quinta-feira, janeiro 18, 2007

Exposição de arte na Tate Britain recria os protestos contra Blair e a guerra no Iraque

O prestigiado museu Tate Britain em Londres tornou-se esta semana no mais recente cenário às críticas e contestação da política do governo Blair, nomeadamente a intervenção e a ocupação militar do Iraque pelas tropas britânicas, graças a uma exposição acabada de estrear do artista londrino Mark Wallinger e intitulada State Britain (O Estado da Grã-Bretanha).
No grande corredor central da galeria do museu Mark Wallinger recria com cartazes, fotografias e slogans a campanha pública a favor da paz protagonizada pelo pacifista Brian Haw em frente do Parlamento inglês ao longo de largos meses e que foi destruída pelas forças policiais um acto que foi qualificado de atentatórias das liberdades públicas. Caricaturas políticas de Blair e Bush, cartazes com mensagens de denúncia contra a guerra do Iraque, bandeiras de paz, slogans religiosos, bonecos, fotos e recortes de imprensa constituem o material de que é feita a instalação que pretende ser uma reprodução exacta do protesto de Brian Haw em Westminster.
Recorde-se que este último, um típico inglês originário do interior rural do país, instalou-se na parte central da praça de Westminter em Junho de 2001 como protesto contra as sanções impostas ao Iraque e o seu «acampamento» da paz (que se estendeu por 40 metros) foi enchendo-se ao longo de meses com fotografias de crianças mutiladas, de estendais de roupa sangrenta, e até de ursos de peluche de crianças mortas em resultado da guerra. Nos cartazes aí colocados pedia-se simplesmente a paz e acusava-se directamente o primeiro-ministro inglês de mentir e de matar. Acontece que na noite de 23 de Maio de 2006, 78 agentes da polícia inglesa tomaram de assalto o acampamento da paz e destruíram grande parte dos símbolos de protesto contra a guerra, tendo as autoridades policiais chegado ao extremo de invocar uma lei contra o crime organizado aprovada em 2005 que criminaliza a organização e a participação em manifestações nas imediações do Parlamento de Werstminster sem prévio consentimento do chefe da Scotland Yard. Não obstante estas medidas, o activista anti-guerra manteve-se no local mas com a sua acção drasticamente restringida.
Na galeria Duveen, no corredor central da Tate Britain, Mark Wallinger recria numa reprodução fiel todo o acampamento de Haw com a parafernália de símbolos que o pacifista utilizou ao longo dos largos meses que se tem mantido em frente a Westminster.«Trata-se de uma mensagem política muito clara», declarou o autor da instalação, Mark Wallinger, de 47 anos, e que foi um dos participantes das exposições do coleccionista Charles Saatchi, que divulgaram as obras dos chamados Jovens Artistas Britânicos na década de 90. Sempre interessado por assuntos da actualidade, o artista define a sua arte como «a representação da política e a política da representação».A exposição State Britain estará patente na Tate Britain até o próximo 27 de Agosto e segundo Clarrie Wallis, a comissária da instação, «chama a atenção para a liberdade de expressão, sobre a erosãp das liberdades civis, e solicita a acção dovisitante».Por sua vez, Anthony Reynolds, director da galeria que representa Wallinger, reconhece que se trata de «uma peça muita política,mas fundamental pois permite observar algo que todos conhecemos de uma forma diferente, intensa e concentrada.» .A crítica de arte do jornal Guardin, Maev Kennedy, qualifica a instalação como «the most extraordinary work of arte ver installed in the gallery».
consultar http://blogs.guardian.co.uk/art/2007/01/wallinger.html
http://pimentanegra.blogspot.com/

Sem comentários: