sábado, março 03, 2007

Cerca de 16 milhões de estadunidenses em pobreza extrema

Há crescimento na produtividade, mas não nos salários nem na geração de empregos. A cadeia de jornais McClatchy realizou uma análise com os números do censo de 2005.

A percentagem de estadunidenses que vive em pobreza extrema chegou a seu ponto mais alto em 32 anos, com quase 16 milhões de pessoas; milhões mais estão cada dia mais perto do precipício da pobreza, perante o qual o fosso entre ricos e pobres se amplia, reportou hoje a cadeia de jornais McClatchy.

Numa análise de dados do Censo de 2005 – os mais recentes disponíveis – realizado pela cadeia, constatou se que o número de estadunidenses que vivem em pobreza severa cresceu mais do que qualquer outro segmento económico. Uma família de quatro pessoas com dois menores de idade e um rendimento anual inferior a 9 mil 903 dólares – metade da linha de pobreza oficial – ou indivíduos com um rendimento anual inferior a 5 mil 508 dólares são definidos em pobreza severa.

A análise constatou que o número de estadunidenses severamente pobres cresceu 26 por cento entre 2000 e 2005 (56 por cento mais rápido que o incremento geral da população em pobreza durante o mesmo período). Com isso, 43 por cento do total de 37 milhões de pobres vive agora em pobreza extrema, o índice mais alto desde 1975.

A partir de 2000, o número de pessoas em pobreza severa cresceu «mais que qualquer outro segmento da população», segundo estudo recente publicado no American Journal of Preventive Medicine citado pela cadeia de jornais.

Ao mesmo tempo, este dramático incremento regista-se durante uma expansão económica onde a produtividade aumentou de forma significativa desde a breve recessão de 2001. No entanto, a análise – como várias outras investigações recentes – documentou que os salários e a geração de emprego não acompanharam esta expansão ao mesmo ritmo que a produtividade, e uma razão é que a percentagem do rendimento nacional que se concentra nos sectores mais ricos, em particular as utilidades empresariais, se incrementou notavelmente. É por isso, em parte, que o rendimento médio dos lares de famílias trabalhadoras tem caído em termos reais durante os últimos cinco anos.

Segundo a análise, quase uma em cada três pessoas em pobreza severa têm menos de 17 anos, e quase dois em cada três são mulheres. De acordo com os dados do censo, quase dois em cada três em pobreza severa são brancos, incluídos latinos brancos. Negros em pobreza extrema têm três vezes mais probabilidade do que os não brancos não latinos de estar em pobreza extrema (4,3 milhões) enquanto os latinos têm duas vezes a probabilidade dos brancos (3,7 milhões).

Washington tem a concentração mais alta de pessoas extremamente pobres (10,8 por cento em 2005) que qualquer dos 50 estados da união; Mississippi e Luisiana são os seguintes na lista. Quase 6 em cada 10 residentes da capital vivem em pobreza extrema, à sombra da cúpula política do país que tanto fala de “prosperidade”, “oportunidade” e tudo o mais.

A REGIÃO DA FRONTEIRA COM O MÉXICO, A MAIS AFECTADA

As regiões com a pior pobreza severa são a da fronteira com o México e algumas partes do sul profundo, mas também são de destacar partes do corredor industrial abandonado no meio oeste e no nordeste do país, segundo a análise.

No entanto, os números não são de todo surpreendentes já que os Estados Unidos registaram o nível mais alto – ou quase mais alto, dependendo do ano – da taxa de pobreza para os menores de idade, indivíduos e famílias entre os 31 países desenvolvidos, segundo o Estudo de Rendimento Luxemburgo, que compara estas estatísticas. Como assinala McClatchy, à excepção do México e da Rússia, os Estados Unidos são o país que dedica a porção mais baixa do seu PIB a programas federais anti pobreza, e os que existem estão entre os menos efectivos existentes.

Ainda mais preocupante é que um em cada três estadunidenses sofrerá um ano de pobreza extrema em algum momento da sua vida adulta, segundo uma investigação do professor Mark Rank da Universidade de Wisconsin.
É com esses que o México e o Canadá vão ser sócios no famoso acordo para a segurança e a prosperidade?
David Brooks
La Jornada
http://www.infoalternativa.org/usa/usa150.htm

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