Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
segunda-feira, junho 30, 2014
Mais um post sobre crime organizado
O governo "não tem qualquer razão para temer questões de estabilidade financeira" no Banco Espírito Santo, garantia ontem a ministra das Finanças e das mentiras no parlamento. Nesse mesmo Parlamento e também ontem, o sempre prestimoso governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, invocou o sigilo bancário para se escusar a prestar informações aos deputados da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, sobre as mudanças em curso no BES. Ao final do dia, a imprensa falava em derrocada para assinalar um dia negro para os accionistas do grupo: cotações em queda livre, mais de 11% e uma desvalorização de 523,1 milhões em apenas um dia no caso do BES e demais de 18% e 80 milhões também num só dia no caso da ESFG.
E hoje dissipou-se um pouco do mistério dos milhões que há um par de semanas apareceram nas notícias como evaporados por artes mágicas no BES Angola. Entre o final de 2009 e Julho de 2011, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) fez 12 transferências para duas contas no Crédit Suisse, num total de 27,3 milhões de dólares (perto de 20 milhões de euros), em que terão sido beneficiados o presidente demissionário do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, e pelo menos o administrador-executivo por ele apontado para lhe suceder no cargo, Amílcar Pires, avança hoje o Expresso. O semanário indica ainda que as duas sociedades estão na lista de clientes da Akoya, empresa de gestão de fortunas ligada ao caso de branqueamento de capitais e fraude fiscal Monte Branco, no qual curiosamente Ricardo Salgado e Morais Pires não são arguidos. Estamos em muito boas mãos. Já lá vai o tempo em que os bancos eram assaltados por gente de fora. E já lá vai o tempo em que governantes e supervisor não faziam parte da quadrilha.
Treta da semana (passada): ciência criacionista.
A “Enciclopédia de Ciência da Criação” define que: «Um cientista criacionista contemporâneo é uma pessoa que está formalmente treinada em uma disciplina científica, mas que aborda um campo de estudo e/ou de pesquisa a partir da crença de que o universo foi criado por Deus.»(1). Ironicamente, a tentativa de dar ao criacionismo a aparência de ser científico acaba apenas por expor a treta. Mais importante ainda, porque o criacionismo por cá é ainda uma anomalia minoritária, isto ilustra também a inconsistência fundamental entre qualquer religião e a ciência.
O objectivo da ciência é moldar as nossas crenças à realidade. Não é um processo infalível nem acabado mas tende a melhorar gradualmente o encaixe entre aquilo que julgamos ser e aquilo que realmente é. Para esse fim, não se pode, por exemplo, abordar a geologia a partir da crença de que a Terra é plana ou a astronomia a partir da crença de que a Lua é feita de queijo. Seja qual for a crença ou problema, não é científico comprometer-se à partida com uma crença, de forma firme e persistente, porque o que se quer com a ciência é explorar as possibilidades e procurar as crenças que melhor correspondam aos dados que se vão acumulando. Para isso exige-se uma atitude céptica no sentido de adoptar ou rejeitar crenças sempre conforme o peso das evidências e nunca por vontade pessoal. O que é exactamente o contrário da crença religiosa, carente de fé e apregoada como resultando do exercício da vontade livre do crente.
Esta diferença é evidente em vários trechos da enciclopédia criacionista. O artigo sobre “Cosmologia criacionista” explica que «A idade do universo estimada atualmente está muito além do que um cientista criacionista típico aceitaria. Em resposta, muitas cosmologias criacionistas de universo jovem têm sido propostas para discutir a questão da idade»(2). É consensual na cosmologia que o universo tem quase catorze mil milhões de anos. Este valor já foi revisto várias vezes, porque valores anteriores revelaram-se incompatíveis com a informação que se ia obtendo, mas a ciência progride precisamente por encontrar alternativas que se ajustam melhor aos dados. O “cientista” criacionista faz o contrário. Primeiro decide em que hipóteses acredita «a partir da crença de que o universo foi criado por Deus» e depois limita-se a escolher as evidências que forem mais favoráveis a essas crenças.
Noutro exemplo, «Criação biológica é basicamente o estudo dos sistemas biológicos, enquanto acontecem sob a suposição de que Deus criou vida na Terra. A disciplina é estabelecida sob a idéia de que Deus criou um número finito de discretos espécies criadas»(3). Quando se usa a ciência para estudar algo não se pode estabelecer disciplinas “sob ideias” pré-concebidas nem fixar qualquer suposição. Afinal, o objectivo é perceber o que se passa e não cultivar preconceitos. Por isso, o tal “criacionismo científico” não é ciência mas apenas uma de muitas aldrabices que abusam da ciência para fazer parecer que a sua doutrina tem fundamento.
Se bem que muitos crentes concordem com este juízo acerca do criacionismo, porque rejeitam a interpretação literal dos escritos religiosos, normalmente recusam-se a reconhecer que este conflito entre religião e ciência não depende dessa interpretação literal nem é evitável enquanto a religião professar a fé em alegações acerca da realidade. Quer leiam a Bíblia à letra quer a leiam como metáfora, a fé firme na«crença de que o universo foi criado por Deus» torna-os todos criacionistas e põe-nos todos em contradição com a ciência. Nem é só pelos indícios, cada vez mais fortes, de que o universo não foi criado com inteligência nem há ninguém encarregue disto tudo que se rale minimamente com o que nos acontece ou com o que fazemos. É, principalmente, porque a ciência exige que se trate todas as crenças como equivalentes à partida e se faça distinção entre elas apenas pelo que objectivamente revelam corresponder à realidade. Isto é incompatível com qualquer fé, dogmatismo ou crença pré-concebida da qual não se queira abdicar.
1- Enciclopédia de Ciência da Criação, Cientista criacionista
2- Enciclopédia de Ciência da Criação, Cosmologia criacionista
3- Enciclopédia de Ciência da Criação, Criação
DAQUI
O objectivo da ciência é moldar as nossas crenças à realidade. Não é um processo infalível nem acabado mas tende a melhorar gradualmente o encaixe entre aquilo que julgamos ser e aquilo que realmente é. Para esse fim, não se pode, por exemplo, abordar a geologia a partir da crença de que a Terra é plana ou a astronomia a partir da crença de que a Lua é feita de queijo. Seja qual for a crença ou problema, não é científico comprometer-se à partida com uma crença, de forma firme e persistente, porque o que se quer com a ciência é explorar as possibilidades e procurar as crenças que melhor correspondam aos dados que se vão acumulando. Para isso exige-se uma atitude céptica no sentido de adoptar ou rejeitar crenças sempre conforme o peso das evidências e nunca por vontade pessoal. O que é exactamente o contrário da crença religiosa, carente de fé e apregoada como resultando do exercício da vontade livre do crente.
Esta diferença é evidente em vários trechos da enciclopédia criacionista. O artigo sobre “Cosmologia criacionista” explica que «A idade do universo estimada atualmente está muito além do que um cientista criacionista típico aceitaria. Em resposta, muitas cosmologias criacionistas de universo jovem têm sido propostas para discutir a questão da idade»(2). É consensual na cosmologia que o universo tem quase catorze mil milhões de anos. Este valor já foi revisto várias vezes, porque valores anteriores revelaram-se incompatíveis com a informação que se ia obtendo, mas a ciência progride precisamente por encontrar alternativas que se ajustam melhor aos dados. O “cientista” criacionista faz o contrário. Primeiro decide em que hipóteses acredita «a partir da crença de que o universo foi criado por Deus» e depois limita-se a escolher as evidências que forem mais favoráveis a essas crenças.
Noutro exemplo, «Criação biológica é basicamente o estudo dos sistemas biológicos, enquanto acontecem sob a suposição de que Deus criou vida na Terra. A disciplina é estabelecida sob a idéia de que Deus criou um número finito de discretos espécies criadas»(3). Quando se usa a ciência para estudar algo não se pode estabelecer disciplinas “sob ideias” pré-concebidas nem fixar qualquer suposição. Afinal, o objectivo é perceber o que se passa e não cultivar preconceitos. Por isso, o tal “criacionismo científico” não é ciência mas apenas uma de muitas aldrabices que abusam da ciência para fazer parecer que a sua doutrina tem fundamento.
Se bem que muitos crentes concordem com este juízo acerca do criacionismo, porque rejeitam a interpretação literal dos escritos religiosos, normalmente recusam-se a reconhecer que este conflito entre religião e ciência não depende dessa interpretação literal nem é evitável enquanto a religião professar a fé em alegações acerca da realidade. Quer leiam a Bíblia à letra quer a leiam como metáfora, a fé firme na«crença de que o universo foi criado por Deus» torna-os todos criacionistas e põe-nos todos em contradição com a ciência. Nem é só pelos indícios, cada vez mais fortes, de que o universo não foi criado com inteligência nem há ninguém encarregue disto tudo que se rale minimamente com o que nos acontece ou com o que fazemos. É, principalmente, porque a ciência exige que se trate todas as crenças como equivalentes à partida e se faça distinção entre elas apenas pelo que objectivamente revelam corresponder à realidade. Isto é incompatível com qualquer fé, dogmatismo ou crença pré-concebida da qual não se queira abdicar.
1- Enciclopédia de Ciência da Criação, Cientista criacionista
2- Enciclopédia de Ciência da Criação, Cosmologia criacionista
3- Enciclopédia de Ciência da Criação, Criação
DAQUI
"LÁBIOS QUE PROVAM O ÁLCOOL, NÃO PROVARÃO OS NOSSOS"
Em 1919 uma campanha a favor da proibição do Álcool nos EUA mostrava a foto abaixo:
"LÁBIOS QUE PROVAM O ÁLCOOL, NÃO PROVARÃO OS NOSSOS"
"LÁBIOS QUE PROVAM O ÁLCOOL, NÃO PROVARÃO OS NOSSOS"
Olhe BEM para elas e seja sincero...
QUEM IA PARAR DE BEBER???
Enviado pela leitora B.V.
domingo, junho 29, 2014
A excelência da elite financeira
Durante muitos anos ouvimos e lemos rasgados elogios (e auto-elogios) à nossa elite financeira. A prova do merecimento desses elogios era, diziam-nos, a solidez dos nossos bancos, a capacidade de visão e de previsão das suas administrações, o rigor, a exigência e a seriedade da sua gestão. Os nossos financeiros eram colocados no patamar dos melhores do mundo. A sua excelência era inquestionável, garantiam-nos. Quem insistentemente o afirmou foram responsáveis e ex-responsáveis do Banco de Portugal, foram diferentes governantes de diferentes executivos, foram economistas, dos socialmente mais cotados, vários deputados do designado arco da governação, foram jornalistas, em particular os económicos, e foram os próprios financeiros...
Era neste ambiente que os nossos banqueiros não apenas se passeavam pelos corredores do poder com um impressionante à-vontade, como ditavam estratégias a ministros, e como, mais recentemente, ditavam sentenças morais aos portugueses, apontando-lhes o dedo acusatório de terem vivido acima das suas possibilidades e dizendo-lhes, com desfaçatez, que nada mais tinham a fazer senão aguentar o desemprego, o abaixamento dos salários, das reformas e das pensões e o empobrecimento generalizado.
Esta elite, que era apresentada como o paradigma da competência e da competitividade, exemplo que supostamente a sociedade portuguesa deveria venerar e que os jovens deveriam seguir, acabou a expor a pornográfica mentira em que sustentava o seu poder e a sua imagem. Na verdade, esta elite não só não era, nem é, competente nem competitiva, como tinha e tem entre os seus membros uma impressionante miscelânea de indivíduos irrecomendáveis. Exemplos:
- Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, está a ser julgado sob a acusação de ter cometido sete crimes económicos, entre os quais o de abuso de confiança, de burla qualificada, de falsificação de documento e de branqueamento de capitais, com o objectivo de obter poder pessoal e financeiro;
- João Rendeiro, ex-presidente do BPP, está a ser julgado sob a acusação de ter praticado diversos crimes, entre os quais o de falsificação de contabilidade, o de inexistência de contabilidade organizada, o de inobservância de regras contabilísticas que prejudicam gravemente o conhecimento da situação patrimonial e financeira da BPP, o de prestação de informações falsas ou incompletas ao Banco de Portugal;
- Jardim Gonçalves, ex-presidente do BCP, já foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e à inibição de actividade no sector financeiro por quatro anos. Foi também condenado pelo Banco de Portugal. O processo judicial continua os seus trâmites;
- Armando Vara, ex-vice-presidente da CGD: está a ser julgado por três crimes de tráfico de influências;
- Ricardo Salgado, presidente do BES, esteve ou está envolvido, como noticia o Público de hoje, em múltiplos casos judiciais: Operação Furacão, Face Oculta, submarinos, Portucalle. Foi também acusado de receber comissões de um cliente construtor e da ocultação de informações contabilísticas aos reguladores. Para além disto, o BES África apresenta um «buraco» que se situa entre 4 mil a 5,7 mil milhões de euro, e da holdingEspírito Santo International «desapareceram» cerca de 2 mil milhões de euros. Nesta narrativa, para além de «buracos» e de «desaparecimentos», também se registam «esquecimentos» financeiros. Em 2012, Ricardo Salgado «esqueceu-se» de declarar 8,5 milhões euros de rendimentos.
Estes cinco exemplos têm por trás de si dezenas de cúmplices, membros da designada elite financeira, constituídos arguidos e vários deles já condenados.
A estes cinco exemplos de casos de polícia, acrescem os casos de incompetência: BPI e Banif tiveram de se socorrer do Estado para não afundarem, ainda que sobre este último haja dúvidas se, mesmo com essa ajuda, sobrevive.
O cenário é, pois, medonho, mas simultaneamente esclarecedor:
i) a bradada superioridade — de exigência, de rigor, de escrutínio, de capacidade competitiva, de inovação, de resultados — do sector privado sobre o sector público tem aqui mais uma prova da sua falsidade;
ii) a submissão do poder político ao poder financeiro, que há vários anos ocorre, para além de ilegítima, tem como consequência final inexorável o prejuízo do interesse público — quem paga a incompetência e a criminalidade dos banqueiros são os bens públicos.
É obrigatório pôr fim a isto.
Esta elite, que era apresentada como o paradigma da competência e da competitividade, exemplo que supostamente a sociedade portuguesa deveria venerar e que os jovens deveriam seguir, acabou a expor a pornográfica mentira em que sustentava o seu poder e a sua imagem. Na verdade, esta elite não só não era, nem é, competente nem competitiva, como tinha e tem entre os seus membros uma impressionante miscelânea de indivíduos irrecomendáveis. Exemplos:
- Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, está a ser julgado sob a acusação de ter cometido sete crimes económicos, entre os quais o de abuso de confiança, de burla qualificada, de falsificação de documento e de branqueamento de capitais, com o objectivo de obter poder pessoal e financeiro;
- João Rendeiro, ex-presidente do BPP, está a ser julgado sob a acusação de ter praticado diversos crimes, entre os quais o de falsificação de contabilidade, o de inexistência de contabilidade organizada, o de inobservância de regras contabilísticas que prejudicam gravemente o conhecimento da situação patrimonial e financeira da BPP, o de prestação de informações falsas ou incompletas ao Banco de Portugal;
- Jardim Gonçalves, ex-presidente do BCP, já foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e à inibição de actividade no sector financeiro por quatro anos. Foi também condenado pelo Banco de Portugal. O processo judicial continua os seus trâmites;
- Armando Vara, ex-vice-presidente da CGD: está a ser julgado por três crimes de tráfico de influências;
- Ricardo Salgado, presidente do BES, esteve ou está envolvido, como noticia o Público de hoje, em múltiplos casos judiciais: Operação Furacão, Face Oculta, submarinos, Portucalle. Foi também acusado de receber comissões de um cliente construtor e da ocultação de informações contabilísticas aos reguladores. Para além disto, o BES África apresenta um «buraco» que se situa entre 4 mil a 5,7 mil milhões de euro, e da holdingEspírito Santo International «desapareceram» cerca de 2 mil milhões de euros. Nesta narrativa, para além de «buracos» e de «desaparecimentos», também se registam «esquecimentos» financeiros. Em 2012, Ricardo Salgado «esqueceu-se» de declarar 8,5 milhões euros de rendimentos.
Estes cinco exemplos têm por trás de si dezenas de cúmplices, membros da designada elite financeira, constituídos arguidos e vários deles já condenados.
A estes cinco exemplos de casos de polícia, acrescem os casos de incompetência: BPI e Banif tiveram de se socorrer do Estado para não afundarem, ainda que sobre este último haja dúvidas se, mesmo com essa ajuda, sobrevive.
O cenário é, pois, medonho, mas simultaneamente esclarecedor:
i) a bradada superioridade — de exigência, de rigor, de escrutínio, de capacidade competitiva, de inovação, de resultados — do sector privado sobre o sector público tem aqui mais uma prova da sua falsidade;
ii) a submissão do poder político ao poder financeiro, que há vários anos ocorre, para além de ilegítima, tem como consequência final inexorável o prejuízo do interesse público — quem paga a incompetência e a criminalidade dos banqueiros são os bens públicos.
É obrigatório pôr fim a isto.
DO HOMEM NOVO
Quando caiu o regime soviético, percebeu-se que o culto religioso tinha sobrevivido aos setenta anos de construção do "homem novo". O baú dos valores é, realmente, uma caixa de surpresas.
Depois de se saber que há empresas que não aceitam mulheres com ideias de engravidar, ficámos agora a conhecer que existem organizações empresarias que "vetam as relações amorosas" entre as pessoas que lá trabalham. Quase quarenta anos depois, a nossa democracia também reconhece que a ideia do "homem novo" foi uma miragem. E se no caso soviético nem se pode dizer que houve regressão, neste caso português podemos afirmar um chocante retrocesso civilizacional.
sábado, junho 28, 2014
TISA, mais um tratado negociado em segredo
A bomba destinada a explodir serviços públicos no mundo todo
Os Estados Unidos, os países da UE e uma vintena de outros Estados encetaram em Genebra negociações sobre o comércio de serviços.
Característica das mesmas: estas negociações deveriam permanecer secretas durante cinco anos.
A WikiLeaks conseguiu em parte levantar o véu acerca do seu conteúdo.
A WikiLeaks conseguiu em parte levantar o véu acerca do seu conteúdo.
Tudo devia permanecer totalmente secreto. Nada devia transparecer das negociações acerca do acordo sobre o comércio dos serviços (ACS) encetadas desde há dois anos na embaixada da Austrália em Genebra entre os Estados Unidos, a União Europeia e uma vintena de países. Um vasto empreendimento de liberalização que afecta até os serviços públicos fundamentais. Foram tomadas medidas assegurando uma confidencialidade total das discussões, numa linguagem digna de um cenário de James Bond. Os textos que estabelecem o avanço das conversações foram "classificados", conforme um jargão geralmente utilizado para os dossiers secretos da defesa. Eles devem ser "protegidos de toda divulgação não autorizada" e armazenados num sistema de computadores ele próprio classificado e mantido "num edifício ou num contentor fechado" sob alta vigilância. O objectivo declarado é que nada possa transpirar do conteúdo destas negociações "até cinco anos após a conclusão do acordo" ou o fim das negociações se estas acabarem por não se concluir.
Isto era ignorar a perícia dos lançadores de alerta da WikiLeaks, que conseguiram recuperar uma parte dos textos superprotegidos. Assim, a 19 de Junho, eles publicaram no seu sítio o anexo do tratado em preparação que trata dos serviços financeiros: https://wikileaks.org/tisa-financial/
Isto era ignorar a perícia dos lançadores de alerta da WikiLeaks, que conseguiram recuperar uma parte dos textos superprotegidos. Assim, a 19 de Junho, eles publicaram no seu sítio o anexo do tratado em preparação que trata dos serviços financeiros: https://wikileaks.org/tisa-financial/
Estas revelações sublinham, de facto, a amplitude da ofensiva iniciada por Washington, seguida pelos Estados membros da União Europeia, para permitir às multinacionais açambarcar, quando chegar o momento, o comércio dos produtos financeiros assim como o de todos os serviços nos grandes mercados transatlântico e transpacífico, cujas negociações, sabe-se avançam ao mesmo tempo na maior discrição.
sexta-feira, junho 27, 2014
Da longa série "toda a gente sabe que a gestão privada é melhor 'cá pública"
Gestão privada
O Hospital Amadora-Sintra paga em duplicado a quase 260 médicos. A situação tornou-se ilegal a partir de 2011, mas os responsáveis pela gestão do hospital têm tardado a conseguir resolver o assunto. Desde a proibição, a administração tem vindo a rescindir gradualmente os contratos com as empresas em nome individual, cujos titulares são médicos do quadro clínico, às quais pagava serviços como horas extraordinárias. De acordo com o "DN", já existiram 419 médicos dos quadros nesta situação.
Gestão pública
Mais de mil trabalhadores do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) juntaram-se num abaixo-assinado a exigir ao conselho de administração que reponha o regime das 35 horas semanais, recentemente aumentado pelo Governo para as 40 horas sem qualquer acréscimo salarial, alteração que contou com a conivência do Tribunal Constitucional.
O ‘projeto’ UE e a democracia de plástico
Os resultados das eleições para o Parlamento
Europeu demonstram apenas um exercício de legitimação do poder do capital
financeiro e da austeridade.
1 -
A UE, versão para adultos
Não é
uma união mas uma prisão. Não é europeia mas do capital financeiro global. Uma
burla desastrosa e genocida.
Entende-se
como evidente a existência de grandes desigualdades na UE, à qual
impropriamente se designa por Europa, como se os outros estados tivessem
perdido a sua localização geográfica, por estarem fora da UE. E, como vamos
assistindo, parece que a Ucrânia, sendo geograficamente Europa não o será ainda
totalmente enquanto não tiver a sua estrela plantada na bandeira azul. Essa
abusiva designação disfarça mal o pendor hegemónico do grande capital, desejoso
de dominar a bacia mediterrânica e as margens do mar Negro.
Na UE
podem desenhar-se, um centro de poder polarizado num triângulo que tem vértices
em Londres, Berlim e Milão e duas periferias, uma a Leste e outra a Sul onde,
por comodidade, incluímos a Irlanda. As periferias correspondem a áreas de
produção de bens e serviços que nada têm de relação com as necessidades dos
seus povos mas antes, com a segmentação da produção orientada a partir do
Centro, de acordo com os interesses do capital financeiro e das multinacionais.
Neste contexto, as economias periféricas vão perdendo o que ainda tiverem de articulação
interna entre as suas atividades económicas para se tornarem objeto da
“especialização” ditada pelo mercado, isto é, pelo poder sediado no Centro. É
ainda neste contexto que Portugal, por exemplo, se vem desindustrializando e
orientando para o mercado turístico, como produtor de têxteis e calçado ou como
terreno para a profusão do eucalipto, enquanto a Alemanha se vocaciona para a
produção de material de transporte (automóveis, locomotivas, material de
guerra, produtos químicos).
Esta
segmentação promove uma grande desigualdade na geração de rendimentos, deficits
comerciais nas periferias e superavits no Centro, onde se acumulam capitais
ávidos de uma colocação rentável. E daí o fornecimento pelos bancos do Centro,
de crédito aos bancos das periferias, para estes se encarregarem de encontrar
formas de colocação no financiamento de empresas e famílias, que paguem os
juros aos financiadores do Centro e ofereçam ainda margens de lucro para os
bancos das periferias. A integração numa mesma área económica, financeira e
monetária (como para os países onde vigora o euro) facilita esses fluxos: de
empréstimos do Centro para as periferias, reembolsos e juros das periferias
para o Centro. Como a aplicação desses capitais nas periferias terá de ter,
forçosamente, em conta a divisão de trabalho no seio da UE, aquele
financiamento vai privilegiar sectores virados para o consumo interno, para
desenvolver bolhas imobiliárias ou de obras públicas de utilidade duvidosa. Os
Estados nacionais, como departamentos do capital financeiro, dominados por
classes políticas mafiosas, entram nesta dança, endividam-se e quando a ressaca
chega, está aberto o caminho para um longo calvário de austeridade.
As desigualdades daí resultantes geram
dependências e subalternidades, grandes diferenças salariais e na qualidade de
vida, longe das promessas que pareciam concretizáveis, sobretudo a partir das
entradas massivas de fundos comunitários, de uma homogeneidade de bem-estar
para todos os povos comunitários e que se demonstra ter sido publicidade
enganosa para os povos das periferias, como também para muitos milhões de
trabalhadores dos países do Centro.
quinta-feira, junho 26, 2014
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