da Agricultura e pela "Federação dos Agricultores de Citrinos e de Árvores Frutíferas do Sul do Líbano"):
Quanto às perdas indirectas: Elas são avaliadas em cerca de 150 milhões de dólares, que aumentam a cada dia devido ao bloqueio imposto ao Líbano pelos israelenses. VI. As medidas a tomar 1. Criar uma caixa para proteger a produção agrícola das consequências das catástrofes naturais e das guerras. O PCL havia, há mais de 40 anos, incluído esta medida no seu programa agrícola, após o terceiro congresso. 2. Implementar uma mudança temporária no calendário agrícola com os países árabes. Finalidade: proteger a produção agrícola libanesa, por um lado, e, por outro, pedir a certos países árabes (Arábia Saudita e os países do Golfo arábico, a Síria e a Jordânia) que facilitem a entrada dos produtos libaneses como uma das formas de ajuda e de assistência ao Líbano. 3. Pedir aos bancos e às sociedades agrícolas que atrasem por pelo menos um ano, e sem a exigência de qualquer juro, as dívidas dos agricultores 4. Compensar os agricultores, em espécie e em natureza, conforme os domínios e na base de factures reais, a fim de dar a cada um aquilo que lhe compete. 5. Por em suspenso as cláusulas referentes ao acordo agrícola árabe, ao partenariato com a Europa e os acordos internacionais. 6. Preparar uma conferência visando salvar o sector agrícola libanês, mas também para lhe dar um novo impulso, sob o patrocínio do Estado e com a participação de todos os intervenientes. 7. Abrir a Segurança Social aos agricultores e criar uma empresa visando garanti-los contra as catástrofes naturais e os perigos militares. 8. Criar mercados em todos os lugares principais dos cantões e das regiões.
Fakhr Dakroub
http://resistir.info/
I. As perdas directas O período no qual a agressão teve lugar é de produção máxima no plano agrícola. Eis porque as perdas verificaram-se sobretudo nos campos cultivados, que os agricultores ficaram impossibilitados de encaminhar aos mercados. Por outro lado, os produtos colhidos deterioraram-se, seja porque as câmaras frigoríficas foram bombardeadas seja devido aos cortes de corrente ou, ainda, porque as estradas e as pontes destruídas não permitiram o encaminhamento dos géneros nem para os mercados internos vem para o exterior. Podemos apresentar uma avaliação, quase final, das perdas directas neste sector muito importante para a maioria dos libaneses: 1. As árvores frutíferas:
Toda a produção de bananas neste ano e no ano seguinte deteriorou-se numa superfície de mais de 3000 hectares. A causa foram os bombardeamentos das canalizações de água (particulares e publicas) em Kasmieh-Ras al Aïn.
As laranjas tipo "Valência" sofreram perdas de 30 mil toneladas e os limões uma perda de 20 mil toneladas.
As batatas no sector montanhoso, cuja recolha começa no começo de Setembro, sofreram perdas essenciais porque as operações agrícolas que deviam ser feitas no mês de Julho, sobretudo a irrigação, eram impossíveis. Isto vai influenciar a qualidade, assim como a quantidade, da produção e, em consequência, as possibilidades de exportar este género essencial.
A viticultura cultivada nas regiões das planícies, cuja recolha geralmente começa no fim de Julho - princípio de Agosto, está totalmente deteriorada (cerca de 3000 toneladas). Quanto à viticultura tardia, ela sofreu grandes danos, sobretudo nas regiões da Békaa do Centro e do Oeste.
A catástrofe mais drástica afectou as pêras, os pêssegos e as ameixas que os agricultores não puderam colher, sobretudo após o massacre da aldeia d0Al-Qaa, na Békaa Norte. As perdas neste sector elevam-se a mais de 8000 toneladas para as peras (e outro tanto para as ameixas) e 16 mil toneladas para os pêssegos. 2. As tuberosas (batatas, alho, cebola): A batata estava prestes a ser recolhida na Békaa. O atraso, devido aos raidas da aviação israelense, pôs fim a mais de 95 mil toneladas. Da mesma forma, a produção das cebolas foi destruída pela metade. 3. As culturas industrializadas: A beterraba, e sobretudo o tabaco, sofreram perdas pesadas, sobretudo nas regiões bombardeadas da Békaa, de Nabatieh e do Sul (umas 15 mil toneladas de folhas de tabaco). 4. As flores e as plantas de interior: Quase toda a colheita está prejudicada. 5. As culturas em estufas: Os desgastes foram directos (bombardeamentos) e indirectos (cortes de água e impossibilidade de fazer os serviços necessários à manutenção). 6. As cocurbitáceas: Mais de 800 hectares de melancias, 200 hectares de melões e 500 hectares de pepinos e tomates foram destruídos. 7. As gramíneas e os legumes: Foram inteiramente destruídas, sobretudo no Sul (mais de 30 mil hectares). II. As perdas indirectas Elas têm várias causas e podem estender-se durante dois ou mais anos:
A ausência de luta contra os micróbios e a deterioração de uma certa parte das culturas no interior do próprio solo.
A impossibilidade de proceder à fertilização ou ainda à eliminação de ervas daninhas e ao cultivo do solo.
A ausência da irrigação, sobretudo nos campos de bananeiras e nas estufas, e a destruição dos canais de irrigação.
O envenenamento do solo pelas bombas de fósforo e pelas bombas contendo produtos químicos, e fala-se mesmo de urânio.
O encerramento das fábricas de produtos alimentares, seja devido aos bombardeamentos ou à partida de uma parte da mão-de-obra.
A destruição das câmaras frigoríficas pelos aviões israelenses.
A destruição das bombas de água, dos poços artesianos, dos milhares de tractores e camiões. Estas perdas não podem ser realmente contabilizadas senão dentro de uma ou duas semanas. III. As perdas do sector de produção animal
Mais de 6000 cabeças de bovinos pereceram nas regiões de Nabatieh, do Sul e da Békaa do Centro (avaliadas em cerca de 10 milhões de dólares).
Mais de 15 milhões de perdas no sector das aves (destruição das quintas, morte das aves, perdas de produtos e de máquinas).
No sector da pesca, conta-se a perda de mais de 650 barcos, 6000 filetes. Sem esquecer a poluição, devido ao bombardeamento dos reservatórios de fuel oil da central termoeléctrica de Jieh que fez com que o seu conteúdo vertesse para o mar, ou a destruição das instalações piscícolas (trutas e outros peixes de água doce) na ribeira de Oronte, no norte do país. IV. Os canais de irrigação da bacia do Rio Litani e dos outros rios Todo o projecto de irrigação de Kasmieh foi destruído, assim como aquele de Qarawn, na Békaa Oeste, e as bombas destas duas instalações. A estimativa das perdas eleva-se a 23 milhões de dólares. V. As perdas As primeiras estimativas daquilo que foi recenseado até o momento pelos engenheiros do PCL dão os seguintes resultados (que também comparámos com aqueles obtidos pelo Ministério da Agricultura e pela "Federação dos Agricultores de Citrinos e de Árvores Frutíferas do Sul do Líbano"):
Quanto às perdas indirectas: Elas são avaliadas em cerca de 150 milhões de dólares, que aumentam a cada dia devido ao bloqueio imposto ao Líbano pelos israelenses. VI. As medidas a tomar 1. Criar uma caixa para proteger a produção agrícola das consequências das catástrofes naturais e das guerras. O PCL havia, há mais de 40 anos, incluído esta medida no seu programa agrícola, após o terceiro congresso. 2. Implementar uma mudança temporária no calendário agrícola com os países árabes. Finalidade: proteger a produção agrícola libanesa, por um lado, e, por outro, pedir a certos países árabes (Arábia Saudita e os países do Golfo arábico, a Síria e a Jordânia) que facilitem a entrada dos produtos libaneses como uma das formas de ajuda e de assistência ao Líbano. 3. Pedir aos bancos e às sociedades agrícolas que atrasem por pelo menos um ano, e sem a exigência de qualquer juro, as dívidas dos agricultores 4. Compensar os agricultores, em espécie e em natureza, conforme os domínios e na base de factures reais, a fim de dar a cada um aquilo que lhe compete. 5. Por em suspenso as cláusulas referentes ao acordo agrícola árabe, ao partenariato com a Europa e os acordos internacionais. 6. Preparar uma conferência visando salvar o sector agrícola libanês, mas também para lhe dar um novo impulso, sob o patrocínio do Estado e com a participação de todos os intervenientes. 7. Abrir a Segurança Social aos agricultores e criar uma empresa visando garanti-los contra as catástrofes naturais e os perigos militares. 8. Criar mercados em todos os lugares principais dos cantões e das regiões.
Fakhr Dakroub
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