O humanitarismo constitui uma referência profundamente ambivalente da política internacional do nosso tempo.
Por um lado, dando expressão ao progressivo ascendente da dimensão emancipatória dos direitos humanos, o humanitarismo tornou-se numa marca forte de um discurso e de uma acção política que rompem a couraça das soberanias mais asfixiantes e abrem campo para uma centralidade dos direitos individuais e colectivos na estruturação da ordem internacional. Por outro lado, porém, o humanitarismo tem vindo a ser cooptado pelo sistema de poder mundial integrando cada vez mais o argumentário que legitima o intervencionismo disciplinador do centro sobre as periferias turbulentas do sistema mundial.
Vamos por partes.
As últimas duas décadas legaram-nos uma transformação profunda no entendimento da paz e do humanitarismo. A velha paz das soberanias – a paz negativa e minimalista do calar das armas – cedeu lugar à exigência alargada de uma paz positiva, feita de anulação não só das violências físicas mas também das violências estruturais e culturais. A “Agenda para a Paz”, apresentada pelo então Secretário-Geral das Nações Unidas Boutros-Ghali em 1992, deu corpo a essa mudança ao assumir como tarefa principal das missões de paz da ONU não apenas a manutenção da paz (peace keeping) mas também, e sobretudo, a construção da paz (peace building), ou seja, a adopção de um modelo político, económico e institucional supostamente garante da estabilidade e da inserção pacífica na ordem internacional. Neste quadro, o velho humanitarismo, feito de uma assistência às vítimas (militares e civis) dos conflitos pautada por critérios de isenção e de respeito pelas soberanias dos Estados envolvidos, foi objecto de dura crítica pelos movimentos sem-fronteiras (médicos, jornalistas, juristas) que lhe apontaram o vício de se alhear dos mecanismos profundos geradores de conflitualidade e, como tal, de ser cúmplice da respectiva perpetuação. O “novo humanitarismo” daí resultante apresenta-se como apostado em gerar dinâmicas de transformação política e económica nos cenários de turbulência social, em vista da erradicação das raízes mais fundas dos conflitos.
Por um lado, dando expressão ao progressivo ascendente da dimensão emancipatória dos direitos humanos, o humanitarismo tornou-se numa marca forte de um discurso e de uma acção política que rompem a couraça das soberanias mais asfixiantes e abrem campo para uma centralidade dos direitos individuais e colectivos na estruturação da ordem internacional. Por outro lado, porém, o humanitarismo tem vindo a ser cooptado pelo sistema de poder mundial integrando cada vez mais o argumentário que legitima o intervencionismo disciplinador do centro sobre as periferias turbulentas do sistema mundial.
Vamos por partes.
As últimas duas décadas legaram-nos uma transformação profunda no entendimento da paz e do humanitarismo. A velha paz das soberanias – a paz negativa e minimalista do calar das armas – cedeu lugar à exigência alargada de uma paz positiva, feita de anulação não só das violências físicas mas também das violências estruturais e culturais. A “Agenda para a Paz”, apresentada pelo então Secretário-Geral das Nações Unidas Boutros-Ghali em 1992, deu corpo a essa mudança ao assumir como tarefa principal das missões de paz da ONU não apenas a manutenção da paz (peace keeping) mas também, e sobretudo, a construção da paz (peace building), ou seja, a adopção de um modelo político, económico e institucional supostamente garante da estabilidade e da inserção pacífica na ordem internacional. Neste quadro, o velho humanitarismo, feito de uma assistência às vítimas (militares e civis) dos conflitos pautada por critérios de isenção e de respeito pelas soberanias dos Estados envolvidos, foi objecto de dura crítica pelos movimentos sem-fronteiras (médicos, jornalistas, juristas) que lhe apontaram o vício de se alhear dos mecanismos profundos geradores de conflitualidade e, como tal, de ser cúmplice da respectiva perpetuação. O “novo humanitarismo” daí resultante apresenta-se como apostado em gerar dinâmicas de transformação política e económica nos cenários de turbulência social, em vista da erradicação das raízes mais fundas dos conflitos.
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