segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Serial Killer em nome de Deus

Um fanático islâmico assassinou a ministra da Segurança Social do Punjab, Zilla Huma Usman, quando esta se preparava para discursar – sem o tradicional véu islâmico– num encontro político em Gujranwala, a norte da capital da província, Lahore.

A ministra paquistanesa de 36 anos, uma defensora dos direitos da mulher que já tinha incorrido na fúria dos fundamentalistas islâmicos por ter organizado uma maratona em que as mulheres podiam participar, morreu a caminho do hospital depois de ter sido alvejada na cara por um alucinado fundamentalista.

O assassino, Mohammad Sarwar, que gritou: «Porque não tens a indumentária islâmica?» antes de a alvejar, foi imediatamente detido pela polícia..

O dito fanático religioso, um pai de 9 filhos educado numa madrassa de Gujranwala e que ensinava o Corão às crianças locais, tinha confessado o assassínio de quatro prostitutas - e tentativas a pelo menos mais outras seis -, em 2003. No entanto, foi absolvido em tribunal dos seus crimes, também porque os clérigos locais reuniram elevadas somas de dinheiro que deram aos pais das vítimas que, embaraçados com a vida imoral das filhas, retiraram as queixas.

Numa entrevista à televisão depois de preso, um Sarwar calmo e aparentemente convicto da sua libertação, declarou:
«Não tenho remorsos. Eu apenas obedeci ao mandamento de Allah», acrescentando que o Islão não permite posições de chefia às mulheres. «Voltarei a matar todas aquelas mulheres que não sigam o caminho correcto se for novamente libertado».

Raja Basharat, o ministro da Justiça do Punjab declarou que «Ele é contra o envolvimento de mulheres na política ou em assuntos de Estado».
Um comunicado da polícia, emitido após o interrogatório de Sarwar indica que «Ele considera ser contra os ensinamentos de Allah que uma mulher se torne ministro ou dirigente. Por isso cometeu esta acção».

O assassínio da ministra sucede numa altura em que Paquistão aumentou de uma forma assustadora a violência contra as mulheres, essencialmente devido à oposição dos mullahs à blasfema concessão de alguns direitos às mulheres pelo governo de Pervez Musharraf e à instigação à violência contra as «pecadoras» pelos devotos clérigos.

Direitos concedidos pela recente «Women Protection Bill», execrada como «secularização» inadmissível pelos fundamentalistas islâmicos, que permite a punição de homens em caso de violação - prática muito comum no Paquistão - e impede que apodreçam nas prisões ou sejam devidamente vergastadas pelo seu «crime» as mulheres que o denunciassem...

Lá como cá o menosprezo pela mulher assim como a exigência de que a lei puna as mulheres que não se conformem aos padrões (i)morais da respectiva religião é indissociável do fundamentalismo religioso.
Muda a forma mas o conteúdo é exactamente igual.


Palmira F. da Silva
http://www.rprecision.blogspot.com/

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