quinta-feira, setembro 09, 2010

Sete anos e milhares de mortos

A patrulha diária dos marines pelas ruas de Bagdade acaba sem se ter executado a reconstrução “ocidental” do país.

«Esta noite anuncio que a missão de combate estado-unidense no Iraque terminou. A Operação Liberdade Iraquiana acabou e o povo do Iraque tem agora a responsabilidade principal de manter a segurança do seu país». São as palavras pronunciadas na terça-feira passada por Barack Obama no seu discurso à nação, com as quais dava por cumprida a sua promessa de retirar as tropas estado-unidenses do Iraque em Agosto de 2010, feita há um ano atrás. Muito a tempo, porque faltam menos de dois meses para essas eleições vitais nos Estados Unidos nas quais serão eleitos os 435 membros da Câmara de Representantes, 100 membros do Senado, 38 governadores, mais numerosos outros cargos locais.

«Os americanos que serviram no Iraque completaram todas as missões que lhes foram encomendadas. Derrubaram um regime que aterrorizava o seu próprio povo», disse Obama, elogiando novamente, como o fez ao receber o Prémio Nobel da Paz, que o seu país tivesse levado a cabo o que chamou «guerra justa».

As palavras do presidente dos Estados Unidos recordam outras, pronunciadas mais de sete anos antes. Foram exactamente ditas a 1 de Maio de 2003, seis semanas depois do início dos bombardeamentos e da invasão do Iraque por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido. Foram pronunciadas pelo então presidente George W. Bush, a bordo do porta-aviões Abraham Lincoln e vestido à Top Gun para a ocasião: «Nesta batalha, nós lutámos pela causa da liberdade e pela paz no mundo. A nossa nação e a nossa coligação estão orgulhosas por este feito. No entanto, isto é vosso, os membros das forças armadas dos Estados Unidos, que o realizaram. A sua coragem, a sua vontade para enfrentar os perigos pelo seu país e por cada um de vocês fez com que este dia fosse possível», disse Bush aos numerosos marines presentes, sob um grande cartaz que rezava: «Missão cumprida». «Graças a vocês, o tirano caiu e o Iraque é livre», disse-lhes, e elogiou as forças armadas estado-unidenses por ajudarem «a reconstruir o Iraque, onde o ditador construiu palácios para ele em lugar de hospitais e escolas para o povo».

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