Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
terça-feira, setembro 30, 2008
Cunhas, casas e Câmara Municipal de Lisboa...
De novo o caso das casas
.
Um azar, foi o que foi.
Um invejoso qualquer deu com a língua nos dentes, o MP abriu a tampa e, lá dentro, fedia.
Já aqui se falou do caso, mas todos os dias há novos e emocionantes episódios.
(Leitor, se vai continuar a ler, tape o nariz).
Há 30 anos que a Câmara de Lisboa atribui pelo método da cunha casas do património municipal a amigos, funcionários, colegas de partido, artistas, jornalistas e mais sem-abrigo do género.
A coisa vem, sabe-se agora, dos mandatos de Krus Abecassis (CDS), Jorge Sampaio (PS), João Soares (PS), Santana Lopes (PSD) e Carmona Rodrigues (PSD) até ao actual, de António Costa (PS), e entre os sem-abrigo contemplados com casas a rendas médias de 35 euros, há directores municipais, filhos de directores municipais, filhos de presidentes de juntas, chefes de gabinete, fadistas, a secretária de Amália Rodrigues, a directora da Segurança Social de Lisboa e Vale do Tejo e, porque o Sol quando nasce é para todos, até a actual vereadora da Habitação.
(Já pode destapar o nariz, leitor).
Valentim, em Gondomar, distribuía electrodomésticos, mas esses, ao menos, eram dele.
Manuel António Pina
in JN
http://alvarohfernandes.blogspot.com/
"Sobretreino" nas escolas portuguesas. Uma triste realidade.
Quando se fala em sobretreino, normalmente associa-se o termo a desporto de alto rendimento, quando, na procura de uma melhor performance, treinadores e atletas seguem programas de treino intenso, com um desequilíbrio evidente entre o treino e a recuperação.
Neste momento, no nosso país temos uma classe profissional em sobretreino, a dos professores. Mas, contrariamente aos atletas que, quando entram em sobretreino, o fazem na modalidade em que são especialistas, os professores fazem-no em áreas que não beneficiam em nada a sua especialidade, ensinar os alunos.
Os professores, actualmente, dedicam muitas das suas horas não lectivas semanais (que, neste momento, equivalem a todas as horas possíveis do dia…e da noite em que não estejam a leccionar…ou a dormir) a reunir: em comissões de avaliadores; conselhos gerais transitórios; conselhos pedagógicos; departamentos e grupos disciplinares. Também elaboram grelhas de avaliação de colegas, objectivos individuais, regulamentos internos, recebem encarregados de educação, fazem formação em avaliação de professores das 19h às 22h00m, enfim toda uma panóplia de situações que sai do essencial da função na escola, ensinar os alunos.
Mas o pior é que depois do referido acima, ainda falta aos professores nestas horas não lectivas (como este termo é abrangente) organizar testes diagnósticos, corrigi-los e preparar as aulas em função desses resultados e da necessidade de cumprimento dos programas, o que muitas vezes é...inconciliável.
Já repararam onde aparecem as aulas? Exactamente, no final de tudo o resto. Pois é isto que está a acontecer em centenas de escolas do nosso país, por causa da avaliação dos professores, que mais não é do que uma imensa panóplia de fichas e documentos a realizar e preencher por todos, mas que no final se resumem a um só resultado: pior ensino, por falta de tempo para o preparar, piores alunos, com a “ajuda” do novo estatuto, mas, surpresa das surpresas, melhores resultados. Como? Muito simples: os professores também vão ser avaliados pelos resultados dos seus alunos.
Ah, já me esquecia, a maioria do nosso corpo docente é do sexo feminino. Sabem o que isso implica em termos familiares, dadas as inúmeras funções de donas de casa e mães de família?
Para terminar gostaria de voltar ao sobretreino. Normalmente “os atletas” que entram em sobretreino, nunca mais voltam a atingir os seus níveis de performance. Será necessário acrescentar mais alguma coisa?
http://educarpelodesporto.blogspot.com/
Neste momento, no nosso país temos uma classe profissional em sobretreino, a dos professores. Mas, contrariamente aos atletas que, quando entram em sobretreino, o fazem na modalidade em que são especialistas, os professores fazem-no em áreas que não beneficiam em nada a sua especialidade, ensinar os alunos.
Os professores, actualmente, dedicam muitas das suas horas não lectivas semanais (que, neste momento, equivalem a todas as horas possíveis do dia…e da noite em que não estejam a leccionar…ou a dormir) a reunir: em comissões de avaliadores; conselhos gerais transitórios; conselhos pedagógicos; departamentos e grupos disciplinares. Também elaboram grelhas de avaliação de colegas, objectivos individuais, regulamentos internos, recebem encarregados de educação, fazem formação em avaliação de professores das 19h às 22h00m, enfim toda uma panóplia de situações que sai do essencial da função na escola, ensinar os alunos.
Mas o pior é que depois do referido acima, ainda falta aos professores nestas horas não lectivas (como este termo é abrangente) organizar testes diagnósticos, corrigi-los e preparar as aulas em função desses resultados e da necessidade de cumprimento dos programas, o que muitas vezes é...inconciliável.
Já repararam onde aparecem as aulas? Exactamente, no final de tudo o resto. Pois é isto que está a acontecer em centenas de escolas do nosso país, por causa da avaliação dos professores, que mais não é do que uma imensa panóplia de fichas e documentos a realizar e preencher por todos, mas que no final se resumem a um só resultado: pior ensino, por falta de tempo para o preparar, piores alunos, com a “ajuda” do novo estatuto, mas, surpresa das surpresas, melhores resultados. Como? Muito simples: os professores também vão ser avaliados pelos resultados dos seus alunos.
Ah, já me esquecia, a maioria do nosso corpo docente é do sexo feminino. Sabem o que isso implica em termos familiares, dadas as inúmeras funções de donas de casa e mães de família?
Para terminar gostaria de voltar ao sobretreino. Normalmente “os atletas” que entram em sobretreino, nunca mais voltam a atingir os seus níveis de performance. Será necessário acrescentar mais alguma coisa?
http://educarpelodesporto.blogspot.com/
Correio da Manhã noticia onda de feitiçaria juvenil na periferia de Lisboa
Hocus pocus
Um dos jornais mais lidos do país (acreditando-se que surge espontaneamente em todos os cafés e barbearias como uma espécie de bolor) noticiou em edição recente a formação de uma Liga de Feiticeiros Portugueses em várias localidades dos arredores de Lisboa. A notícia fundamenta-se no site da LFP e nos vídeos colocados no Youtube, em que os seus membros, com idades entre os 8 e os 14 anos, surgem envolvidos em recitação de encantamentos e posando com varinhas mágicas. No site, existem ainda testemunhos escritos de acções do grupo, relatando combates contra bandos rivais liderados por um tal Valdemar (erroneamente referido com a grafia incorrecta "Voldemort", um alerta para os erros cometidos pelos nossos jovens na escrita do português) e em defesa de alguém referido pelas iniciais HP, que os repórteres do Correio da Manhã julgam significar Homicida Paranormal. Para Leonel de Carvalho, responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança, não há motivo para alarmes e só por "delírio" poderá alguém comparar a situação das artes mágicas em Portugal com a que se verifica noutros países, mas admitiu aumento ligeiro no ilícito sobrenatural. "Passámos de uma taxa de queixas por ocorrência mística de 0.00001% em 2006 para 0.00002% em 2007 e isso poderá dever-se à entrada no nosso país de imigrantes que vêm de uma cultura feiticeira a que não estamos habituados," explica, enfiando esferográficas nas narinas para imitar uma morsa. Depois de transformar uma brincadeira de miúdos numa "máfia das favelas", o Correio da Manhã volta a prestar mais um grande serviço ao país. Para Eduardo Dâmaso, director-adjunto, "é responsabilidade dos jornalistas alertar os cidadãos para todas as ameaças, sejam reais ou fictícias." Confrontado com o facto de não ser essa a responsabilidade dos jornalistas, não fez mais comentários, desculpando-se com a investigação de práticas satânicas na claque benfiquista dos Diabos Vermelhos .
http://www.inepcia.com/
Um dos jornais mais lidos do país (acreditando-se que surge espontaneamente em todos os cafés e barbearias como uma espécie de bolor) noticiou em edição recente a formação de uma Liga de Feiticeiros Portugueses em várias localidades dos arredores de Lisboa. A notícia fundamenta-se no site da LFP e nos vídeos colocados no Youtube, em que os seus membros, com idades entre os 8 e os 14 anos, surgem envolvidos em recitação de encantamentos e posando com varinhas mágicas. No site, existem ainda testemunhos escritos de acções do grupo, relatando combates contra bandos rivais liderados por um tal Valdemar (erroneamente referido com a grafia incorrecta "Voldemort", um alerta para os erros cometidos pelos nossos jovens na escrita do português) e em defesa de alguém referido pelas iniciais HP, que os repórteres do Correio da Manhã julgam significar Homicida Paranormal. Para Leonel de Carvalho, responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança, não há motivo para alarmes e só por "delírio" poderá alguém comparar a situação das artes mágicas em Portugal com a que se verifica noutros países, mas admitiu aumento ligeiro no ilícito sobrenatural. "Passámos de uma taxa de queixas por ocorrência mística de 0.00001% em 2006 para 0.00002% em 2007 e isso poderá dever-se à entrada no nosso país de imigrantes que vêm de uma cultura feiticeira a que não estamos habituados," explica, enfiando esferográficas nas narinas para imitar uma morsa. Depois de transformar uma brincadeira de miúdos numa "máfia das favelas", o Correio da Manhã volta a prestar mais um grande serviço ao país. Para Eduardo Dâmaso, director-adjunto, "é responsabilidade dos jornalistas alertar os cidadãos para todas as ameaças, sejam reais ou fictícias." Confrontado com o facto de não ser essa a responsabilidade dos jornalistas, não fez mais comentários, desculpando-se com a investigação de práticas satânicas na claque benfiquista dos Diabos Vermelhos .
http://www.inepcia.com/
«A experiência é a madre de todas as cousas»
É possível superar crises matrimoniais, assegura Papa
Recuperar a esperança para que a chama do amor volte a arder
Bento XVI não só está convencido de que é possível superar as crises matrimoniais, mas também constata que a relação dos casais que conseguem isso se torna mais profunda, seu amor fica reforçado.
http://www.ateismo.net/
Será que ele fala por experiência própria? Não? Então porque é que ele não se cala em vez de dizer asneira?
Recuperar a esperança para que a chama do amor volte a arder
Bento XVI não só está convencido de que é possível superar as crises matrimoniais, mas também constata que a relação dos casais que conseguem isso se torna mais profunda, seu amor fica reforçado.
http://www.ateismo.net/
Será que ele fala por experiência própria? Não? Então porque é que ele não se cala em vez de dizer asneira?
Um dia, desisto de tudo e faço o mesmo
Bush: o último negócio
No passado fim-de-semana, o presidente estadunidense, George W. Bush, enviou ao Congresso uma proposta de “resgate” do sector financeiro por 700 mil milhões de dólares, adicionais aos 285 mil milhões destinados pela Reserva Federal ao saneamento das empresas hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac. O dinheiro solicitado serviria para a aquisição discricionária e sem controle, por parte do Departamento do Tesouro, de “activos daninhos”, “dívidas más” e carteiras vencidas, especialmente no sector imobiliário. Dizendo de forma clara, a iniciativa de Bush consiste em que o Estado adquira dívidas privadas e as reparta entre o conjunto da população em geral, o que representaria um prejuízo per capita de 2 mil dólares.
O descaramento desta solicitação sacudiu a classe política de Washington, já que resulta evidente que, ao amparo do “resgate” proposto, desapareceriam centenas de milhares de milhões de dinheiro público num poço sem fundo de corrupção, favoritismos e cumplicidades, tal e como ocorreu há uma década no México, quando a administração zedillista arquitectou o salvamento da banca privada com encargo para os contribuintes em geral. Para cúmulo, existe o precedente da forma inescrupulosa como a Casa Branca geriu as somas multimilionárias destinadas à guerra contra o Iraque, boa parte das quais foram parar a contratos duvidosos ou inexistentes em benefício de corporações do círculo presidencial mais próximo, particularmente a Halliburton, da qual o vice-presidente Dick Cheney foi director-geral. Em tais circunstâncias, salientam-se as reacções de rejeição à iniciativa por parte do candidato presidencial democrata, Barack Obama, e até do republicano, John McCain, urgido a distanciar-se das corruptelas, ineficiências e torpezas do actual governo, encabeçado pelo seu correligionário.
Um terceiro elemento que explicaria as reservas geradas pelo plano citado é a arrogância e o despotismo com que foi apresentado - sem uma só justificação, sem um programa, sem critérios para a aplicação dos fundos - no que constitui a expressão de uma presidência acostumada, desde Setembro de 2001, a actuar sem contrapesos, a atropelar os direitos básicos e a que o Legislativo e o Judicial lhe outorguem toda a espécie de “poderes especiais” com o pretexto de “combater o terrorismo”. De resto, nos termos em que está proposta, a iniciativa de Bush permitiria aos grandes capitais sair indemnes das consequências desastrosas da sua própria voracidade, mas não ajudaria em nada os cidadãos que perderam ou estão a ponto de perder as suas moradias, no contexto da crise imobiliária que sacode o país vizinho. Neste aspecto, o “resgate” proposto pela Casa Branca também se parece com a operação Fobaproa-Ipab projectada e aprovada pelos priístas e panistas [1] no nosso país.
Para além de considerações éticas - que nunca foram o forte do actual governo estadunidense -, eleitorais, políticas e sociais, é claro que, a aprovar-se o “resgate” proposto pelo ainda presidente dos Estados Unidos, o gasto público sofreria uma reorientação radical para favorecer os accionistas e executivos das grandes firmas financeiras, inúmeros programas sociais e de criação de infra-estruturas seriam paralisados e multiplicar-se-iam, em consequência, os elementos recessivos para uma economia já por si afectada pela crise hipotecária e pelos altos preços dos combustíveis. Por isso, esta proposta de saque do erário estadunidense está muito distante de ter assegurada a sua aprovação legislativa.
Na medida em que uma agudização dos problemas da economia estadunidense teria repercussões graves e indesejáveis no resto do mundo e, particularmente, no nosso país - por muito que as mais altas autoridades mexicanas se empenhem em minimizar de forma irresponsável a preocupante conjuntura -, cabe esperar que o sentido comum prevaleça e que as acções para reorganizar o sector financeiro estadunidense, sem dúvida necessárias, resultem muito diferentes da proposta que a Casa Branca enviou ao Capitólio no sábado passado e que parece, à luz do historial de apropriação privada de dinheiros públicos que caracteriza a actual administração, a tentativa de fazer um último grande negócio por parte da máfia empresarial que rodeia o actual presidente.
[1] Membros dos partidos mexicanos PRI e PAN, respectivamente (nota IA).
http://infoalternativa.org/spip.php?article109
O descaramento desta solicitação sacudiu a classe política de Washington, já que resulta evidente que, ao amparo do “resgate” proposto, desapareceriam centenas de milhares de milhões de dinheiro público num poço sem fundo de corrupção, favoritismos e cumplicidades, tal e como ocorreu há uma década no México, quando a administração zedillista arquitectou o salvamento da banca privada com encargo para os contribuintes em geral. Para cúmulo, existe o precedente da forma inescrupulosa como a Casa Branca geriu as somas multimilionárias destinadas à guerra contra o Iraque, boa parte das quais foram parar a contratos duvidosos ou inexistentes em benefício de corporações do círculo presidencial mais próximo, particularmente a Halliburton, da qual o vice-presidente Dick Cheney foi director-geral. Em tais circunstâncias, salientam-se as reacções de rejeição à iniciativa por parte do candidato presidencial democrata, Barack Obama, e até do republicano, John McCain, urgido a distanciar-se das corruptelas, ineficiências e torpezas do actual governo, encabeçado pelo seu correligionário.
Um terceiro elemento que explicaria as reservas geradas pelo plano citado é a arrogância e o despotismo com que foi apresentado - sem uma só justificação, sem um programa, sem critérios para a aplicação dos fundos - no que constitui a expressão de uma presidência acostumada, desde Setembro de 2001, a actuar sem contrapesos, a atropelar os direitos básicos e a que o Legislativo e o Judicial lhe outorguem toda a espécie de “poderes especiais” com o pretexto de “combater o terrorismo”. De resto, nos termos em que está proposta, a iniciativa de Bush permitiria aos grandes capitais sair indemnes das consequências desastrosas da sua própria voracidade, mas não ajudaria em nada os cidadãos que perderam ou estão a ponto de perder as suas moradias, no contexto da crise imobiliária que sacode o país vizinho. Neste aspecto, o “resgate” proposto pela Casa Branca também se parece com a operação Fobaproa-Ipab projectada e aprovada pelos priístas e panistas [1] no nosso país.
Para além de considerações éticas - que nunca foram o forte do actual governo estadunidense -, eleitorais, políticas e sociais, é claro que, a aprovar-se o “resgate” proposto pelo ainda presidente dos Estados Unidos, o gasto público sofreria uma reorientação radical para favorecer os accionistas e executivos das grandes firmas financeiras, inúmeros programas sociais e de criação de infra-estruturas seriam paralisados e multiplicar-se-iam, em consequência, os elementos recessivos para uma economia já por si afectada pela crise hipotecária e pelos altos preços dos combustíveis. Por isso, esta proposta de saque do erário estadunidense está muito distante de ter assegurada a sua aprovação legislativa.
Na medida em que uma agudização dos problemas da economia estadunidense teria repercussões graves e indesejáveis no resto do mundo e, particularmente, no nosso país - por muito que as mais altas autoridades mexicanas se empenhem em minimizar de forma irresponsável a preocupante conjuntura -, cabe esperar que o sentido comum prevaleça e que as acções para reorganizar o sector financeiro estadunidense, sem dúvida necessárias, resultem muito diferentes da proposta que a Casa Branca enviou ao Capitólio no sábado passado e que parece, à luz do historial de apropriação privada de dinheiros públicos que caracteriza a actual administração, a tentativa de fazer um último grande negócio por parte da máfia empresarial que rodeia o actual presidente.
[1] Membros dos partidos mexicanos PRI e PAN, respectivamente (nota IA).
http://infoalternativa.org/spip.php?article109
O impensável aconteceu
A palavra não aparece nos media norteamericanos mas é disso que se trata: nacionalização. Perante as falências ocorridas, anunciadas ou iminentes de importantes bancos de investimento, das duas maiores sociedades hipotecárias do país e da maior seguradora do mundo, o Governo Federal dos EUA decidiu assumir o controle directo de uma parte importante do sistema financeiro. A medida não é inédita, pois o Governo interveio em outros momentos de crise profunda: em 1792 (no mandato do primeiro presidente do país), em 1907 (neste caso, o papel central na resolução da crise coube ao grande banco de então, J.P. Morgan, hoje, Morgan Stanley, também em risco), em 1929 (a grande depressão que durou até à Segunda Guerra Mundial: em 1933, 1000 norteamericanos por dia perdiam as suas casas a favor dos bancos) e 1985 ( a crise das sociedades de aforro).
O que é novo na intervenção em curso é a sua magnitude e o facto de ela ocorrer ao fim de trinta anos de evangelização neoliberal conduzida com mão de ferro a nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e o Banco Mundial (BM): mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social. Foi com estas receitas que se “resolveram” as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.
À luz disto, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição; o capital tem sempre o Estado à sua disposição e, consoante os ciclos, ora por via da regulação ora por via da desregulação.
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal. Muito continuará como dantes: o espiríto individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o facto de que a factura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos, já que é com seu dinheiro que o Estado intervém e muitos perdem o emprego, a casa e a pensão.
Mas muito mais mudará.
Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge um novo patamar. Este país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira massiça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão “soberana” de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o actual American way of life.
Segundo, o FMI e o BM deixaram de ter qualquer autoridade para impor as suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela agora fantasma. A hipocrisia dos critérios duplos ( uns válidos para os países do Norte global e outros válidos para os países do Sul global) está exposta com uma crueza chocante. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, não só protecção e regulação específicas, como também taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o sector automóvel).
Não estamos perante uma desglobalização mas estamos certamente perante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já hoje presentes na África e na Ásia mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul. Por sua vez, a União Europeia, o regionalismo mais avançado, terá que mudar o curso neoliberal da actual Comissão sob pena de ter o mesmo destino dos EUA.
Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso que seja possível acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado.
Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo Estado que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção. Isto significa que se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução.
Quinto, as mudanças na globalização hegemónica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais que se vão certamente reflectir no Forum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.
Boaventura Sousa Santos
Retirado de :
www.ces.uc.pt/publicacoes/opiniao/bss/206.php
Ver ainda:
http://www.boaventuradesousasantos.pt/
O que é novo na intervenção em curso é a sua magnitude e o facto de ela ocorrer ao fim de trinta anos de evangelização neoliberal conduzida com mão de ferro a nível global pelos EUA e pelas instituições financeiras por eles controladas, FMI e o Banco Mundial (BM): mercados livres e, porque livres, eficientes; privatizações; desregulamentação; Estado fora da economia porque inerentemente corrupto e ineficiente; eliminação de restrições à acumulação de riqueza e à correspondente produção de miséria social. Foi com estas receitas que se “resolveram” as crises financeiras da América Latina e da Ásia e que se impuseram ajustamentos estruturais em dezenas de países. Foi também com elas que milhões de pessoas foram lançadas no desemprego, perderam as suas terras ou os seus direitos laborais, tiveram de emigrar.
À luz disto, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização; o mercado não é, por si, racional e eficiente, apenas sabe racionalizar a sua irracionalidade e ineficiência enquanto estas não atingirem o nível de auto-destruição; o capital tem sempre o Estado à sua disposição e, consoante os ciclos, ora por via da regulação ora por via da desregulação.
Esta não é a crise final do capitalismo e, mesmo se fosse, talvez a esquerda não soubesse o que fazer dela, tão generalizada foi a sua conversão ao evangelho neoliberal. Muito continuará como dantes: o espiríto individualista, egoísta e anti-social que anima o capitalismo; o facto de que a factura das crises é sempre paga por quem nada contribuiu para elas, a esmagadora maioria dos cidadãos, já que é com seu dinheiro que o Estado intervém e muitos perdem o emprego, a casa e a pensão.
Mas muito mais mudará.
Primeiro, o declínio dos EUA como potência mundial atinge um novo patamar. Este país acaba de ser vítima das armas de destruição financeira massiça com que agrediu tantos países nas últimas décadas e a decisão “soberana” de se defender foi afinal induzida pela pressão dos seus credores estrangeiros (sobretudo chineses) que ameaçaram com uma fuga que seria devastadora para o actual American way of life.
Segundo, o FMI e o BM deixaram de ter qualquer autoridade para impor as suas receitas, pois sempre usaram como bitola uma economia que se revela agora fantasma. A hipocrisia dos critérios duplos ( uns válidos para os países do Norte global e outros válidos para os países do Sul global) está exposta com uma crueza chocante. Daqui em diante, a primazia do interesse nacional pode ditar, não só protecção e regulação específicas, como também taxas de juro subsidiadas para apoiar indústrias em perigo (como as que o Congresso dos EUA acaba de aprovar para o sector automóvel).
Não estamos perante uma desglobalização mas estamos certamente perante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada. Emergem novos regionalismos, já hoje presentes na África e na Ásia mas sobretudo importantes na América Latina, como o agora consolidado com a criação da União das Nações Sul-Americanas e do Banco do Sul. Por sua vez, a União Europeia, o regionalismo mais avançado, terá que mudar o curso neoliberal da actual Comissão sob pena de ter o mesmo destino dos EUA.
Terceiro, as políticas de privatização da segurança social ficam desacreditadas: é eticamente monstruoso que seja possível acumular lucros fabulosos com o dinheiro de milhões trabalhadores humildes e abandonar estes à sua sorte quando a especulação dá errado.
Quarto, o Estado que regressa como solução é o mesmo Estado que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção. Isto significa que se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução.
Quinto, as mudanças na globalização hegemónica vão provocar mudanças na globalização dos movimentos sociais que se vão certamente reflectir no Forum Social Mundial: a nova centralidade das lutas nacionais e regionais; as relações com Estados e partidos progressistas e as lutas pela refundação democrática do Estado; contradições entre classes nacionais e transnacionais e as políticas de alianças.
Boaventura Sousa Santos
Retirado de :
www.ces.uc.pt/publicacoes/opiniao/bss/206.php
Ver ainda:
http://www.boaventuradesousasantos.pt/
O charlatão
Numa rua de má fama
faz negócio um charlatão
Vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão
………………………
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro de um canhão
e o trono é do charlatão
Excertos do Poema “O Charlatão” de Sérgio Godinho
http://www.wehavekaosinthegarden.blogspot.com/
O CASO 'LISBOAGATE' E A CULTURA DA CUNHA
A cunha tem muito que se lhe diga. Toda a gente está disposta a condená-la e a
apontá-la como uma das causas do atraso de Portugal, mas poucos, na prática, passam sem ela. Se Jesus, em vez de frequentar as terras de Israel, tivesse pregado nas margens do Tejo, teria dito à multidão em fúria: "Quem nunca meteu uma cunha que atire a primeira pedra." E aí todos baixariam a cabeça, começando pelos mais velhos, e iriam apedrejar para outra freguesia. É que a cunha não é um acto de corrupção, como enfiar notas na mão de um autarca. É, de forma bem mais cândida, driblar a máquina burocrática, pedir pequenos favores para o primo que é óptimo rapaz, tentar muitas vezes ajudar quem efectivamente precisa ou, como se diz na minha terra, ter um simples "olhamento".
Mas, claro, de cunhas bem-intencionadas está o inferno cheio. Veja-se o caso "Lisboagate". As primeiras notícias divulgadas pelo DN ainda vinham acompanhadas de um halo de santidade. Os abusos na atribuição de casas pela autarquia eram, afinal, justificados pelas melhores razões: do Presidente da República à esposa do primeiro-ministro, todos metiam cunhas e pediam casas, mas sempre a favor do pobrezinho desamparado. A cunha, boa parte das vezes, não beneficia directamente o próprio e é feita com o argumento de reparar uma injustiça. O problema é que, sem a existência de regras claras e justas, passa a haver uma espécie de fotogenia da pobreza: beneficiam aqueles que melhor comoverem os poderosos. Claro que atrás do pobre vem o motorista do Presidente que mora longe, coitado, e atrás do motorista vem a funcionária que se divorciou e não tem para onde ir, e atrás da funcionária vem o filho da funcionária, que também é filho de Deus.
A partir daí, nessa avalanche de cunhas e favores cabe tudo, e tudo se mistura. Quando o caso "Lisboagate" atinge um nome como o de Baptista-Bastos, é porque algo está podre no reino da Dinamarca. Numa breve troca de mails, Baptista-Bastos negou-me ter tido qualquer comportamento "reprovável" e eu não tenho qualquer razão para pôr em causa a sua verticalidade. Mas também não tenho dúvidas de que ele jamais deveria ter recorrido à câmara para conseguir uma casa. O escritor Baptista-Bastos, que já tanto deu a Lisboa, podia ter direito a ser ajudado numa altura de dificuldade, como parece ter sido o caso. O jornalista Baptista-Bastos, não. Porque pediu um favor ao poder autárquico. Porque auferiu de um privilégio vedado ao cidadão comum. Que alguém que sempre foi tão moralmente exigente nos seus artigos de imprensa não perceba isto faz-me confusão. Quem, como ele, acredita na nobreza do jornalismo, tem de reconhecer uma cunha quando a vê. E, sobretudo, deve reconhecê-la quando a mete.
DN: João Miguel Tavares
apontá-la como uma das causas do atraso de Portugal, mas poucos, na prática, passam sem ela. Se Jesus, em vez de frequentar as terras de Israel, tivesse pregado nas margens do Tejo, teria dito à multidão em fúria: "Quem nunca meteu uma cunha que atire a primeira pedra." E aí todos baixariam a cabeça, começando pelos mais velhos, e iriam apedrejar para outra freguesia. É que a cunha não é um acto de corrupção, como enfiar notas na mão de um autarca. É, de forma bem mais cândida, driblar a máquina burocrática, pedir pequenos favores para o primo que é óptimo rapaz, tentar muitas vezes ajudar quem efectivamente precisa ou, como se diz na minha terra, ter um simples "olhamento".
Mas, claro, de cunhas bem-intencionadas está o inferno cheio. Veja-se o caso "Lisboagate". As primeiras notícias divulgadas pelo DN ainda vinham acompanhadas de um halo de santidade. Os abusos na atribuição de casas pela autarquia eram, afinal, justificados pelas melhores razões: do Presidente da República à esposa do primeiro-ministro, todos metiam cunhas e pediam casas, mas sempre a favor do pobrezinho desamparado. A cunha, boa parte das vezes, não beneficia directamente o próprio e é feita com o argumento de reparar uma injustiça. O problema é que, sem a existência de regras claras e justas, passa a haver uma espécie de fotogenia da pobreza: beneficiam aqueles que melhor comoverem os poderosos. Claro que atrás do pobre vem o motorista do Presidente que mora longe, coitado, e atrás do motorista vem a funcionária que se divorciou e não tem para onde ir, e atrás da funcionária vem o filho da funcionária, que também é filho de Deus.
A partir daí, nessa avalanche de cunhas e favores cabe tudo, e tudo se mistura. Quando o caso "Lisboagate" atinge um nome como o de Baptista-Bastos, é porque algo está podre no reino da Dinamarca. Numa breve troca de mails, Baptista-Bastos negou-me ter tido qualquer comportamento "reprovável" e eu não tenho qualquer razão para pôr em causa a sua verticalidade. Mas também não tenho dúvidas de que ele jamais deveria ter recorrido à câmara para conseguir uma casa. O escritor Baptista-Bastos, que já tanto deu a Lisboa, podia ter direito a ser ajudado numa altura de dificuldade, como parece ter sido o caso. O jornalista Baptista-Bastos, não. Porque pediu um favor ao poder autárquico. Porque auferiu de um privilégio vedado ao cidadão comum. Que alguém que sempre foi tão moralmente exigente nos seus artigos de imprensa não perceba isto faz-me confusão. Quem, como ele, acredita na nobreza do jornalismo, tem de reconhecer uma cunha quando a vê. E, sobretudo, deve reconhecê-la quando a mete.
DN: João Miguel Tavares
Desequilíbrios estruturais do capitalismo actual
A actual crise económico-financeira internacional insere-se no marco de um ciclo longo recessivo, do qual o capitalismo não logrou sair desde o seu início, em meados da década de setenta do século passado. Sem essa inserção, fica difícil a apreensão do carácter dessa crise, das consequências que pode produzir e do cenário que deve surgir depois dela.
OS CICLOS E AS CRISES
O capitalismo vive, pela própria natureza do seu processo de reprodução, articulado por ciclos, curtos e longos. Estes coordenam os ciclos curtos, numa perspectiva expansiva, se a curva das subidas e descidas das oscilações curtas apontam para cima, recessiva, se para baixo, conforme a teoria do economista russo Kondratieff, retomada teórica e historicamente por Ernst Mandel.
No segundo pós-guerra, o capitalismo viveu a sua «idade de ouro», segundo Eric Hobsbawn, em que coincidiram virtuosamente a maior expansão concomitante das grandes economias capitalistas – Estados Unidos, Alemanha, Japão –, do chamado “campo socialista”, dirigido pela União Soviética, e por economias periféricas, como o México, a Argentina, o Brasil, com os seus processos de industrialização dependente. A economia capitalista não deixou de apresentar os seus ciclos curtos de crise, mas cada novo ciclo retomava a expansão e empurrava a economia para patamares cada vez mais altos.
Foi um ciclo longo expansivo comandado por grandes corporações internacionais de carácter industrial e comercial, apoiado por um sistema financeiro em expansão e por grandes transformações na produção agrícola. Um modelo hegemónico regulador – ou keynesiano ou de bem-estar, conforme se queira chamá-lo – incentivava os investimentos produtivos, tendia a fortalecer a procura interna de consumo, promovia o fortalecimento dos Estados nacionais e a protecção das suas economias.
As crises, como é típico no capitalismo, expressavam processos de super-produção ou de sub-consumo – conforme se queira chamá-las –, reflectindo o desequilíbrio estrutural desse sistema entre a sua – reconhecida já por Marx no Manifesto Comunista – enorme capacidade de expansão das forças produtivas, mas que se chocam constantemente com a sua incapacidade de distribuir renda na mesma medida daquela expansão.
Na sua fase final, o ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra viu esse excedente, resultado acumulado da desfasagem entre produção e consumo, transformar-se em capital financeiro – os chamados euro-dólares –, que foi aproveitado por países como o Brasil para reciclar o seu modelo económico, diversificando a sua dependência externa e favorecendo a retomada da expansão económica interna, ainda antes do final do ciclo longo expansivo. Este factor – o golpe militar ainda no ciclo expansivo – diferenciou o cenário económico brasileiro do dos outros países da região, em que as ditaduras coincidiram com recessão, por já se darem no ciclo longo recessivo do capitalismo internacional.
Que características teve o final desse ciclo e o início do novo, de carácter recessivo? Tendo triunfado o diagnóstico de que a estagnação económica se devia ao excesso de regulamentações, o novo modelo centrou-se na desregulamentação, de que as privatizações, as aberturas para o mercado externo, as políticas de “flexibilização laboral”, de ajuste fiscal, foram expressões.
Duas consequências mais importantes devem ser recordadas aqui, para entendermos o carácter da crise actual e seus efeitos para os países latino-americanos. A primeira, o gigantesco processo de transferência de capitais do sector produtivo para o especulativo que a desregulamentação promoveu em escala nacional e internacional. Livre de travas, o capital migrou maciçamente para o sector financeiro e, em particular, para o sector especulativo, onde obtém muito mais lucros, com muito maior liquidez e com menos ou nenhuma tributação para circular.
Configurou-se assim, no modelo neoliberal, a hegemonia do capital financeiro, sob a forma do capital especulativo, fazendo com que mais de 90% dos movimentos económicos se dêem, não na esfera da produção ou do comércio de bens, mas na compra e venda de papéis, nas Bolsas de Valores ou de papéis das dívidas públicas dos governos.
Promoveu-se a financeirização das economias, o que significa, em primeiro lugar, a financeirização dos Estados, cujo primeiro e maior compromisso passa a ser o pagamento das dívidas, isto é, a reserva de recursos mediante o chamado “superávit primário” e a transferência maciça e sistemática de recursos do sector produtivo para o capital financeiro. Grandes grupos económicos têm à sua cabeça um banco, uma instituição financeira, e costumam ganhar mais nos investimentos financeiros que naqueles que deram origem às empresas que os compõem. Grande quantidade de pequenas e médias empresas entraram em processos de endividamento, dos quais não conseguem sair. Outras, assim como consumidores, não se atrevem a buscar empréstimos, pelo medo do endividamento, com as altas taxas de juros.
O capital financeiro passou a ser o sangue que corre pelas economias dos países, definindo o metabolismo que as preside. Um capital que tem na volatilidade, na sua extrema liquidez, um elemento essencial, inerente, aquele que permite deslocar-se rapidamente para onde pode ter maiores vantagens e, ao mesmo tempo, lhe atribui um grande poder de pressão, diante da fragilidade das economias que dependem estruturalmente dele.
AS CRISES NA FASE NEOLIBERAL
Dessas características decorre o carácter centralmente financeiro das crises no período neoliberal, como ficou evidenciado nas crises mexicana, asiática, russa, brasileira e argentina, entre outras. O sector financeiro canaliza para si os excedentes de capital, produto da desfasagem estrutural entre produção e consumo, agudizada na fase actual do capitalismo, em que a elevação da produtividade e a criatividade tecnológica continuaram a aprofundar-se, ao mesmo tempo que se deram processos de concentração de renda entre as classes sociais, entre países e regiões do mundo.
O poder devastador dessas crises e o potencial de contágio revelaram-se da mesma dimensão do tamanho da abertura das economias ao mercado internacional e ao peso que o capital financeiro passou a desempenhar em escala nacional e mundial. O México continuou a sofrer os impactos da crise de 1994 por muitos anos. O mesmo ocorreu com países do sudeste asiático. No Brasil, a crise de 1999 significou a passagem a anos de recessão, que só recentemente foram superados. Na Argentina, a crise teve consequências devastadoras do ponto de vista económico, financeiro, político e social.
São crises que se desatam a partir do elo mais frágil, mais sensível, do processo de reprodução – o sector financeiro –, mas que rapidamente se propagam pelo resto da economia, pelo papel central que esse sector passou a ter e pelos aspectos psicológicos em que assenta. Não por acaso o segundo livro de Francis Fukuyama se chamou Confiança, para denotar como as expectativas, positivas ou negativas, assumem força material no jogo especulativo.
A América Latina foi assim vítima privilegiada dessas crises, que não por acaso atingiram justamente as suas três economias mais fortes, que haviam sido exibidas como modelares – a mexicana, a brasileira e a argentina. Nos três casos a crise assumiu a forma de ataque especulativo, de crise financeira, que se alastra para o conjunto da economia. Os capitais especulativos valem-se do peso desestabilizador que têm na economia, para fazer valer essa posição, pressionando com uma saída brusca e maciça de capitais, acções governamentais ou simplesmente o jogo do mercado, lucrando enormemente com essas operações.
As crises anteriores tinham como cenários países da periferia, com efeitos que intensificaram a tendência para o enfraquecimento dos países globalizados e a intensificação da concentração de renda e de poder dos países globalizadores. Mesmo a crise na Rússia poderia ser caracterizada como a de uma economia tornada periférica, especialmente em meados da década de 1990. A excepção foi a ataque do mega-especulador George Soros à libra esterlina inglesa, mas acabou por ser um caso pontual, que não altera a regra geral de ocorrência das crises nas periferias.
No seu conjunto, como crises neoliberais, provocaram demandas de remédios neoliberais: mais abertura das economias – como se passou fortemente nos países do sudeste asiático –, mais empréstimos do FMI e as correspondentes Cartas de intenção, com aumento dos ajustes fiscais. A economia mexicana recebeu um empréstimo gigante dos Estados Unidos no momento da crise de 1994, inclusive porque se dava no próprio momento em que se assinava o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e do surgimento da rebelião dos zapatistas em Chiapas. Como compromisso, o México usou esses recursos para pagar os empréstimos dos bancos norte-americanos e continuou a aprofundar o modelo neoliberal.
O governo brasileiro de FHC, frente à crise de 1999, elevou a taxa de juros a 49% e assinou a terceira Carta de intenções com o FMI, cujas consequências estenderam a recessão por vários anos. Na Argentina, a crise de explosão do modelo de paridade do peso com o dólar, produziu a maior regressão económica e social que o país conheceu em toda a sua história. O governo de Fernando de la Rua tentou manter o modelo herdado de Carlos Menem e com isso caiu com poucos meses do seu mandato presidencial.
A CRISE ACTUAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A crise anterior da economia norte-americana deu-se em 2000, quando se desvanecia a ilusão de que a “nova economia” permitiria que o capitalismo não sofresse mais as suas crises cíclicas, seja porque a informática permitira prevê-las e permitira que fossem evitadas, seja porque novas procuras, como as de computadores, gerariam, da mesma forma que no caso dos automóveis, o lançamento anual de novos modelos, que estenderiam cada vez mais a procura. Naquele momento, o papel do mercado norte-americano no mundo continuava a ser determinante no mundo, transferindo os efeitos da sua recessão para o resto da economia mundial.
Desta vez, a crise norte-americana dá-se em um cenário internacional modificado. A contínua expansão de países emergentes – entre eles sobretudo a China e a Índia, mas também países latino-americanos, que mantêm ritmos constantes de crescimento, entre os quais particularmente o Brasil e a Argentina – amortece a diminuição da procura dos EUA e, pela primeira vez, a recessão da economia norte-americana não tem efeitos directos e devastadores sobre a economia mundial.
Porém, como essa crise se vê agravada com o aumento dos preços dos produtos agrícolas e a continuada crise do petróleo, constituindo-se, na verdade, numa tripla crise, os seus efeitos são mais profundos e extensos do que apenas uma crise cíclica da economia norte-americana. São afectadas então, não apenas as exportações para os Estados Unidos, mas também os importadores de energia e de produtos agrícolas, lista que, em uma ou outra proporção, afecta todos os países do mundo.
No entanto, como todo fenómeno de um sistema marcado pela extrema desigualdade de riqueza e de poder entre regiões e países e dentro de cada país, os efeitos das crises não são igualmente repartidos entre todos. Há ganhadores e perdedores, algozes e vítimas.
Como a crise está em pleno desenvolvimento, os seus alcances não podem ainda ser julgados em toda a sua plenitude e dão-se pugnas para ver quem consegue extrair vantagens, quem trata de perder menos, ainda não é possível saber com precisão os danos em toda a sua extensão e quem arcará com eles. É certo que o mundo sairá modificado desta crise, até mesmo porque toca em três pontos nodais das relações económicas e de poder actuais: dinheiro, energia e comida. No entanto, as estruturas de poder, de produção e de distribuição de riqueza reinantes, garantem resultados absolutamente diferenciados para distintas regiões e países como efeito das crises.
Na combinação entre aumento dos preços do petróleo, dos produtos agrícolas e diminuição da procura dos EUA e da Europa, os países mais pobres, que somam a grande maioria da África, da Ásia e da América Latina, perderão claramente, com fortes pressões recessivas, déficit na balança comercial e aumento do endividamento. Os países exportadores de petróleo e de produtos agrícolas com altas mais significativas, terão as suas situações minoradas, mas as pressões inflacionárias não poupam nenhum país e, com elas, as políticas recessivas voltam a ganhar peso.
Para a América Latina, os efeitos são mais pesados e directos para os países que continuam a depender mais fortemente do comércio com os Estados Unidos: o México, a América Central e o Caribe, em primeiro lugar. Em segundo lugar, os países com pautas exportadoras menos valorizadas ou aqueles que tiveram o seu ciclo de expansão económica excessivamente voltado para as exportações, em particular as economias mais abertas, entre elas as que têm tratados de livre comércio com os Estados Unidos, como o Chile, o Peru, além dos já mencionados México, Costa Rica e outros países centro-americanos e caribenhos. Relativamente menos afectados devem ser os países com pautas exportadoras mais diversificadas – seja nos produtos, seja nos mercados -, como o Brasil, em parte a Argentina, e os que participam dos processos de integração regional – seja o Mercosul, seja a ALBA. Para estes, as crises são uma oportunidade especial para acelerar e intensificar os processos de integração, de comércio, assim como nos planos financeiro e energético.
Seja pela combinação das crises, seja porque afecta profundamente os Estados Unidos, no momento em que, pela primeira vez, o seu peso na economia mundial decresce, o mundo e a América Latina em particular, terão fisionomias distintas, seja acelerando transformações já em andamento, seja dando início a novas dinâmicas, passadas as crises – cujas durações e profundidades ainda não podem ser medidas com toda a precisão.
http://infoalternativa.org/spip.php?article119
OS CICLOS E AS CRISES
O capitalismo vive, pela própria natureza do seu processo de reprodução, articulado por ciclos, curtos e longos. Estes coordenam os ciclos curtos, numa perspectiva expansiva, se a curva das subidas e descidas das oscilações curtas apontam para cima, recessiva, se para baixo, conforme a teoria do economista russo Kondratieff, retomada teórica e historicamente por Ernst Mandel.
No segundo pós-guerra, o capitalismo viveu a sua «idade de ouro», segundo Eric Hobsbawn, em que coincidiram virtuosamente a maior expansão concomitante das grandes economias capitalistas – Estados Unidos, Alemanha, Japão –, do chamado “campo socialista”, dirigido pela União Soviética, e por economias periféricas, como o México, a Argentina, o Brasil, com os seus processos de industrialização dependente. A economia capitalista não deixou de apresentar os seus ciclos curtos de crise, mas cada novo ciclo retomava a expansão e empurrava a economia para patamares cada vez mais altos.
Foi um ciclo longo expansivo comandado por grandes corporações internacionais de carácter industrial e comercial, apoiado por um sistema financeiro em expansão e por grandes transformações na produção agrícola. Um modelo hegemónico regulador – ou keynesiano ou de bem-estar, conforme se queira chamá-lo – incentivava os investimentos produtivos, tendia a fortalecer a procura interna de consumo, promovia o fortalecimento dos Estados nacionais e a protecção das suas economias.
As crises, como é típico no capitalismo, expressavam processos de super-produção ou de sub-consumo – conforme se queira chamá-las –, reflectindo o desequilíbrio estrutural desse sistema entre a sua – reconhecida já por Marx no Manifesto Comunista – enorme capacidade de expansão das forças produtivas, mas que se chocam constantemente com a sua incapacidade de distribuir renda na mesma medida daquela expansão.
Na sua fase final, o ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra viu esse excedente, resultado acumulado da desfasagem entre produção e consumo, transformar-se em capital financeiro – os chamados euro-dólares –, que foi aproveitado por países como o Brasil para reciclar o seu modelo económico, diversificando a sua dependência externa e favorecendo a retomada da expansão económica interna, ainda antes do final do ciclo longo expansivo. Este factor – o golpe militar ainda no ciclo expansivo – diferenciou o cenário económico brasileiro do dos outros países da região, em que as ditaduras coincidiram com recessão, por já se darem no ciclo longo recessivo do capitalismo internacional.
Que características teve o final desse ciclo e o início do novo, de carácter recessivo? Tendo triunfado o diagnóstico de que a estagnação económica se devia ao excesso de regulamentações, o novo modelo centrou-se na desregulamentação, de que as privatizações, as aberturas para o mercado externo, as políticas de “flexibilização laboral”, de ajuste fiscal, foram expressões.
Duas consequências mais importantes devem ser recordadas aqui, para entendermos o carácter da crise actual e seus efeitos para os países latino-americanos. A primeira, o gigantesco processo de transferência de capitais do sector produtivo para o especulativo que a desregulamentação promoveu em escala nacional e internacional. Livre de travas, o capital migrou maciçamente para o sector financeiro e, em particular, para o sector especulativo, onde obtém muito mais lucros, com muito maior liquidez e com menos ou nenhuma tributação para circular.
Configurou-se assim, no modelo neoliberal, a hegemonia do capital financeiro, sob a forma do capital especulativo, fazendo com que mais de 90% dos movimentos económicos se dêem, não na esfera da produção ou do comércio de bens, mas na compra e venda de papéis, nas Bolsas de Valores ou de papéis das dívidas públicas dos governos.
Promoveu-se a financeirização das economias, o que significa, em primeiro lugar, a financeirização dos Estados, cujo primeiro e maior compromisso passa a ser o pagamento das dívidas, isto é, a reserva de recursos mediante o chamado “superávit primário” e a transferência maciça e sistemática de recursos do sector produtivo para o capital financeiro. Grandes grupos económicos têm à sua cabeça um banco, uma instituição financeira, e costumam ganhar mais nos investimentos financeiros que naqueles que deram origem às empresas que os compõem. Grande quantidade de pequenas e médias empresas entraram em processos de endividamento, dos quais não conseguem sair. Outras, assim como consumidores, não se atrevem a buscar empréstimos, pelo medo do endividamento, com as altas taxas de juros.
O capital financeiro passou a ser o sangue que corre pelas economias dos países, definindo o metabolismo que as preside. Um capital que tem na volatilidade, na sua extrema liquidez, um elemento essencial, inerente, aquele que permite deslocar-se rapidamente para onde pode ter maiores vantagens e, ao mesmo tempo, lhe atribui um grande poder de pressão, diante da fragilidade das economias que dependem estruturalmente dele.
AS CRISES NA FASE NEOLIBERAL
Dessas características decorre o carácter centralmente financeiro das crises no período neoliberal, como ficou evidenciado nas crises mexicana, asiática, russa, brasileira e argentina, entre outras. O sector financeiro canaliza para si os excedentes de capital, produto da desfasagem estrutural entre produção e consumo, agudizada na fase actual do capitalismo, em que a elevação da produtividade e a criatividade tecnológica continuaram a aprofundar-se, ao mesmo tempo que se deram processos de concentração de renda entre as classes sociais, entre países e regiões do mundo.
O poder devastador dessas crises e o potencial de contágio revelaram-se da mesma dimensão do tamanho da abertura das economias ao mercado internacional e ao peso que o capital financeiro passou a desempenhar em escala nacional e mundial. O México continuou a sofrer os impactos da crise de 1994 por muitos anos. O mesmo ocorreu com países do sudeste asiático. No Brasil, a crise de 1999 significou a passagem a anos de recessão, que só recentemente foram superados. Na Argentina, a crise teve consequências devastadoras do ponto de vista económico, financeiro, político e social.
São crises que se desatam a partir do elo mais frágil, mais sensível, do processo de reprodução – o sector financeiro –, mas que rapidamente se propagam pelo resto da economia, pelo papel central que esse sector passou a ter e pelos aspectos psicológicos em que assenta. Não por acaso o segundo livro de Francis Fukuyama se chamou Confiança, para denotar como as expectativas, positivas ou negativas, assumem força material no jogo especulativo.
A América Latina foi assim vítima privilegiada dessas crises, que não por acaso atingiram justamente as suas três economias mais fortes, que haviam sido exibidas como modelares – a mexicana, a brasileira e a argentina. Nos três casos a crise assumiu a forma de ataque especulativo, de crise financeira, que se alastra para o conjunto da economia. Os capitais especulativos valem-se do peso desestabilizador que têm na economia, para fazer valer essa posição, pressionando com uma saída brusca e maciça de capitais, acções governamentais ou simplesmente o jogo do mercado, lucrando enormemente com essas operações.
As crises anteriores tinham como cenários países da periferia, com efeitos que intensificaram a tendência para o enfraquecimento dos países globalizados e a intensificação da concentração de renda e de poder dos países globalizadores. Mesmo a crise na Rússia poderia ser caracterizada como a de uma economia tornada periférica, especialmente em meados da década de 1990. A excepção foi a ataque do mega-especulador George Soros à libra esterlina inglesa, mas acabou por ser um caso pontual, que não altera a regra geral de ocorrência das crises nas periferias.
No seu conjunto, como crises neoliberais, provocaram demandas de remédios neoliberais: mais abertura das economias – como se passou fortemente nos países do sudeste asiático –, mais empréstimos do FMI e as correspondentes Cartas de intenção, com aumento dos ajustes fiscais. A economia mexicana recebeu um empréstimo gigante dos Estados Unidos no momento da crise de 1994, inclusive porque se dava no próprio momento em que se assinava o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e do surgimento da rebelião dos zapatistas em Chiapas. Como compromisso, o México usou esses recursos para pagar os empréstimos dos bancos norte-americanos e continuou a aprofundar o modelo neoliberal.
O governo brasileiro de FHC, frente à crise de 1999, elevou a taxa de juros a 49% e assinou a terceira Carta de intenções com o FMI, cujas consequências estenderam a recessão por vários anos. Na Argentina, a crise de explosão do modelo de paridade do peso com o dólar, produziu a maior regressão económica e social que o país conheceu em toda a sua história. O governo de Fernando de la Rua tentou manter o modelo herdado de Carlos Menem e com isso caiu com poucos meses do seu mandato presidencial.
A CRISE ACTUAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A crise anterior da economia norte-americana deu-se em 2000, quando se desvanecia a ilusão de que a “nova economia” permitiria que o capitalismo não sofresse mais as suas crises cíclicas, seja porque a informática permitira prevê-las e permitira que fossem evitadas, seja porque novas procuras, como as de computadores, gerariam, da mesma forma que no caso dos automóveis, o lançamento anual de novos modelos, que estenderiam cada vez mais a procura. Naquele momento, o papel do mercado norte-americano no mundo continuava a ser determinante no mundo, transferindo os efeitos da sua recessão para o resto da economia mundial.
Desta vez, a crise norte-americana dá-se em um cenário internacional modificado. A contínua expansão de países emergentes – entre eles sobretudo a China e a Índia, mas também países latino-americanos, que mantêm ritmos constantes de crescimento, entre os quais particularmente o Brasil e a Argentina – amortece a diminuição da procura dos EUA e, pela primeira vez, a recessão da economia norte-americana não tem efeitos directos e devastadores sobre a economia mundial.
Porém, como essa crise se vê agravada com o aumento dos preços dos produtos agrícolas e a continuada crise do petróleo, constituindo-se, na verdade, numa tripla crise, os seus efeitos são mais profundos e extensos do que apenas uma crise cíclica da economia norte-americana. São afectadas então, não apenas as exportações para os Estados Unidos, mas também os importadores de energia e de produtos agrícolas, lista que, em uma ou outra proporção, afecta todos os países do mundo.
No entanto, como todo fenómeno de um sistema marcado pela extrema desigualdade de riqueza e de poder entre regiões e países e dentro de cada país, os efeitos das crises não são igualmente repartidos entre todos. Há ganhadores e perdedores, algozes e vítimas.
Como a crise está em pleno desenvolvimento, os seus alcances não podem ainda ser julgados em toda a sua plenitude e dão-se pugnas para ver quem consegue extrair vantagens, quem trata de perder menos, ainda não é possível saber com precisão os danos em toda a sua extensão e quem arcará com eles. É certo que o mundo sairá modificado desta crise, até mesmo porque toca em três pontos nodais das relações económicas e de poder actuais: dinheiro, energia e comida. No entanto, as estruturas de poder, de produção e de distribuição de riqueza reinantes, garantem resultados absolutamente diferenciados para distintas regiões e países como efeito das crises.
Na combinação entre aumento dos preços do petróleo, dos produtos agrícolas e diminuição da procura dos EUA e da Europa, os países mais pobres, que somam a grande maioria da África, da Ásia e da América Latina, perderão claramente, com fortes pressões recessivas, déficit na balança comercial e aumento do endividamento. Os países exportadores de petróleo e de produtos agrícolas com altas mais significativas, terão as suas situações minoradas, mas as pressões inflacionárias não poupam nenhum país e, com elas, as políticas recessivas voltam a ganhar peso.
Para a América Latina, os efeitos são mais pesados e directos para os países que continuam a depender mais fortemente do comércio com os Estados Unidos: o México, a América Central e o Caribe, em primeiro lugar. Em segundo lugar, os países com pautas exportadoras menos valorizadas ou aqueles que tiveram o seu ciclo de expansão económica excessivamente voltado para as exportações, em particular as economias mais abertas, entre elas as que têm tratados de livre comércio com os Estados Unidos, como o Chile, o Peru, além dos já mencionados México, Costa Rica e outros países centro-americanos e caribenhos. Relativamente menos afectados devem ser os países com pautas exportadoras mais diversificadas – seja nos produtos, seja nos mercados -, como o Brasil, em parte a Argentina, e os que participam dos processos de integração regional – seja o Mercosul, seja a ALBA. Para estes, as crises são uma oportunidade especial para acelerar e intensificar os processos de integração, de comércio, assim como nos planos financeiro e energético.
Seja pela combinação das crises, seja porque afecta profundamente os Estados Unidos, no momento em que, pela primeira vez, o seu peso na economia mundial decresce, o mundo e a América Latina em particular, terão fisionomias distintas, seja acelerando transformações já em andamento, seja dando início a novas dinâmicas, passadas as crises – cujas durações e profundidades ainda não podem ser medidas com toda a precisão.
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Colapso financeiro: O edifício financeiro do imperialismo corre o risco de desintegrar-se
Os acontecimentos dos últimos dez dias na Wall Street representam uma fase nova e mais desestabilizadora da comoção que agarra as instituições financeiras e os mercados nos EUA. Uma crise financeira que tem estado a desdobrar-se ao longo de mais de um ano. Ela já é agora a mais séria crise financeira do capitalismo estado-unidense desde a Grande Depressão da década de 1930. E de forma alguma contida ou sob controle.
O edifício financeiro do imperialismo americano está em perigo de desintegração. E a classe dominante dos EUA está a remendar medidas desesperadas para impedir o colapso generalizado.
Esta análise examina as erupções recentes na Wall Street em meados e fins de Setembro e as causas estruturais mais profundas da crise.
A Wall Street entra em pânico, os guardiões do capitalismo estado-unidense debatem-se
A) Uma semana de aprofundamento da crise financeira
Dois dos últimos dois bancos de investimento independentes na Wall Street deixaram de existir em meados de Setembro. Numa questão de horas, o Lehman Brothers entrou em bancarrota (a 15/Setembro), ao passo que o Merrill Lynch foi forçado à liquidação e a seguir absorvida pelo Bank of America. Isto segue-se à tomada de controle, promovida pelo governo em Abril, do Bear Stearns, outro banco de investimento gigante que estava encostado às cordas, pelo JPMorgan Chase.
Isto ocorreu apenas algumas semanas antes de o governo estado-unidense ter tomado os dois maiores e insolventes gigantes das finanças hipotecárias – a Fannie Mae e o Freddie Mac. Naquele momento, esta tomada fora apresentada como se proporcionasse uma muralha (firewall) contra futuras erupções financeiras. Mas isto demonstrou-se ser apenas um remendo de um buraco durante um terramoto. Na semana passada o governo teve de assumir o comando do American International Group (AIG), a gigantesca firma de seguros financeiros.
A AIG tem mais de um milhão de milhões (trillion) de activos. Elas ganhou lucros enormes ao fazer seguros de investimentos apoiados por hipotecas que circulavam no sistema financeiro os quais eram possuídos por outros bancos. Mas isto resultou num desastre. Aqui está algo do que aconteceu:
Através da fraude e do marketing agressivo, os bancos venderam hipotecas às pessoas. O Federal Reserve Bank bombeou fundos a baixo custo para dentro do sistema bancário a fim de impulsionar empréstimos hipotecários. Estes empréstimos foram então juntados em maiores grupos de empréstimos pelos bancos de investimento (como a Lehman Brothers) e transformados em produtos financeiros que eram vendidos nos mercados financeiros. Verificou-se toda espécie de concessão de empréstimos tendo estes empréstimos originais como colateral. Mas quando os preços da habitação caíram, e as hipotecas não podiam ser pagas, grandes parte deste colateral tornou-se sem valor.
A AIG estava a segurar grande parte destas concessões de empréstimos contra o risco de perda. Mas quando as perdas subiram astronomicamente, a AIG não podia cobrir os custos do apoio a esta dívida nem tomar emprestados fundos nos mercados financeiros a fim de manter-se a flutuar.
Os mercados financeiros basicamente perderam a confiança, e os activos da AIG caíram de valor. A AIG estava em perigo de colapso. Mas se a AIG estava assim, era grande a probabilidade de que arrastasse outras instituições financeiras consigo. Isto forçou a mão do governo.
Normalmente, as chamadas dívidas podres são comercializadas a preços de saldo. Durante a tempestade financeira de meados de Setembro, não só não havia tomadores para a dívida como também demonstrou-se ser impossível para os mercados financeiros estabelecerem qualquer espécie de valor sobre esta dívida.
Como o ritmo da crise financeira tornava-se mais frenético durante a semana de 15 de Setembro, a classe dominante dos EUA estava confrontada com um perigo duplo: perdas adicionais e em cadeia e bancarrotas no sector financeiro; e o possível sufocamento dos canais de concessão de empréstimos, o que poderia remeter a economia como um todo para uma rápida espiral de declínio.
A 19 de Setembro, o governo dos EUA anunciou o que provavelmente se verificará ser a maior operação de salvamento da história do país. Seu custo inicial é de US$700 mil milhões, e isto acumula-se com os US$200 mil milhões destinados a escorar o Freddie Mac e a Fannie Mae e ainda os US$85 mil milhões para salvar a AIG.
B) Dimensões internacionais
Isto é uma crise financeira e de crédito contínua. Ela está a ampliar-se internacionalmente com estouros de instabilidade. Com o turbilhão da semana passada nos mercados dos EUA o mercado de acções russo afundou e encerrou durante dois dias. Em outras partes do mundo, aumenta a preocupação sobre se empréstimos baseados no dólar em mercados globais continuariam na escala necessária para sustentar operações diárias de negócios. Em resposta, os bancos centrais da Alemanha, Japão, Inglaterra, Canadá e Suíça bombearam uns US$185 mil milhões para dentro dos mercados financeiros.
E a ansiedade dos investidores está a crescer no Extremo Oriente. A China, o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo, contam com os EUA como mercado principal para as exportações.
Uma das características mais significativas do crescimento e expansão mundial ao longo da última década tem sido o aprofundamento da integração da economia do mundo capitalista. Isto está a acontecer tanto ao nível da produção e do comércio — como as peças que constituem um automóvel produzidas em diferentes fábricas no mundo todo. E isto está a acontecer ao nível das finanças — em que os bancos estão mais globalmente e estreitamente interligados uns com os outros através de cadeia de tomadas e concessões de empréstimos e mesmo, como no caso da AIG, de seguros dos riscos das tomadas e concessões.
A operação de resgate anunciada pelo governo dos EUA foi provocada, por um lado, pela necessidade de estancar a hemorragia do sistema financeiro estado-unidense; e, por outro lado, pela necessidade de restaurar confiança internacional na economia dos EUA.
Raymond Lotta
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
O edifício financeiro do imperialismo americano está em perigo de desintegração. E a classe dominante dos EUA está a remendar medidas desesperadas para impedir o colapso generalizado.
Esta análise examina as erupções recentes na Wall Street em meados e fins de Setembro e as causas estruturais mais profundas da crise.
A Wall Street entra em pânico, os guardiões do capitalismo estado-unidense debatem-se
A) Uma semana de aprofundamento da crise financeira
Dois dos últimos dois bancos de investimento independentes na Wall Street deixaram de existir em meados de Setembro. Numa questão de horas, o Lehman Brothers entrou em bancarrota (a 15/Setembro), ao passo que o Merrill Lynch foi forçado à liquidação e a seguir absorvida pelo Bank of America. Isto segue-se à tomada de controle, promovida pelo governo em Abril, do Bear Stearns, outro banco de investimento gigante que estava encostado às cordas, pelo JPMorgan Chase.
Isto ocorreu apenas algumas semanas antes de o governo estado-unidense ter tomado os dois maiores e insolventes gigantes das finanças hipotecárias – a Fannie Mae e o Freddie Mac. Naquele momento, esta tomada fora apresentada como se proporcionasse uma muralha (firewall) contra futuras erupções financeiras. Mas isto demonstrou-se ser apenas um remendo de um buraco durante um terramoto. Na semana passada o governo teve de assumir o comando do American International Group (AIG), a gigantesca firma de seguros financeiros.
A AIG tem mais de um milhão de milhões (trillion) de activos. Elas ganhou lucros enormes ao fazer seguros de investimentos apoiados por hipotecas que circulavam no sistema financeiro os quais eram possuídos por outros bancos. Mas isto resultou num desastre. Aqui está algo do que aconteceu:
Através da fraude e do marketing agressivo, os bancos venderam hipotecas às pessoas. O Federal Reserve Bank bombeou fundos a baixo custo para dentro do sistema bancário a fim de impulsionar empréstimos hipotecários. Estes empréstimos foram então juntados em maiores grupos de empréstimos pelos bancos de investimento (como a Lehman Brothers) e transformados em produtos financeiros que eram vendidos nos mercados financeiros. Verificou-se toda espécie de concessão de empréstimos tendo estes empréstimos originais como colateral. Mas quando os preços da habitação caíram, e as hipotecas não podiam ser pagas, grandes parte deste colateral tornou-se sem valor.
A AIG estava a segurar grande parte destas concessões de empréstimos contra o risco de perda. Mas quando as perdas subiram astronomicamente, a AIG não podia cobrir os custos do apoio a esta dívida nem tomar emprestados fundos nos mercados financeiros a fim de manter-se a flutuar.
Os mercados financeiros basicamente perderam a confiança, e os activos da AIG caíram de valor. A AIG estava em perigo de colapso. Mas se a AIG estava assim, era grande a probabilidade de que arrastasse outras instituições financeiras consigo. Isto forçou a mão do governo.
Normalmente, as chamadas dívidas podres são comercializadas a preços de saldo. Durante a tempestade financeira de meados de Setembro, não só não havia tomadores para a dívida como também demonstrou-se ser impossível para os mercados financeiros estabelecerem qualquer espécie de valor sobre esta dívida.
Como o ritmo da crise financeira tornava-se mais frenético durante a semana de 15 de Setembro, a classe dominante dos EUA estava confrontada com um perigo duplo: perdas adicionais e em cadeia e bancarrotas no sector financeiro; e o possível sufocamento dos canais de concessão de empréstimos, o que poderia remeter a economia como um todo para uma rápida espiral de declínio.
A 19 de Setembro, o governo dos EUA anunciou o que provavelmente se verificará ser a maior operação de salvamento da história do país. Seu custo inicial é de US$700 mil milhões, e isto acumula-se com os US$200 mil milhões destinados a escorar o Freddie Mac e a Fannie Mae e ainda os US$85 mil milhões para salvar a AIG.
B) Dimensões internacionais
Isto é uma crise financeira e de crédito contínua. Ela está a ampliar-se internacionalmente com estouros de instabilidade. Com o turbilhão da semana passada nos mercados dos EUA o mercado de acções russo afundou e encerrou durante dois dias. Em outras partes do mundo, aumenta a preocupação sobre se empréstimos baseados no dólar em mercados globais continuariam na escala necessária para sustentar operações diárias de negócios. Em resposta, os bancos centrais da Alemanha, Japão, Inglaterra, Canadá e Suíça bombearam uns US$185 mil milhões para dentro dos mercados financeiros.
E a ansiedade dos investidores está a crescer no Extremo Oriente. A China, o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo, contam com os EUA como mercado principal para as exportações.
Uma das características mais significativas do crescimento e expansão mundial ao longo da última década tem sido o aprofundamento da integração da economia do mundo capitalista. Isto está a acontecer tanto ao nível da produção e do comércio — como as peças que constituem um automóvel produzidas em diferentes fábricas no mundo todo. E isto está a acontecer ao nível das finanças — em que os bancos estão mais globalmente e estreitamente interligados uns com os outros através de cadeia de tomadas e concessões de empréstimos e mesmo, como no caso da AIG, de seguros dos riscos das tomadas e concessões.
A operação de resgate anunciada pelo governo dos EUA foi provocada, por um lado, pela necessidade de estancar a hemorragia do sistema financeiro estado-unidense; e, por outro lado, pela necessidade de restaurar confiança internacional na economia dos EUA.
Raymond Lotta
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
segunda-feira, setembro 29, 2008
Por que é que não tenho uma casa da Câmara?
Antes de continuarem a ler este texto, agradeço que leiam esta pequena local, que saiu hoje no Expresso, a propósito do “Lisboagate” - distribuição de casas da Câmara a amigos e camaradas, por cunhas, pagamento de favores e outras trafulhices.
Já leram?
Então, agora, falo eu: em Junho de 1974, estudava no 2º ano de Medicina, tinha um filho, o Pedro, com um ano de idade e vivia num quarto, em casa dos meus sogros. Há mais de uma ano que colaborava, com estorinhas, poemas e outras brincadeiras, com o jornal República. Gratuitamente. “Just for fun”.
O Álvaro Guerra, que já não está por cá, achou que eu era bem capaz de ser jornalista e como, entretanto, depois do 25 de Abril, passara do República para a RTP, convidou-me para experimentar o jornalismo televisivo.
Não hesitei, claro.
Comecei por ganhar um salário de 7.500 escudos, que era excelente, naquela altura. Continuei a estudar, durante o dia, e a trabalhar no Telejornal da noite que, naqueles tempos, ia para o ar quando calhava, por vezes, depois da uma da manhã.
Graças ao Álvaro Guerra e ao meu emprego como jornalista estagiário, conseguimos sair da casa dos meus sogros e alugar um T1, em Benfica, por 3.500 escudos. Sobravam 4 mil escudos, do meu ordenado. Até dava para beber um gin tónico todos os dias!
Algum tempo depois, juntámo-nos ao nosso amigo José António, também jornalista, na altura, além de estudante de Matemática, e alugámos uma casa em Algueirão. Tinha dois andares: o rés-do-chão para nós, o primeiro andar para os amigos. Renda: 6 mil escudos mensais.
Nessa casa, nasceu a nossa Marta e a Joana deles.
“Obla-di Obla-da, life goes on…”
Em Setembro de 1987, 14 anos depois do 25 de Abril, já longe do jornalismo e trabalhando como Médico de Família há dois anos, conseguimos comprar a nossa primeira e única casa, em Almada.
Ainda a estamos a pagar.
Por isso, peço desculpa pela minha linguagem, mas quero que todos estes gajos façam o favor de ir à merda!
http://www.coiso.net/
Magalhães, instrumentalização política e materiais didácticos no 1º CEB
1. Na sequência do belíssimo texto da Maria , a colega Maria Antónia interroga-se por que razão há tanto alarido e propaganda em torno do portátil Magalhães. Por que razão, nunca o ME ofereceu materiais didácticos aos pais e às crianças do 1º CEB e só agora o faz com um computador? Que negócios estão a girar em torno do portátil? Que efeitos políticos se querem obter? Por que razão instrumentalizar politicamente as crianças e as escolas por causa de um computador?
2. "Não imagina o quanto apreciei o seu comentário!
Completamente de acordo, em todos os parágrafos.
Por outro lado, julgo não estar errada quando afirmo que, apenas os intervenientes numa determinada profissão é que poderão, sobre ela, se manifestar com alguma sensatez e conhecimento de causa.
Não está errada, no seu julgamento.
Deixo-lhe um pequeno exemplo: lecciono o 1º ciclo, há três dezenas de anos e nunca vi nem nunca ouvi, ao longo destes, tanta publicidade feita a um material didáctico sim, porque o "Magalhães" faz parte desse material
3. Sempre utilizei: blocos lógicos, material cuisenaire, tangram, geoplano, multibásico, ábaco, pedra de lousa, quadro, giz, lápis, caneta, borracha, livros, jogos vários (puzzles, dominós, xadrez, damas), globo, mapas, nos últimos tempos, máquina fotográfica, copiadora, televisão, leitor de Cd música e de vídeos, projector de slides e tantos outros entre eles: computador ligado à internet, scanner...
Que me lembre nunca ninguém fez publicidade a um "rudimentar" blocos lógicos, material cuisenaire, tangram, geoplano, multibásico, ábaco...
Que me lembre, nunca em tempo algum, alguém distribuiu às famílias um simples "Kit" composto por lápis, caneta, borracha, apara lápis, régua... e quantas vezes, ao longo destes trinta anos, era eu que os comprava porque o dinheiro dos subsídios, para os mais carenciados, chegava em Abril...
4. Reconheço que se deve dotar as escolas de "altas" e moderníssimas tecnologias mas, até concluir o contrário, repito que me parece que, mais uma vez, que por trás deste "novo império colonial português do Século XXI"
está um "grupo vasto de mercadores e armadores profissionais, interessados e participantes nas navegações" e receio que se continue a "trocar escravos, por panos e outros artigos".
Maria Antónia
http://www.profblog.org/
2. "Não imagina o quanto apreciei o seu comentário!
Completamente de acordo, em todos os parágrafos.
Por outro lado, julgo não estar errada quando afirmo que, apenas os intervenientes numa determinada profissão é que poderão, sobre ela, se manifestar com alguma sensatez e conhecimento de causa.
Não está errada, no seu julgamento.
Deixo-lhe um pequeno exemplo: lecciono o 1º ciclo, há três dezenas de anos e nunca vi nem nunca ouvi, ao longo destes, tanta publicidade feita a um material didáctico sim, porque o "Magalhães" faz parte desse material
3. Sempre utilizei: blocos lógicos, material cuisenaire, tangram, geoplano, multibásico, ábaco, pedra de lousa, quadro, giz, lápis, caneta, borracha, livros, jogos vários (puzzles, dominós, xadrez, damas), globo, mapas, nos últimos tempos, máquina fotográfica, copiadora, televisão, leitor de Cd música e de vídeos, projector de slides e tantos outros entre eles: computador ligado à internet, scanner...
Que me lembre nunca ninguém fez publicidade a um "rudimentar" blocos lógicos, material cuisenaire, tangram, geoplano, multibásico, ábaco...
Que me lembre, nunca em tempo algum, alguém distribuiu às famílias um simples "Kit" composto por lápis, caneta, borracha, apara lápis, régua... e quantas vezes, ao longo destes trinta anos, era eu que os comprava porque o dinheiro dos subsídios, para os mais carenciados, chegava em Abril...
4. Reconheço que se deve dotar as escolas de "altas" e moderníssimas tecnologias mas, até concluir o contrário, repito que me parece que, mais uma vez, que por trás deste "novo império colonial português do Século XXI"
está um "grupo vasto de mercadores e armadores profissionais, interessados e participantes nas navegações" e receio que se continue a "trocar escravos, por panos e outros artigos".
Maria Antónia
http://www.profblog.org/
Notícia no Correio da Manhã de hoje
Notícia no Correio da Manhã de hoje:
Os portugueses estão divididos quanto à evolução do ensino, de acordo com uma sondagem CM/Aximage. Mais de 40 por cento da população considera que a Educação está hoje pior do que há 15/20 anos, enquanto que 43 por cento defendeu que está melhor.
É curioso constatar que, para Mário Nogueira, a escola está igual: segundo ele, "A Educação, na prática, estagnou"!!!
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, considera que os resultados da sondagem são reveladores da incompetência dos governos dos últimos vinte anos. "Seria natural que em vinte anos houvesse uma grande evolução, mas este empate técnico mostra que os governos que têm estado à frente do País conseguiram o mais difícil. A Educação, na prática, estagnou", disse, acrescentando: "Se formos olhar parcialmente, há coisas que estão melhores, como seja as escolas estarem mais bem equipadas, o que é natural. Mas hoje sai-se da escola e sente-se as mesmas dificuldades de há vinte anos para encontrar emprego", disse ao CM.
Para o Mário Nogueira a educação estagnou porque não tem desde à vinte anos a experiência de dar aulas, tão simples e tão complexo quanto isto.O Mário Nogueira não é um professor, é um político, os seus interesses são diversos dos interesses de quem dá aulas diariamente, anos a fio...
Os portugueses estão divididos quanto à evolução do ensino, de acordo com uma sondagem CM/Aximage. Mais de 40 por cento da população considera que a Educação está hoje pior do que há 15/20 anos, enquanto que 43 por cento defendeu que está melhor.
É curioso constatar que, para Mário Nogueira, a escola está igual: segundo ele, "A Educação, na prática, estagnou"!!!
O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, considera que os resultados da sondagem são reveladores da incompetência dos governos dos últimos vinte anos. "Seria natural que em vinte anos houvesse uma grande evolução, mas este empate técnico mostra que os governos que têm estado à frente do País conseguiram o mais difícil. A Educação, na prática, estagnou", disse, acrescentando: "Se formos olhar parcialmente, há coisas que estão melhores, como seja as escolas estarem mais bem equipadas, o que é natural. Mas hoje sai-se da escola e sente-se as mesmas dificuldades de há vinte anos para encontrar emprego", disse ao CM.
Para o Mário Nogueira a educação estagnou porque não tem desde à vinte anos a experiência de dar aulas, tão simples e tão complexo quanto isto.O Mário Nogueira não é um professor, é um político, os seus interesses são diversos dos interesses de quem dá aulas diariamente, anos a fio...
Humor científico – O buraco negro
O "humor científico" de David Marçal no "Inimigo Público":
Cientistas continuam a alimentar o buraco negro com hélio líquido até à colocação de banda gástrica
A anunciada paragem do LHC (o acelerador de partículas apocalíptico recentemente inaugurado na fronteira entre a França e a Suiça) não se verificou. Ao fim de menos de uma semana formou-se um mini-buraco negro que engoliu de imediato alguns dos magnetos gigantes mais próximos. À hora de fecho desta edição os cientistas continuavam a alimentar o buraco negro com hélio líquido, uma solução provisória. A ideia é que o buraco passe a alimentar-se do lixo de Nápoles e dos resíduos radioactivos da Europa. No entanto, a situação é pouco sustentável porque o buraco negro vai crescendo e precisando de mais alimento. A solução de médio prazo poderá passar por uma banda gástrica.
http://dererummundi.blogspot.com/
Não-aquecimento global
Fig. 126 - Não-aquecimento global. Agosto de 2008 Fonte UAH
Embora não seja rigoroso, o tipo de figuras estilizadas com cores representativas de anomalias das temperaturas do planeta, como no caso da Fig. 126, consegue dar um panorama geral com múltiplas informações.
Estamos perante a consequência da circulação geral da atmosfera não só no Hemisfério Norte mas também no Hemisfério Sul. Esta consequência global foi devida à situação, simultânea, do Árctico e do Antárctico.
Na Fig. 126 estão espalhadas cores das anomalias das temperaturas do mês de Agosto de 2008 relativamente à média do período 1998-2006. Detecta-se desde logo um aparente não-aquecimento global, relativamente a este período.
De salientar que não se encontram, em todo o planeta, manchas das cores vermelhas de qualquer tonalidade (acima de + 6 ºC). Predominam a cor branca (anomalia nula) e a azul. Esta vai desde a tonalidade clara (-1 ºC) até à meia escura (- 2 ºC).
Mas encontram-se algumas zonas verdes claras e amarelas, essencialmente, na península do Antárctico (importação de ar quente, sequela da exportação de ar frio do centro do continente) e na vasta Sibéria.
Portugal está colocado dentro de manchas difusas que se aproximam do zero. De acordo com este mapa, os portugueses gozaram um Agosto sem sofrer muito calor. Os brasileiros, de acordo com este mapa não devem ter tido um Agosto anormal.
Na Austrália ainda deve ter havido menos calor. No sul da Argentina igualmente. No centro do Antárctico muito menos. Os oceanos não parecem ter aquecido. Os ciclones tropicais do Atlântico, de Agosto de 2008, não se justificaram pela temperatura do mar.
As Montanhas Rochosas, como normalmente, dividiram os EUA em duas zonas de temperaturas distintas. Do lado do Atlântico, as descidas dos anticiclones móveis polares a caminho do Golfo do México aliviaram o calor. Do lado do Pacífico, as temperaturas estiveram dentro da média do período de referência.
Falta dizer que esta figura foi obtida através da base de dados da UAH - University of Alabama in Huntsville que monitoriza as AMSU - Advanced Microwave Sounding Unit instaladas em satélites da NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration.
Mesmo que não seja rigorosa, esta figura vai no sentido da tendência que começa a aparecer com nitidez do decréscimo das temperaturas desde há seis anos. Ou, da não tendência de aquecimento desde há 20 anos.
René Descartes (1596-1650), em 1637, no Discurso sobre o método definiu uma indicação que os cientistas deviam seguir nos trabalhos de investigação científica. Em linhas gerais, o método resume-se em cinco etapas:
1.º) Assinalar um problema ou, o que é o mesmo, ter uma ideia;
2.º) Reunir todos os dados essenciais sobre ele, eliminando o que não é fundamental;
3.º) Formular uma hipótese;
4.º) Predizer, a partir dessa hipótese, o resultado de ensaios nunca realizados e a realizar;
5.º) Se os ensaios resultarem como previsto, e forem replicados por cientistas independentes, a hipótese pode passar à categoria de teoria.
O IPCC nunca passou da primeira etapa. Há 20 anos que a hipótese ipcciana não se verifica. Há seis que ela é refutada. Aliás, nunca se realizou qualquer observação real das suas hipóteses.
Nem se pode realizar. Apenas se têm realizado exercícios académicos com modelos informáticos que não correspondem sequer à realidade. Os modelos dão sempre os resultados que se pretendem antecipadamente. Basta utilizar na entrada uma base de dados que convenha que a saída dá o que se quer que dê.
http://mitos-climaticos.blogspot.com/
As Olimpíadas: desvendando o Estado Policial 2.0
Até agora, as Olimpíadas têm sido um convite aberto para zurzir na China, uma desculpa sem fundo para os jornalistas ocidentais irem atrás dos comunas relativamente a tudo, da censura na internet a Darfur. Contudo, através de todas as novas e desagradáveis notícias, o governo chinês tem parecido surpreendentemente imperturbável. Isso é porque está a apostar no seguinte: quando as cerimónias de abertura começarem, na sexta-feira, você esquecerá instantaneamente todas as coisas desagradáveis, à medida que o seu cérebro seja arrebatado pela extravagância cultural/atlética/política que serão as Olimpíadas de Beijing.
Gostando ou não, você está prestes a ser impressionado com a capacidade de impressionar da China.
Os jogos foram taxados de “festa de debutante” da China para o mundo. São muito mais significativos do que isso. Estas Olimpíadas são a festa de debutante para um modo perturbadoramente eficiente de organizar a sociedade, método esse aprimorado pela China durante as três últimas décadas e, finalmente, pronto para ser mostrar. Trata-se de um potente híbrido das mais poderosas ferramentas políticas do comunismo autoritário – planeamento centralizado, repressão impiedosa, vigilância constante – armada para fazer avançar os objectivos do capitalismo global. Alguns chamam-lhe “capitalismo autoritário”, outros “estalinismo de mercado”, pessoalmente prefiro “McComunismo”.
As Olimpíadas de Beijing são elas mesmas a perfeita expressão desse sistema híbrido. Através de feitos extraordinários de um governo autoritário, o estado chinês construiu impressionantes novos estádios, rodovias e ferrovias – tudo em tempo recorde. Demoliu bairros inteiros, alinhou as ruas com árvores e flores e, graças a uma campanha “anti- cuspo”, limpou as calçadas de saliva. O Partido Comunista da China até tentou tornar azuis os céus lamacentos, ordenando que as indústrias pesadas suspendessem a sua produção durante um mês – algo como uma greve geral ordenada pelo governo.
Quanto aos cidadãos chineses que poderiam destoar na sua mensagem durante os jogos – activistas tibetanos, militantes de direitos humanos, bloggers insatisfeitos – centenas deles foram mandados para a cadeia nos meses recentes. Qualquer um que ainda tenha planos de protestar será, sem dúvida, capturado por uma das 300.000 câmaras de vigilância de Beiijing e prontamente apanhado em flagrante por um funcionário de segurança; foi reportado que há 100.000 deles em dever olímpico.
O objectivo de todo este planeamento central e espionagem não é celebrar as glórias do comunismo, independentemente de como o governo da China se chame a si mesmo. É o de criar o supremo casulo de consumo para os cartões Visa, os ténis Adidas, os telemóveis chineses, as refeições felizes do McDonald’s, a cerveja Tsingtao e o serviço de entregas UPS – para citar só alguns dos patrocinadores oficiais das Olimpíadas. Mas o mercado mais novo e quente de todos é o da própria vigilância. Ao contrário dos estados policiais da Europa de Leste e da União Soviética, a China edificou um Estado Policial 2.0, um negócio inteiramente voltado para o lucro que é a última fronteira para o Complexo do Capitalismo de Desastre global.
Corporações chinesas, financiadas por hedge funds dos EUA, assim como por algumas das mais poderosas corporações dos EUA – Cisco, General Electric, Honeywell, Google – têm trabalhado de mãos dadas com o governo chinês para tornar este momento possível: colocando em rede as câmaras de circuito fechado que espiam de cada poste de iluminação, construindo a “Grande Muralha de Fogo [Firewall]” que permite o monitoramento remoto da internet, e concebendo aqueles motores de busca com auto-censura.
Até ao próximo ano, o mercado interno de Segurança chinês deverá valer 33 mil milhões de dólares. Vários dos maiores protagonistas chineses do sector levaram as suas acções a público em bolsas de valores dos EUA, esperando capitalizar com o facto de que, em tempos voláteis, as acções do sector de segurança e defesa são vistas como apostas seguras. A China Information Security Technology, por exemplo, está agora listada na NASDAQ e a China Security and Surveillance na NYSE. Uma pequena clique de hedge funds dos EUA tem flutuado entre esses empreendimentos, investindo mais de 150 milhões de dólares nos últimos dois anos. Os retornos têm sido impressionantes. Entre Outubro de 2006 e Outubro de 2007, o valor das acções da China Security and Surveillance aumentaram 306 por cento.
A maior parte dos incríveis gastos do governo chinês com câmaras e outros dispositivos de segurança teve lugar sob a bandeira da “Segurança das Olimpíadas”. Mas quanto será realmente preciso para garantir a segurança de um evento desportivo? O preço tem sido estimado em 12 mil milhões – para colocar isso em perspectiva, Salt Lake City, que hospedou os Jogos Olímpicos de Inverno cinco meses após o 11 de Setembro, gastou 315 milhões com a segurança dos jogos. Atenas gastou cerca de 1,5 mil milhões em 2004. Muitos grupos de direitos humanos ressaltaram que a actualização de segurança na China está a alcançar uma área muito maior que a cidade de Beijing: há, agora, 660 cidades designadas como “cidades seguras” em todo o país, municipalidades que foram escolhidas para receber novas câmaras de vigilância e outros equipamentos de espionagem. E, é claro, todo o equipamento adquirido em nome da segurança das Olimpíadas – scanners de íris, robôs anti-tumultos e software de reconhecimento facial – permanecerá na China depois de os jogos acabarem, livres para serem dirigidos contra operários em greve e manifestantes rurais.
O que as Olimpíadas forneceram às empresas ocidentais é uma embalagem apetecível para essa aventura de dar frio na espinha. Desde o Massacre da Praça Tiananmen em 1989, as companhias dos EUA têm sido impedidas de vender equipamento e tecnologia policiais à China, já que os legisladores temiam que esses produtos fossem dirigidos, mais uma vez, contra manifestantes pacíficos. Essa lei foi completamente ignorada durante os preparativos para as Olimpíadas quando, em nome da segurança para os atletas e os VIPs (incluindo George W. Bush), nenhum novo brinquedo foi negado ao estado chinês.
Há aqui uma amarga ironia. Quando Beijing foi agraciada com os jogos, há sete anos, a teoria era de que o escrutínio internacional forçaria o governo da China a conceder mais direitos e liberdade para o seu povo. Ao invés disso, as Olimpíadas abriram uma porta das traseiras para que o regime actualizasse maciçamente os seus sistemas de controle e repressão da população. Lembram-se quando as companhias ocidentais alegavam que, ao fazerem negócios com a China, elas estavam a ajudar a espalhar a liberdade e a democracia? Agora estamos a ver o inverso: os investimentos em dispositivos de vigilância e censura estão a ajudar Beijing a reprimir activamente uma nova geração de activistas antes que eles tenham a chance de se tornarem um movimento de massas.
Os números dessa tendência são assustadores. Em Abril de 2007, funcionários de 13 províncias reuniram-se para reportar sobre o desempenho das suas novas medidas de segurança. Na província de Jiangsu, a qual, segundo o South China Morning Post, usava «inteligência artificial para estender e melhorar o sistema de monitoramento existente», o número de protestos e manifestações «caiu, no último ano, em 44%». Na província de Zhejiang, onde novos sistemas de vigilância eletrónica foram instalados, diminuíram 30%. Em Shaanxi, os «incidentes de massas» – código para protestos – diminuíram em 27% num ano. Dong Lei, o chefe-adjunto do partido da província, deu parte do crédito ao investimento maciço em câmaras de segurança espalhadas por toda a província. «A nossa meta é alcançar a capacidade de monitoramento durante todo o dia e em qualquer condição atmosférica», afirmou ele na reunião.
Agora, os activistas na China encontram-se sob intensa pressão, incapazes de operar mesmo aos níveis limitados de há um ano atrás. Os cafés com internet estão repletos de câmaras de vigilância e a navegação é cuidadosamente vigiada. Nos escritórios de um grupo de direitos laborais em Hong Kong, encontrei o conhecido dissidente chinês, Jun Tao. Ele tinha acabado de fugir da China continental devido ao assédio persistente por parte da polícia. Depois de décadas de luta em prol da democracia e dos direitos humanos, ele disse que as novas tecnologias de vigilância tornaram «impossível continuar a funcionar na China».
É fácil ver os perigos de uma vigilância high-tech na distante China, já que as consequências para pessoas como Jun são tão severas. É mais difícil ver os perigos quando essas mesmas tecnologias se infiltram na vida quotidiana próxima das câmaras em rede das cidades dos EUA, cartões biométricos de “via expressa” nos aeroportos, vigilância em rede de email e de chamadas telefónicas. Mas para o sector global de segurança nacional, a China é mais que um mercado; é também um salão de exibições. Em Beijing, onde o poder do estado é absoluto e as liberdades civis não existem, as tecnologias de vigilância produzidas nos EUA podem ser levadas a limites absolutos.
O primeiro teste começa hoje: poderá a China, apesar da enorme agitação que ferve sob a superfície, organizar Olimpíadas “harmoniosas”? Se a resposta é sim, tal como quase tudo o que é produzido na China, então o Estado Policial 2.0 estará pronto para exportação.
Leia o meu relatório completo sobre como as corporações dos EUA estão a ajudar a construir na China um Estado Policial high-tech, na revista Rolling Stone [1].
[1] Naomi Klein, China’s All-Seeing Eye, Rolling Stone, 29/05/2008.
Naomi Klein
http://infoalternativa.org/spip.php?article107
Gostando ou não, você está prestes a ser impressionado com a capacidade de impressionar da China.
Os jogos foram taxados de “festa de debutante” da China para o mundo. São muito mais significativos do que isso. Estas Olimpíadas são a festa de debutante para um modo perturbadoramente eficiente de organizar a sociedade, método esse aprimorado pela China durante as três últimas décadas e, finalmente, pronto para ser mostrar. Trata-se de um potente híbrido das mais poderosas ferramentas políticas do comunismo autoritário – planeamento centralizado, repressão impiedosa, vigilância constante – armada para fazer avançar os objectivos do capitalismo global. Alguns chamam-lhe “capitalismo autoritário”, outros “estalinismo de mercado”, pessoalmente prefiro “McComunismo”.
As Olimpíadas de Beijing são elas mesmas a perfeita expressão desse sistema híbrido. Através de feitos extraordinários de um governo autoritário, o estado chinês construiu impressionantes novos estádios, rodovias e ferrovias – tudo em tempo recorde. Demoliu bairros inteiros, alinhou as ruas com árvores e flores e, graças a uma campanha “anti- cuspo”, limpou as calçadas de saliva. O Partido Comunista da China até tentou tornar azuis os céus lamacentos, ordenando que as indústrias pesadas suspendessem a sua produção durante um mês – algo como uma greve geral ordenada pelo governo.
Quanto aos cidadãos chineses que poderiam destoar na sua mensagem durante os jogos – activistas tibetanos, militantes de direitos humanos, bloggers insatisfeitos – centenas deles foram mandados para a cadeia nos meses recentes. Qualquer um que ainda tenha planos de protestar será, sem dúvida, capturado por uma das 300.000 câmaras de vigilância de Beiijing e prontamente apanhado em flagrante por um funcionário de segurança; foi reportado que há 100.000 deles em dever olímpico.
O objectivo de todo este planeamento central e espionagem não é celebrar as glórias do comunismo, independentemente de como o governo da China se chame a si mesmo. É o de criar o supremo casulo de consumo para os cartões Visa, os ténis Adidas, os telemóveis chineses, as refeições felizes do McDonald’s, a cerveja Tsingtao e o serviço de entregas UPS – para citar só alguns dos patrocinadores oficiais das Olimpíadas. Mas o mercado mais novo e quente de todos é o da própria vigilância. Ao contrário dos estados policiais da Europa de Leste e da União Soviética, a China edificou um Estado Policial 2.0, um negócio inteiramente voltado para o lucro que é a última fronteira para o Complexo do Capitalismo de Desastre global.
Corporações chinesas, financiadas por hedge funds dos EUA, assim como por algumas das mais poderosas corporações dos EUA – Cisco, General Electric, Honeywell, Google – têm trabalhado de mãos dadas com o governo chinês para tornar este momento possível: colocando em rede as câmaras de circuito fechado que espiam de cada poste de iluminação, construindo a “Grande Muralha de Fogo [Firewall]” que permite o monitoramento remoto da internet, e concebendo aqueles motores de busca com auto-censura.
Até ao próximo ano, o mercado interno de Segurança chinês deverá valer 33 mil milhões de dólares. Vários dos maiores protagonistas chineses do sector levaram as suas acções a público em bolsas de valores dos EUA, esperando capitalizar com o facto de que, em tempos voláteis, as acções do sector de segurança e defesa são vistas como apostas seguras. A China Information Security Technology, por exemplo, está agora listada na NASDAQ e a China Security and Surveillance na NYSE. Uma pequena clique de hedge funds dos EUA tem flutuado entre esses empreendimentos, investindo mais de 150 milhões de dólares nos últimos dois anos. Os retornos têm sido impressionantes. Entre Outubro de 2006 e Outubro de 2007, o valor das acções da China Security and Surveillance aumentaram 306 por cento.
A maior parte dos incríveis gastos do governo chinês com câmaras e outros dispositivos de segurança teve lugar sob a bandeira da “Segurança das Olimpíadas”. Mas quanto será realmente preciso para garantir a segurança de um evento desportivo? O preço tem sido estimado em 12 mil milhões – para colocar isso em perspectiva, Salt Lake City, que hospedou os Jogos Olímpicos de Inverno cinco meses após o 11 de Setembro, gastou 315 milhões com a segurança dos jogos. Atenas gastou cerca de 1,5 mil milhões em 2004. Muitos grupos de direitos humanos ressaltaram que a actualização de segurança na China está a alcançar uma área muito maior que a cidade de Beijing: há, agora, 660 cidades designadas como “cidades seguras” em todo o país, municipalidades que foram escolhidas para receber novas câmaras de vigilância e outros equipamentos de espionagem. E, é claro, todo o equipamento adquirido em nome da segurança das Olimpíadas – scanners de íris, robôs anti-tumultos e software de reconhecimento facial – permanecerá na China depois de os jogos acabarem, livres para serem dirigidos contra operários em greve e manifestantes rurais.
O que as Olimpíadas forneceram às empresas ocidentais é uma embalagem apetecível para essa aventura de dar frio na espinha. Desde o Massacre da Praça Tiananmen em 1989, as companhias dos EUA têm sido impedidas de vender equipamento e tecnologia policiais à China, já que os legisladores temiam que esses produtos fossem dirigidos, mais uma vez, contra manifestantes pacíficos. Essa lei foi completamente ignorada durante os preparativos para as Olimpíadas quando, em nome da segurança para os atletas e os VIPs (incluindo George W. Bush), nenhum novo brinquedo foi negado ao estado chinês.
Há aqui uma amarga ironia. Quando Beijing foi agraciada com os jogos, há sete anos, a teoria era de que o escrutínio internacional forçaria o governo da China a conceder mais direitos e liberdade para o seu povo. Ao invés disso, as Olimpíadas abriram uma porta das traseiras para que o regime actualizasse maciçamente os seus sistemas de controle e repressão da população. Lembram-se quando as companhias ocidentais alegavam que, ao fazerem negócios com a China, elas estavam a ajudar a espalhar a liberdade e a democracia? Agora estamos a ver o inverso: os investimentos em dispositivos de vigilância e censura estão a ajudar Beijing a reprimir activamente uma nova geração de activistas antes que eles tenham a chance de se tornarem um movimento de massas.
Os números dessa tendência são assustadores. Em Abril de 2007, funcionários de 13 províncias reuniram-se para reportar sobre o desempenho das suas novas medidas de segurança. Na província de Jiangsu, a qual, segundo o South China Morning Post, usava «inteligência artificial para estender e melhorar o sistema de monitoramento existente», o número de protestos e manifestações «caiu, no último ano, em 44%». Na província de Zhejiang, onde novos sistemas de vigilância eletrónica foram instalados, diminuíram 30%. Em Shaanxi, os «incidentes de massas» – código para protestos – diminuíram em 27% num ano. Dong Lei, o chefe-adjunto do partido da província, deu parte do crédito ao investimento maciço em câmaras de segurança espalhadas por toda a província. «A nossa meta é alcançar a capacidade de monitoramento durante todo o dia e em qualquer condição atmosférica», afirmou ele na reunião.
Agora, os activistas na China encontram-se sob intensa pressão, incapazes de operar mesmo aos níveis limitados de há um ano atrás. Os cafés com internet estão repletos de câmaras de vigilância e a navegação é cuidadosamente vigiada. Nos escritórios de um grupo de direitos laborais em Hong Kong, encontrei o conhecido dissidente chinês, Jun Tao. Ele tinha acabado de fugir da China continental devido ao assédio persistente por parte da polícia. Depois de décadas de luta em prol da democracia e dos direitos humanos, ele disse que as novas tecnologias de vigilância tornaram «impossível continuar a funcionar na China».
É fácil ver os perigos de uma vigilância high-tech na distante China, já que as consequências para pessoas como Jun são tão severas. É mais difícil ver os perigos quando essas mesmas tecnologias se infiltram na vida quotidiana próxima das câmaras em rede das cidades dos EUA, cartões biométricos de “via expressa” nos aeroportos, vigilância em rede de email e de chamadas telefónicas. Mas para o sector global de segurança nacional, a China é mais que um mercado; é também um salão de exibições. Em Beijing, onde o poder do estado é absoluto e as liberdades civis não existem, as tecnologias de vigilância produzidas nos EUA podem ser levadas a limites absolutos.
O primeiro teste começa hoje: poderá a China, apesar da enorme agitação que ferve sob a superfície, organizar Olimpíadas “harmoniosas”? Se a resposta é sim, tal como quase tudo o que é produzido na China, então o Estado Policial 2.0 estará pronto para exportação.
Leia o meu relatório completo sobre como as corporações dos EUA estão a ajudar a construir na China um Estado Policial high-tech, na revista Rolling Stone [1].
[1] Naomi Klein, China’s All-Seeing Eye, Rolling Stone, 29/05/2008.
Naomi Klein
http://infoalternativa.org/spip.php?article107
A discriminação de remunerações em Portugal
A discriminação de remunerações em Portugal, com base no sexo, é tanto maior quanto mais elevada é a escolaridade e a qualificação da mulher, e dá um lucro extra aos patrões superior a 6,1 mil milhões euros/ano
O Eurofound acabou de publicar um estudo, o qual mostra que, entre 28 países, Portugal é o país onde a discriminação de remunerações com base no género é maior (em Portugal, a remuneração média das mulheres é inferior à dos homens em 25,4%), sendo apenas ultrapassado pela Eslováquia. Mas isto é um valor médio. Se se fizer uma análise mais fina por nível de escolaridade, por qualificação profissional e por sector de actividade, utilizando dados divulgados pelo próprio governo (Ministério do Trabalho e Solidariedade Social), conclui-se que, para muitas mulheres, a discriminação a que continuam sujeitas é muito maior.
A discriminação remuneratória a que a mulher está sujeita no nosso país é tanto maior quanto mais elevada é a sua escolaridade. Em 1995, por ex., o ganho médio das mulheres com um nível de escolaridade inferior ao 1º ciclo do ensino básico era inferior ao dos homens, com o mesmo nível de escolaridade, em –19%, enquanto, no mesmo ano, uma mulher com o ensino superior ganhava em média entre –28,5% e –40% do que um homem com o mesmo nível de escolaridade. E, em 2006, as primeiras – com escolaridade inferior ao 1º ciclo do ensino básico – ganhavam –19,1% do que os homens, enquanto as segundas – as com o ensino superior – ganhavam entre –31,8% e –34,4% do que os homens.
A discriminação remuneratória da mulher é também tanto maior quanto mais elevada é a sua qualificação. Por ex., em 1995, o ganho médio da mulher pertencente ao grupo dos “quadros superiores” era inferior ao do homem com idêntica qualificação em –24,8%, enquanto a nível do grupo de “praticantes e aprendizes” essa diferença era apenas de –7,8%. Entre 1995 e 2006,a situação até se agravou. E isto porque, em 2006, o ganho médio das mulheres do grupo “quadros superiores” era inferior ao dos homens em –29,7% (–4,9 pontos percentuais do que em 1995), enquanto o ganho médio das mulheres do grupo “praticantes e aprendizes” era inferior ao dos homens em –7,9% (–0,1 pontos percentuais do que em 1995). Se se analisar a variação verificada no período 2004-2006 entre os ganhos médios dos homens e os das mulheres, conclui-se que, entre 2004 e 2006, o aumento médio verificado nos ganhos das mulheres pertencentes ao grupo “quadros superiores (+106,66€) foi inferior à subida registada no ganho médio dos homens no mesmo período (+249,54€) em –57,3%; enquanto a nível de “praticantes e aprendizes” o aumento dos ganhos das mulheres (+31,97€) foi inferior ao dos homens (+42,18€) em –24,2%, ou seja, um valor que é menos de metade do verificado no grupo com qualificações mais elevadas.
A discriminação remuneratória das mulheres também é desigual a nível de sectores de actividade, atingindo em alguns deles valores chocantes. Por ex., a discriminação remuneratória da mulher é extremamente acentuada na “Indústria Transformadora” e nas “ Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais”, e não melhorou nos últimos anos. Em 1995, o ganho médio da mulher na indústria transformadora era inferior ao do homem em –32,6% e, em 2006, continuava a ser inferior em –31,9%. Em relação ao sector “Outras actividades de serviços colectivos sociais e pessoais”, em 1995, o ganho médio da mulher era inferior ao dos homens em –46,5% e, em 2006, em –42%.
As entidades patronais obtém elevados lucros extraordinários à custa da sobre-exploração que resulta da discriminação remuneratória a que continuam sujeitas as mulheres em Portugal. No 2º trimestre de 2008 existiam em Portugal 1.879.900 trabalhadoras por conta de outrém. Se retirarmos as trabalhadoras da Administração Pública, ficarão 1.487.900. Se multiplicarmos este total pela diferença entre o ganho médio de um homem e de uma mulher em 2008, que deverá rondar os 249,54€/mês, e se depois multiplicarmos o valor obtido por 14 meses, obtém-se 5.170 milhões de euros por ano. Este valor seria aquele que as entidades patronais teriam de pagar a mais às trabalhadoras por conta de outrém se não existisse discriminação remuneratória em Portugal com base no sexo. Se acrescentarmos a parcela que resulta da discriminação salarial imposta às trabalhadoras com “falsos recibos verdes” obtém-se 6.068 milhões por ano. Este valor dá bem uma ideia dos elevadíssimos lucros extraordinários obtidos anualmente pelas entidades patronais da discriminação a que continuam a sujeitar as mulheres em Portugal.
Um exemplo real e paradigmático. No sector corticeiro, onde domina o grupo Amorim, do homem mais rico de Portugal (fortuna de 3.106 milhões de euros), 5.000 trabalhadoras fazem o mesmo que os homens, mas ganham menos 97,66 euros/mês. As mulheres, pelo facto de serem mulheres (ex.: laminadoras), são enquadradas no Grupo XVI da Tabela Salarial e ganham apenas 544,5€; e os homens (ex.: laminadores), pelo facto de serem homens, são enquadrados no grupo XIV e ganham 642,16€. A discriminação é tão evidente que, face à denuncia dos sindicatos, os patrões apresentaram uma proposta, que está no Ministério do Trabalho, pretendendo que essa discriminação só seja eliminada ao fim de 8 anos, aumentando o salário das trabalhadoras apenas 12,5€ por ano. Para que se possa ficar com uma ideia dos lucros das entidades patronais no sector corticeiro, e nomeadamente do grupo Amorim, resultante desta discriminação, basta dizer que a diferença para menos de 97,66€ por ano nos salários das trabalhadoras representa um lucro extra para os patrões de 6,8 milhões de euros por ano. As perguntas que se colocam são as seguintes: Por que razão a Inspecção de Trabalho não vai às empresas corticeiras, começando pelas do grupo Amorim, e não analisa as funções dos homens do grupo XIV e das mulheres do grupo XVI e, se elas forem idênticas, por que razão não faz cumprir a Constituição e o Código do Trabalho? Por que razão os patrões das cortiças, em particular o grupo Amorim, poderão fixar um prazo de 8 anos para cumprir o art.º 28 do Código do Trabalho e o art.º 59 da Constituição? Que poder tem o grupo Amorim sobre o governo e sobre o Ministério do Trabalho para poder fazer isso? São as perguntas que naturalmente se colocam e que deixamos para reflexão dos leitores.
Eugénio Rosa
http://infoalternativa.org/spip.php?article125
O Eurofound acabou de publicar um estudo, o qual mostra que, entre 28 países, Portugal é o país onde a discriminação de remunerações com base no género é maior (em Portugal, a remuneração média das mulheres é inferior à dos homens em 25,4%), sendo apenas ultrapassado pela Eslováquia. Mas isto é um valor médio. Se se fizer uma análise mais fina por nível de escolaridade, por qualificação profissional e por sector de actividade, utilizando dados divulgados pelo próprio governo (Ministério do Trabalho e Solidariedade Social), conclui-se que, para muitas mulheres, a discriminação a que continuam sujeitas é muito maior.
A discriminação remuneratória a que a mulher está sujeita no nosso país é tanto maior quanto mais elevada é a sua escolaridade. Em 1995, por ex., o ganho médio das mulheres com um nível de escolaridade inferior ao 1º ciclo do ensino básico era inferior ao dos homens, com o mesmo nível de escolaridade, em –19%, enquanto, no mesmo ano, uma mulher com o ensino superior ganhava em média entre –28,5% e –40% do que um homem com o mesmo nível de escolaridade. E, em 2006, as primeiras – com escolaridade inferior ao 1º ciclo do ensino básico – ganhavam –19,1% do que os homens, enquanto as segundas – as com o ensino superior – ganhavam entre –31,8% e –34,4% do que os homens.
A discriminação remuneratória da mulher é também tanto maior quanto mais elevada é a sua qualificação. Por ex., em 1995, o ganho médio da mulher pertencente ao grupo dos “quadros superiores” era inferior ao do homem com idêntica qualificação em –24,8%, enquanto a nível do grupo de “praticantes e aprendizes” essa diferença era apenas de –7,8%. Entre 1995 e 2006,a situação até se agravou. E isto porque, em 2006, o ganho médio das mulheres do grupo “quadros superiores” era inferior ao dos homens em –29,7% (–4,9 pontos percentuais do que em 1995), enquanto o ganho médio das mulheres do grupo “praticantes e aprendizes” era inferior ao dos homens em –7,9% (–0,1 pontos percentuais do que em 1995). Se se analisar a variação verificada no período 2004-2006 entre os ganhos médios dos homens e os das mulheres, conclui-se que, entre 2004 e 2006, o aumento médio verificado nos ganhos das mulheres pertencentes ao grupo “quadros superiores (+106,66€) foi inferior à subida registada no ganho médio dos homens no mesmo período (+249,54€) em –57,3%; enquanto a nível de “praticantes e aprendizes” o aumento dos ganhos das mulheres (+31,97€) foi inferior ao dos homens (+42,18€) em –24,2%, ou seja, um valor que é menos de metade do verificado no grupo com qualificações mais elevadas.
A discriminação remuneratória das mulheres também é desigual a nível de sectores de actividade, atingindo em alguns deles valores chocantes. Por ex., a discriminação remuneratória da mulher é extremamente acentuada na “Indústria Transformadora” e nas “ Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais”, e não melhorou nos últimos anos. Em 1995, o ganho médio da mulher na indústria transformadora era inferior ao do homem em –32,6% e, em 2006, continuava a ser inferior em –31,9%. Em relação ao sector “Outras actividades de serviços colectivos sociais e pessoais”, em 1995, o ganho médio da mulher era inferior ao dos homens em –46,5% e, em 2006, em –42%.
As entidades patronais obtém elevados lucros extraordinários à custa da sobre-exploração que resulta da discriminação remuneratória a que continuam sujeitas as mulheres em Portugal. No 2º trimestre de 2008 existiam em Portugal 1.879.900 trabalhadoras por conta de outrém. Se retirarmos as trabalhadoras da Administração Pública, ficarão 1.487.900. Se multiplicarmos este total pela diferença entre o ganho médio de um homem e de uma mulher em 2008, que deverá rondar os 249,54€/mês, e se depois multiplicarmos o valor obtido por 14 meses, obtém-se 5.170 milhões de euros por ano. Este valor seria aquele que as entidades patronais teriam de pagar a mais às trabalhadoras por conta de outrém se não existisse discriminação remuneratória em Portugal com base no sexo. Se acrescentarmos a parcela que resulta da discriminação salarial imposta às trabalhadoras com “falsos recibos verdes” obtém-se 6.068 milhões por ano. Este valor dá bem uma ideia dos elevadíssimos lucros extraordinários obtidos anualmente pelas entidades patronais da discriminação a que continuam a sujeitar as mulheres em Portugal.
Um exemplo real e paradigmático. No sector corticeiro, onde domina o grupo Amorim, do homem mais rico de Portugal (fortuna de 3.106 milhões de euros), 5.000 trabalhadoras fazem o mesmo que os homens, mas ganham menos 97,66 euros/mês. As mulheres, pelo facto de serem mulheres (ex.: laminadoras), são enquadradas no Grupo XVI da Tabela Salarial e ganham apenas 544,5€; e os homens (ex.: laminadores), pelo facto de serem homens, são enquadrados no grupo XIV e ganham 642,16€. A discriminação é tão evidente que, face à denuncia dos sindicatos, os patrões apresentaram uma proposta, que está no Ministério do Trabalho, pretendendo que essa discriminação só seja eliminada ao fim de 8 anos, aumentando o salário das trabalhadoras apenas 12,5€ por ano. Para que se possa ficar com uma ideia dos lucros das entidades patronais no sector corticeiro, e nomeadamente do grupo Amorim, resultante desta discriminação, basta dizer que a diferença para menos de 97,66€ por ano nos salários das trabalhadoras representa um lucro extra para os patrões de 6,8 milhões de euros por ano. As perguntas que se colocam são as seguintes: Por que razão a Inspecção de Trabalho não vai às empresas corticeiras, começando pelas do grupo Amorim, e não analisa as funções dos homens do grupo XIV e das mulheres do grupo XVI e, se elas forem idênticas, por que razão não faz cumprir a Constituição e o Código do Trabalho? Por que razão os patrões das cortiças, em particular o grupo Amorim, poderão fixar um prazo de 8 anos para cumprir o art.º 28 do Código do Trabalho e o art.º 59 da Constituição? Que poder tem o grupo Amorim sobre o governo e sobre o Ministério do Trabalho para poder fazer isso? São as perguntas que naturalmente se colocam e que deixamos para reflexão dos leitores.
Eugénio Rosa
http://infoalternativa.org/spip.php?article125
A democracia entrou na fábrica
Indubitavelmente a democracia é o melhor modelo de organização política que a humanidade já excogitou. No entanto, lá onde se introduziu no contexto de relações capitalistas de produção, vive em permanente crise. Por sua própria lógica interna, tais relações produzem desigualdades sociais e exclusões que corroem pela base a ideia mesma de democracia. Democracia que convive com miséria e exploração transforma-se numa farsa e representa a negação da própria democracia. É notório que a democracia sempre parou na parta da fábrica. Lá dentro vigora, com elogiosas excepções, a ditadura dos donos e dos seus administradores. Não obstante esta contradição, nunca cessa a vontade de fazer da “democracia, valor universal”, sonho imorredouro do notável teórico italiano, Norberto Bobbio, ou a “democracia sem fim” de Boaventura de Sousa Santos, quiçá o melhor pensador político português, quer dizer, a democracia como projecto a ser realizado em todos os âmbitos da convivência humana e indefinidamente perfectível.
Em todas as partes se procura romper o pensamento único e o modo único de produção capitalista, inventando formas participativas de produção e abrindo brechas novas pelas quais se possa concretizar o espírito democrático.
Recentemente, tive a oportunidade de assistir ao exercício democrático de produção dentro de uma fábrica de cerâmica na cidade de Neuquén no sul da Argentina, na porta de entrada da Patagónia. Trata-se da Cerâmica Zanon, que pertencia a um grupo económico multinacional, cujo dono principal era Luis Zanon, da empresa Ital Park, testa de ferro da privatização das Aerolineas Argentinas e um dos cem empresários mais ricos na Argentina. Este empresário, em 2001, estava prestes a decretar a falência da empresa. Chegou a demitir 380 operários e, ao mesmo tempo, tomava milionários empréstimos de vários organismos financeiros, para com a falência sair enriquecido. Tratava-se, portanto, de uma falência fraudulenta, como depois foi provado.
Os operários resistiram, começaram a organizar-se e articular-se com outras entidades sindicais, movimentos sociais, universidades, igrejas e directamente mobilizando a sociedade civil local e até a nacional. Todos os intentos por parte da polícia de desalojá-los foram frustrados. Os operários assumiram a direcção da fábrica de forma democrática, organizaram a complexa produção de cerâmica, de alta qualidade, com maquinaria moderna de origem italiana. Decretada a falência em 2005, trocaram o nome da fábrica. Agora chama-se Fasinpat (fabrica sin patrones). Democraticamente ajustaram os departamentos, introduziram a rotatividade nas funções para todos poderem aprender mais, fizeram parcerias com a universidade local. Não só. A fábrica não se reduz a produzir produtos materiais mas também cultura, com biblioteca, visitação de escolas, shows multitudinários no grande pátio, colaboração com os indígenas mapuche que ofereceram a sua rica simbologia assumida na produção. Lá trabalham 470 operários produzindo mensalmente 400 mil metros quadrados de vários tipos de cerâmica de comprovada qualidade.
Fazia gosto ver o rosto dos operários desanuviados, libertos da servidão do trabalho alienado, contentes de estar levando avante a democracia real nas relações produtivas que se revertiam em relações humanizadoras entre eles. A sua postulação é que o Estado expropie a fábrica, sem pagar as dívidas por terem sido fraudulentas, e entregue a gestão aos próprios operários a serviço da comunidade através de obras públicas como construção de casas populares, postos de saúde, colégios e outros fins sociais. Como se depreende, a democracia pode sempre crescer e mostrar o seu carácter humanizador.
http://infoalternativa.org/spip.php?article128
Em todas as partes se procura romper o pensamento único e o modo único de produção capitalista, inventando formas participativas de produção e abrindo brechas novas pelas quais se possa concretizar o espírito democrático.
Recentemente, tive a oportunidade de assistir ao exercício democrático de produção dentro de uma fábrica de cerâmica na cidade de Neuquén no sul da Argentina, na porta de entrada da Patagónia. Trata-se da Cerâmica Zanon, que pertencia a um grupo económico multinacional, cujo dono principal era Luis Zanon, da empresa Ital Park, testa de ferro da privatização das Aerolineas Argentinas e um dos cem empresários mais ricos na Argentina. Este empresário, em 2001, estava prestes a decretar a falência da empresa. Chegou a demitir 380 operários e, ao mesmo tempo, tomava milionários empréstimos de vários organismos financeiros, para com a falência sair enriquecido. Tratava-se, portanto, de uma falência fraudulenta, como depois foi provado.
Os operários resistiram, começaram a organizar-se e articular-se com outras entidades sindicais, movimentos sociais, universidades, igrejas e directamente mobilizando a sociedade civil local e até a nacional. Todos os intentos por parte da polícia de desalojá-los foram frustrados. Os operários assumiram a direcção da fábrica de forma democrática, organizaram a complexa produção de cerâmica, de alta qualidade, com maquinaria moderna de origem italiana. Decretada a falência em 2005, trocaram o nome da fábrica. Agora chama-se Fasinpat (fabrica sin patrones). Democraticamente ajustaram os departamentos, introduziram a rotatividade nas funções para todos poderem aprender mais, fizeram parcerias com a universidade local. Não só. A fábrica não se reduz a produzir produtos materiais mas também cultura, com biblioteca, visitação de escolas, shows multitudinários no grande pátio, colaboração com os indígenas mapuche que ofereceram a sua rica simbologia assumida na produção. Lá trabalham 470 operários produzindo mensalmente 400 mil metros quadrados de vários tipos de cerâmica de comprovada qualidade.
Fazia gosto ver o rosto dos operários desanuviados, libertos da servidão do trabalho alienado, contentes de estar levando avante a democracia real nas relações produtivas que se revertiam em relações humanizadoras entre eles. A sua postulação é que o Estado expropie a fábrica, sem pagar as dívidas por terem sido fraudulentas, e entregue a gestão aos próprios operários a serviço da comunidade através de obras públicas como construção de casas populares, postos de saúde, colégios e outros fins sociais. Como se depreende, a democracia pode sempre crescer e mostrar o seu carácter humanizador.
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domingo, setembro 28, 2008
E ela avançou e falou...
Recebi a informação que abaixo vos transmito e interrogo-me:
Para que queremos nós saudações hipócritas, feitas por gente que nos maltrata e vazias de conteúdo?
Que professor com dignidade, quer ser saudado por um grupo parlamentar que apoia um governo que nos impôs contratos individuais de trabalho?
Que, ignorando a vontade de 100 mil professores, decretou uma pretensa "avaliação" que mais não visa que a funcionalização e a standardização dos professores?
Que, administrativamente, fracturou a carreira docente, instituindo professores de primeira e de segunda?
Que acabou com o sistema democrático vigente na Escola, instituindo Director que todos nomeia ao sabor da circunstância e dos apetites partidários e ideológicos?
Que encerrou milhares de escolas enclausurando, nos chamados "Centros Educativos", milhares de crianças?
Que aumenta a carga horária dos professores e reduz, "congelando carreiras", o seu salário, remetendo-os à indigência e retirando-lhes deste modo, capacidade de Ser Livre.
Pedir uma saudação a gente que assim faz é, para além, de um ultraje aos professores, abrir portas a que o cinismo do governo que assim governou, impere e se perpetue.
Quem faz um pedido destes a um grupo parlamentar que apoia o governo que fez o pior ataque à Escola Pública Democrática, estruturando-a num modelo empresarial, é, no mínimo, uma traição. Traição outra adicionada a que nos fez em Abril deste ano.
Vivam as "saudações", manobras politiqueiras, que a precariedade, a indigência e a funcionalização dos professores continuará, até onde a "Maioria", que é bem maior do que se possa supor, quiser.
Anabela Almeida
Professora
DIA MUNDIAL DOS PROFESSORES
FENPROF apela aos Deputados
para que aprovem "saudação aos Professores"
Num momento em que se assinala o Dia Mundial dos Professores, a FENPROF escreveu a todos os Grupos Parlamentares e apelou à aprovação de uma "Saudação aos Professores e Educadores Portugueses".
Na carta que enviou, a FENPROF recordou todos os ataques que, ao longo da actual Legislatura foram desferidos contra os professores e educadores portugueses…
Alvo de uma forte campanha de desvalorização social, profissional e material, a FENPROF lembrou que, contra os Professores, foram desferidos ataques injustos que constituíram verdadeiros atentados contra a sua própria profissionalidade, ao procurarem esmagar a natureza reflexiva da profissão e funcionarizar o exercício profissional da docência.
Recordou-se, ainda, que empenhados em dignificar e valorizar a profissão, os Professores nunca deixaram de lutar e, dando expressão à sua profunda indignação, promoveram a maior manifestação que alguma vez uma classe profissional realizou em Portugal. Ao mesmo tempo, como se lhes exigia, mantiveram, na escola, uma atitude profissional irrepreensível, o que valeu que fossem socialmente reconhecidos, se assumissem como uma das classes profissionais mais respeitadas no nosso país e merecessem a confiança dos portugueses, de acordo com estudos de opinião que têm sido divulgados.
Em nome dos Professores e Educadores Portugueses, o Secretariado Nacional da FENPROF apelou aos/às Deputados/as para que, a propósito do Dia Mundial dos Professores, apresentassem e aprovassem, na Assembleia da República, uma Saudação aos Professores e Educadores que tanto têm dado ao país e, nele, à causa da Educação.
Com o objectivo de assinalar o Dia Mundial dos Professores, a FENPROF promoverá um conjunto de iniciativas de que, oportunamente, dará nota à comunicação social. Tais iniciativas desenvolver-se-ão entre os dias 1 e 8 de Outubro.
O Secretariado Nacional
carta enviada aos deputados
Estas palhaçadas ainda convencem alguém?
Que professor com dignidade, quer ser saudado por um grupo parlamentar que apoia um governo que nos impôs contratos individuais de trabalho?
Que, ignorando a vontade de 100 mil professores, decretou uma pretensa "avaliação" que mais não visa que a funcionalização e a standardização dos professores?
Que, administrativamente, fracturou a carreira docente, instituindo professores de primeira e de segunda?
Que acabou com o sistema democrático vigente na Escola, instituindo Director que todos nomeia ao sabor da circunstância e dos apetites partidários e ideológicos?
Que encerrou milhares de escolas enclausurando, nos chamados "Centros Educativos", milhares de crianças?
Que aumenta a carga horária dos professores e reduz, "congelando carreiras", o seu salário, remetendo-os à indigência e retirando-lhes deste modo, capacidade de Ser Livre.
Pedir uma saudação a gente que assim faz é, para além, de um ultraje aos professores, abrir portas a que o cinismo do governo que assim governou, impere e se perpetue.
Quem faz um pedido destes a um grupo parlamentar que apoia o governo que fez o pior ataque à Escola Pública Democrática, estruturando-a num modelo empresarial, é, no mínimo, uma traição. Traição outra adicionada a que nos fez em Abril deste ano.
Vivam as "saudações", manobras politiqueiras, que a precariedade, a indigência e a funcionalização dos professores continuará, até onde a "Maioria", que é bem maior do que se possa supor, quiser.
Anabela Almeida
Professora
DIA MUNDIAL DOS PROFESSORES
FENPROF apela aos Deputados
para que aprovem "saudação aos Professores"
Num momento em que se assinala o Dia Mundial dos Professores, a FENPROF escreveu a todos os Grupos Parlamentares e apelou à aprovação de uma "Saudação aos Professores e Educadores Portugueses".
Na carta que enviou, a FENPROF recordou todos os ataques que, ao longo da actual Legislatura foram desferidos contra os professores e educadores portugueses…
Alvo de uma forte campanha de desvalorização social, profissional e material, a FENPROF lembrou que, contra os Professores, foram desferidos ataques injustos que constituíram verdadeiros atentados contra a sua própria profissionalidade, ao procurarem esmagar a natureza reflexiva da profissão e funcionarizar o exercício profissional da docência.
Recordou-se, ainda, que empenhados em dignificar e valorizar a profissão, os Professores nunca deixaram de lutar e, dando expressão à sua profunda indignação, promoveram a maior manifestação que alguma vez uma classe profissional realizou em Portugal. Ao mesmo tempo, como se lhes exigia, mantiveram, na escola, uma atitude profissional irrepreensível, o que valeu que fossem socialmente reconhecidos, se assumissem como uma das classes profissionais mais respeitadas no nosso país e merecessem a confiança dos portugueses, de acordo com estudos de opinião que têm sido divulgados.
Em nome dos Professores e Educadores Portugueses, o Secretariado Nacional da FENPROF apelou aos/às Deputados/as para que, a propósito do Dia Mundial dos Professores, apresentassem e aprovassem, na Assembleia da República, uma Saudação aos Professores e Educadores que tanto têm dado ao país e, nele, à causa da Educação.
Com o objectivo de assinalar o Dia Mundial dos Professores, a FENPROF promoverá um conjunto de iniciativas de que, oportunamente, dará nota à comunicação social. Tais iniciativas desenvolver-se-ão entre os dias 1 e 8 de Outubro.
O Secretariado Nacional
carta enviada aos deputados
Estas palhaçadas ainda convencem alguém?
Eça de Queirós, 1871
"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada,
Os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"
Eça de Queirós, 1871
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada,
Os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"
Eça de Queirós, 1871
O pessimismo nacional
A verdade é que na sociedade portuguesa a noção da sua personalidade colectiva, o sentimento de vida nacional, o sentimento de pátria se quiserem, não existe sobrepondo-se a todos os outros sentimentos de interesse individual. Existe apenas o sentimento e o espírito intolerante de seita, existe apenas o sentimento de quadrilha, mascarados por um messianismo avariado, de ínfima qualidade.
Um dos aspectos mais típicos da vida portuguesa e um dos seus males mais funestos é a sua prodigiosa fertilidade messiânica. A cada passo surge um homem que se sente com envergadura e ventre de messias. Por cada messias que aborta, pululam inesgotavelmente centos de messias, toda uma falperra de messias. E, enquanto a nação rola à aventura de messianismo em messianismo, a sociedade portuguesa, lentamente, infatigavelmente, vai-se dissolvendo e desagregando.
Manuel Laranjeira, 1908
Obrigado pela lembrança ao Paulo Guinote
CANTICO NEGRO
POEMA DE CUNHO EXISTENCIALISTA DECLAMADO PELA MARIA BETHANIA
Dedicado a todos os professores que constituíram listas para o chamado "Conselho Geral Transitório" e também a todos os que votaram ou ainda venham a votar, principalmente àqueles que, de entre estes, estiveram erradamente na manifestação do 8 de Março.
Obrigado pela lembrança à sinistraministra
Greenspan e Bernanke devem ser acusados de criminosos
Prestigious Group of 192 Economists - Including Nobel Prize Winners - Slams Bailout
Ao Presidente da casa de representantes e do presidente do pro tempore do Senado: Como economistas, nós queremos expressar ao congresso que nossa grande preocupação pelo plano proposto pelo Secretário da Tesouraria Paulson tratar a crise financeira. Nós estamos bem cientes da dificuldade da situação financeira actual e nós concordamos com a necessidade para que a acção assegure-se de que o sistema financeiro continue a funcionar. Nós vemos três armadilhas fatais na planta actualmente propor:
1) Sua equidade. O plano é um subsídio aos accionistas na despesa dos contribuintes. Os accionistas que tomaram riscos para ganhar lucros devem igualmente carregar as perdas. Cada falha de negócio não carrega o risco sistemático. O governo pode assegurar uma indústria financeira well-functioning, capaz de fazer empréstimos novos aos devedores creditworthy, sem afiançar para fora os accionistas e as instituições particulares cujas as escolhas provaram imprudente.
2) Sua ambiguidade. Nem a missão da agência nova nem seu descuido são desobstruída. Se os contribuintes devem comprar recursos iliquidos e opacos dos vendedores incomodados, os termos, as ocasiões, e os métodos de tais compras devem ser de cristal - desobstruído antes do tempo e monitorizando com cuidado mais tarde.
3) Seus efeitos do prazo. Se o plano é decretado, seus efeitos serão connosco para uma geração. Para todos seus problemas recentes, os mercados Americanos de capital confidenciais dinâmicos e inovativos trouxeram à nação uma prosperidade incomparável. Fundamental enfraquecer aqueles mercados a fim acalmar rompimentos short-run é desesperadamente short-sighted.
Por estas razões nós pedimos que o congresso não se apresse, se prenda a audições apropriadas, e se considere com cuidado o plano de acção correcto, e se determine sabiamente o futuro da indústria financeira e a economia de E.U. por os próximos anos.
http://faculty.chicagogsb.edu/john.cochrane/research/Papers/
mortgage_protest.htm
Signed (updated at 9/25/2008 8:30AM CT)
Acemoglu Daron (Massachussets Institute of Technology)
Adler Michael (Columbia University)
Admati Anat R. (Stanford University)
Alexis Marcus (Northwestern University)
Alvarez Fernando (University of Chicago)
Andersen Torben (Northwestern University)
Baliga Sandeep (Northwestern University)
Banerjee Abhijit V. (Massachussets Institute of Technology)
Barankay Iwan (University of Pennsylvania)
Barry Brian (University of Chicago)
Bartkus James R. (Xavier University of Louisiana)
Becker Charles M. (Duke University)
Becker Robert A. (Indiana University)
Beim David (Columbia University)
Berk Jonathan (Stanford University)
Bisin Alberto (New York University)
Bittlingmayer George (University of Kansas)
Boldrin Michele (Washington University)
Brooks Taggert J. (University of Wisconsin)
Brynjolfsson Erik (Massachusetts Institute of Technology)
Buera Francisco J. (UCLA)
Camp Mary Elizabeth (Indiana University)
Carmel Jonathan (University of Michigan)
Carroll Christopher (Johns Hopkins University)
Cassar Gavin (University of Pennsylvania)
Chaney Thomas (University of Chicago)
Chari Varadarajan V. (University of Minnesota)
Chauvin Keith W. (University of Kansas)
Chintagunta Pradeep K. (University of Chicago)
Christiano Lawrence J. (Northwestern University)
Cochrane John (University of Chicago)
Coleman John (Duke University)
Constantinides George M. (University of Chicago)
Crain Robert (UC Berkeley)
Culp Christopher (University of Chicago)
Da Zhi (University of Notre Dame)
Davis Morris (University of Wisconsin)
De Marzo Peter (Stanford University)
Dubé Jean-Pierre H. (University of Chicago)
Edlin Aaron (UC Berkeley)
Eichenbaum Martin (Northwestern University)
Ely Jeffrey (Northwestern University)
Eraslan Hülya K. K.(Johns Hopkins University)
Faulhaber Gerald (University of Pennsylvania)
Feldmann Sven (University of Melbourne)
Fernandez-Villaverde Jesus (University of Pennsylvania)
Fohlin Caroline (Johns Hopkins University)
Fox Jeremy T. (University of Chicago)
Frank Murray Z.(University of Minnesota)
Frenzen Jonathan (University of Chicago)
Fuchs William (University of Chicago)
Fudenberg Drew (Harvard University)
Gabaix Xavier (New York University)
Gao Paul (Notre Dame University)
Garicano Luis (University of Chicago)
Gerakos Joseph J. (University of Chicago)
Gibbs Michael (University of Chicago)
Glomm Gerhard (Indiana University)
Goettler Ron (University of Chicago)
Goldin Claudia (Harvard University)
Gordon Robert J. (Northwestern University)
Greenstone Michael (Massachusetts Institute of Technology)
Guadalupe Maria (Columbia University)
Guerrieri Veronica (University of Chicago)
Hagerty Kathleen (Northwestern University)
Hamada Robert S. (University of Chicago)
Hansen Lars (University of Chicago)
Harris Milton (University of Chicago)
Hart Oliver (Harvard University)
Hazlett Thomas W. (George Mason University)
Heaton John (University of Chicago)
Heckman James (University of Chicago - Nobel Laureate)
Henderson David R. (Hoover Institution)
Henisz, Witold (University of Pennsylvania)
Hertzberg Andrew (Columbia University)
Hite Gailen (Columbia University)
Hitsch Günter J. (University of Chicago)
Hodrick Robert J. (Columbia University)
Hopenhayn Hugo (UCLA)
Hurst Erik (University of Chicago)
Imrohoroglu Ayse (University of Southern California)
Isakson Hans (University of Northern Iowa)
Israel Ronen (London Business School)
Jaffee Dwight M. (UC Berkeley)
Jagannathan Ravi (Northwestern University)
Jenter Dirk (Stanford University)
Jones Charles M. (Columbia Business School)
Kaboski Joseph P. (Ohio State University)
Kahn Matthew (UCLA)
Kaplan Ethan (Stockholm University)
Karolyi, Andrew (Ohio State University)
Kashyap Anil (University of Chicago)
Keim Donald B (University of Pennsylvania)
Ketkar Suhas L (Vanderbilt University)
Kiesling Lynne (Northwestern University)
Klenow Pete (Stanford University)
Koch Paul (University of Kansas)
Kocherlakota Narayana (University of Minnesota)
Koijen Ralph S.J. (University of Chicago)
Kondo Jiro (Northwestern University)
Korteweg Arthur (Stanford University)
Kortum Samuel (University of Chicago)
Krueger Dirk (University of Pennsylvania)
Ledesma Patricia (Northwestern University)
Lee Lung-fei (Ohio State University)
Leeper Eric M. (Indiana University)
Leuz Christian (University of Chicago)
Levine David I.(UC Berkeley)
Levine David K.(Washington University)
Levy David M. (George Mason University)
Linnainmaa Juhani (University of Chicago)
Lott John R. Jr. (University of Maryland)
Lucas Robert (University of Chicago - Nobel Laureate)
Luttmer Erzo G.J. (University of Minnesota)
Manski Charles F. (Northwestern University)
Martin Ian (Stanford University)
Mayer Christopher (Columbia University)
Mazzeo Michael (Northwestern University)
McDonald Robert (Northwestern University)
Meadow Scott F. (University of Chicago)
Mehra Rajnish (UC Santa Barbara)
Mian Atif (University of Chicago)
Middlebrook Art (University of Chicago)
Miguel Edward (UC Berkeley)
Miravete Eugenio J. (University of Texas at Austin)
Miron Jeffrey (Harvard University)
Moretti Enrico (UC Berkeley)
Moriguchi Chiaki (Northwestern University)
Moro Andrea (Vanderbilt University)
Morse Adair (University of Chicago)
Mortensen Dale T. (Northwestern University)
Mortimer Julie Holland (Harvard University)
Muralidharan Karthik (UC San Diego)
Nanda Dhananjay (University of Miami)
Nevo Aviv (Northwestern University)
Ohanian Lee (UCLA)
Pagliari Joseph (University of Chicago)
Papanikolaou Dimitris (Northwestern University)
Parker Jonathan (Northwestern University)
Paul Evans (Ohio State University)
Pejovich Svetozar (Steve) (Texas A&M University)
Peltzman Sam (University of Chicago)
Perri Fabrizio (University of Minnesota)
Phelan Christopher (University of Minnesota)
Piazzesi Monika (Stanford University)
Piskorski Tomasz (Columbia University)
Rampini Adriano (Duke University)
Reagan Patricia (Ohio State University)
Reich Michael (UC Berkeley)
Reuben Ernesto (Northwestern University)
Roberts Michael (University of Pennsylvania)
Robinson David (Duke University)
Rogers Michele (Northwestern University)
Rotella Elyce (Indiana University)
Ruud Paul (Vassar College)
Safford Sean (University of Chicago)
Sandbu Martin E. (University of Pennsylvania)
Sapienza Paola (Northwestern University)
Savor Pavel (University of Pennsylvania)
Scharfstein David (Harvard University)
Seim Katja (University of Pennsylvania)
Seru Amit (University of Chicago)
Shang-Jin Wei (Columbia University)
Shimer Robert (University of Chicago)
Shore Stephen H. (Johns Hopkins University)
Siegel Ron (Northwestern University)
Smith David C. (University of Virginia)
Smith Vernon L.(Chapman University- Nobel Laureate)
Sorensen Morten (Columbia University)
Spiegel Matthew (Yale University)
Stevenson Betsey (University of Pennsylvania)
Stokey Nancy (University of Chicago)
Strahan Philip (Boston College)
Strebulaev Ilya (Stanford University)
Sufi Amir (University of Chicago)
Tabarrok Alex (George Mason University)
Taylor Alan M. (UC Davis)
Thompson Tim (Northwestern University)
Tschoegl Adrian E. (University of Pennsylvania)
Uhlig Harald (University of Chicago)
Ulrich, Maxim (Columbia University)
Van Buskirk Andrew (University of Chicago)
Veronesi Pietro (University of Chicago)
Vissing-Jorgensen Annette (Northwestern University)
Wacziarg Romain (UCLA)
Weill Pierre-Olivier (UCLA)
Williamson Samuel H. (Miami University)
Witte Mark (Northwestern University)
Wolfers Justin (University of Pennsylvania)
Woutersen Tiemen (Johns Hopkins University)
Zingales Luigi (University of Chicago)
Zitzewitz Eric (Dartmouth College)
O congressista Ron Paul diz que a conta da ajuda - bailout- é provável passar, anunciando uns 10 anos mais de depressão económica para América e o potencial para a lei marcial se o mal-estar social se levantar enquanto a fusão financeira se agrava.
Falando na mostra de Alex Jones, Paul disse da ajuda, “querem a ditadura, querem passar todas as penalidades e sofrendo sobre à pessoa média na rua principal,” adicionando, “nós teremos uma depressão ou retirada, tem no lugar fechado devido às acções precedentes da reserva federal.”
“Quando dizem que se nós não fazemos exactamente enquanto para dizer e virar mais de nosso dinheiro e mais de nossas liberdades e para se isentar de toda a corte na nação inteira, eles estão tentando nos intimidar e nos conduzir em fazer a coisa errada,” disse Paul.
O congressista afirmou que problemas graves se levantariam se nada for feito e estão a endereçar o problema, mas que as consequências mais sérias se seguiriam se a ajuda passar - bailout- no congresso.
Paul advertiu que a única pergunta era se a fusão financeira duraria um ano ou dez anos e quanta liberdade seria perdida nesse prazo.
“Olhe como eu vejo no congresso, eles escolheram por uma década ou mais continuar com os sinais de depressão do que dizer e nos deixar corrigir , deixar-nos equilibrar a balança o orçamento, deixe-nos trazer nossas tropas para casa,” disse Paul, adicionando que o mesmo curso do dinheiro da impressão continuaria - prolongando a agonia e impedindo uma correcção necessária.
Perguntado se o mal-estar social era uma possibilidade no meio de uma depressão económica, prover um exército que os tempos recentes relatam a respeito do uso de serviço militar activo que está sendo trazido do Iraque para a “pátria patrulha” e de “controle multidão,” Paul questionou, “nós estamos a caminhar para a lei marcial ou nós estamos a caminhar para termos mais liberdades? Mais problemas nós temos, mais provável é que nós estamos a caminhar para a lei marcial, assim que eu penso que antecipam e planeiam estas coisas.”
Perguntado se as investigações penais e as acusações dos indivíduos em Wall Street começarem, Paul concordou mas disse que o alvo principal do inquérito criminoso deve ser a própria administração da reserva federal porque, “que é onde a fraude está.”
“Querem estar sem lei, eles não querem ser prendidos nem responsabilizados,” .
Paul disse-nos que o grande júri devem reunir-se para tomar decisões de acusação em vez do FBI que se torna envolvido, indicando que o congresso, “tem a autoridade apropriada e a experiência própria como o exemplo de Enron.
O congressista disse que Greenspan e Bernanke devem ser acusados de criminosos mas que tal esforço seria em parte simbólico. “Moralmente falando, são os culpados,” disse Paul.
http://raivaescondida.wordpress.com/
Ao Presidente da casa de representantes e do presidente do pro tempore do Senado: Como economistas, nós queremos expressar ao congresso que nossa grande preocupação pelo plano proposto pelo Secretário da Tesouraria Paulson tratar a crise financeira. Nós estamos bem cientes da dificuldade da situação financeira actual e nós concordamos com a necessidade para que a acção assegure-se de que o sistema financeiro continue a funcionar. Nós vemos três armadilhas fatais na planta actualmente propor:
1) Sua equidade. O plano é um subsídio aos accionistas na despesa dos contribuintes. Os accionistas que tomaram riscos para ganhar lucros devem igualmente carregar as perdas. Cada falha de negócio não carrega o risco sistemático. O governo pode assegurar uma indústria financeira well-functioning, capaz de fazer empréstimos novos aos devedores creditworthy, sem afiançar para fora os accionistas e as instituições particulares cujas as escolhas provaram imprudente.
2) Sua ambiguidade. Nem a missão da agência nova nem seu descuido são desobstruída. Se os contribuintes devem comprar recursos iliquidos e opacos dos vendedores incomodados, os termos, as ocasiões, e os métodos de tais compras devem ser de cristal - desobstruído antes do tempo e monitorizando com cuidado mais tarde.
3) Seus efeitos do prazo. Se o plano é decretado, seus efeitos serão connosco para uma geração. Para todos seus problemas recentes, os mercados Americanos de capital confidenciais dinâmicos e inovativos trouxeram à nação uma prosperidade incomparável. Fundamental enfraquecer aqueles mercados a fim acalmar rompimentos short-run é desesperadamente short-sighted.
Por estas razões nós pedimos que o congresso não se apresse, se prenda a audições apropriadas, e se considere com cuidado o plano de acção correcto, e se determine sabiamente o futuro da indústria financeira e a economia de E.U. por os próximos anos.
http://faculty.chicagogsb.edu/john.cochrane/research/Papers/
mortgage_protest.htm
Signed (updated at 9/25/2008 8:30AM CT)
Acemoglu Daron (Massachussets Institute of Technology)
Adler Michael (Columbia University)
Admati Anat R. (Stanford University)
Alexis Marcus (Northwestern University)
Alvarez Fernando (University of Chicago)
Andersen Torben (Northwestern University)
Baliga Sandeep (Northwestern University)
Banerjee Abhijit V. (Massachussets Institute of Technology)
Barankay Iwan (University of Pennsylvania)
Barry Brian (University of Chicago)
Bartkus James R. (Xavier University of Louisiana)
Becker Charles M. (Duke University)
Becker Robert A. (Indiana University)
Beim David (Columbia University)
Berk Jonathan (Stanford University)
Bisin Alberto (New York University)
Bittlingmayer George (University of Kansas)
Boldrin Michele (Washington University)
Brooks Taggert J. (University of Wisconsin)
Brynjolfsson Erik (Massachusetts Institute of Technology)
Buera Francisco J. (UCLA)
Camp Mary Elizabeth (Indiana University)
Carmel Jonathan (University of Michigan)
Carroll Christopher (Johns Hopkins University)
Cassar Gavin (University of Pennsylvania)
Chaney Thomas (University of Chicago)
Chari Varadarajan V. (University of Minnesota)
Chauvin Keith W. (University of Kansas)
Chintagunta Pradeep K. (University of Chicago)
Christiano Lawrence J. (Northwestern University)
Cochrane John (University of Chicago)
Coleman John (Duke University)
Constantinides George M. (University of Chicago)
Crain Robert (UC Berkeley)
Culp Christopher (University of Chicago)
Da Zhi (University of Notre Dame)
Davis Morris (University of Wisconsin)
De Marzo Peter (Stanford University)
Dubé Jean-Pierre H. (University of Chicago)
Edlin Aaron (UC Berkeley)
Eichenbaum Martin (Northwestern University)
Ely Jeffrey (Northwestern University)
Eraslan Hülya K. K.(Johns Hopkins University)
Faulhaber Gerald (University of Pennsylvania)
Feldmann Sven (University of Melbourne)
Fernandez-Villaverde Jesus (University of Pennsylvania)
Fohlin Caroline (Johns Hopkins University)
Fox Jeremy T. (University of Chicago)
Frank Murray Z.(University of Minnesota)
Frenzen Jonathan (University of Chicago)
Fuchs William (University of Chicago)
Fudenberg Drew (Harvard University)
Gabaix Xavier (New York University)
Gao Paul (Notre Dame University)
Garicano Luis (University of Chicago)
Gerakos Joseph J. (University of Chicago)
Gibbs Michael (University of Chicago)
Glomm Gerhard (Indiana University)
Goettler Ron (University of Chicago)
Goldin Claudia (Harvard University)
Gordon Robert J. (Northwestern University)
Greenstone Michael (Massachusetts Institute of Technology)
Guadalupe Maria (Columbia University)
Guerrieri Veronica (University of Chicago)
Hagerty Kathleen (Northwestern University)
Hamada Robert S. (University of Chicago)
Hansen Lars (University of Chicago)
Harris Milton (University of Chicago)
Hart Oliver (Harvard University)
Hazlett Thomas W. (George Mason University)
Heaton John (University of Chicago)
Heckman James (University of Chicago - Nobel Laureate)
Henderson David R. (Hoover Institution)
Henisz, Witold (University of Pennsylvania)
Hertzberg Andrew (Columbia University)
Hite Gailen (Columbia University)
Hitsch Günter J. (University of Chicago)
Hodrick Robert J. (Columbia University)
Hopenhayn Hugo (UCLA)
Hurst Erik (University of Chicago)
Imrohoroglu Ayse (University of Southern California)
Isakson Hans (University of Northern Iowa)
Israel Ronen (London Business School)
Jaffee Dwight M. (UC Berkeley)
Jagannathan Ravi (Northwestern University)
Jenter Dirk (Stanford University)
Jones Charles M. (Columbia Business School)
Kaboski Joseph P. (Ohio State University)
Kahn Matthew (UCLA)
Kaplan Ethan (Stockholm University)
Karolyi, Andrew (Ohio State University)
Kashyap Anil (University of Chicago)
Keim Donald B (University of Pennsylvania)
Ketkar Suhas L (Vanderbilt University)
Kiesling Lynne (Northwestern University)
Klenow Pete (Stanford University)
Koch Paul (University of Kansas)
Kocherlakota Narayana (University of Minnesota)
Koijen Ralph S.J. (University of Chicago)
Kondo Jiro (Northwestern University)
Korteweg Arthur (Stanford University)
Kortum Samuel (University of Chicago)
Krueger Dirk (University of Pennsylvania)
Ledesma Patricia (Northwestern University)
Lee Lung-fei (Ohio State University)
Leeper Eric M. (Indiana University)
Leuz Christian (University of Chicago)
Levine David I.(UC Berkeley)
Levine David K.(Washington University)
Levy David M. (George Mason University)
Linnainmaa Juhani (University of Chicago)
Lott John R. Jr. (University of Maryland)
Lucas Robert (University of Chicago - Nobel Laureate)
Luttmer Erzo G.J. (University of Minnesota)
Manski Charles F. (Northwestern University)
Martin Ian (Stanford University)
Mayer Christopher (Columbia University)
Mazzeo Michael (Northwestern University)
McDonald Robert (Northwestern University)
Meadow Scott F. (University of Chicago)
Mehra Rajnish (UC Santa Barbara)
Mian Atif (University of Chicago)
Middlebrook Art (University of Chicago)
Miguel Edward (UC Berkeley)
Miravete Eugenio J. (University of Texas at Austin)
Miron Jeffrey (Harvard University)
Moretti Enrico (UC Berkeley)
Moriguchi Chiaki (Northwestern University)
Moro Andrea (Vanderbilt University)
Morse Adair (University of Chicago)
Mortensen Dale T. (Northwestern University)
Mortimer Julie Holland (Harvard University)
Muralidharan Karthik (UC San Diego)
Nanda Dhananjay (University of Miami)
Nevo Aviv (Northwestern University)
Ohanian Lee (UCLA)
Pagliari Joseph (University of Chicago)
Papanikolaou Dimitris (Northwestern University)
Parker Jonathan (Northwestern University)
Paul Evans (Ohio State University)
Pejovich Svetozar (Steve) (Texas A&M University)
Peltzman Sam (University of Chicago)
Perri Fabrizio (University of Minnesota)
Phelan Christopher (University of Minnesota)
Piazzesi Monika (Stanford University)
Piskorski Tomasz (Columbia University)
Rampini Adriano (Duke University)
Reagan Patricia (Ohio State University)
Reich Michael (UC Berkeley)
Reuben Ernesto (Northwestern University)
Roberts Michael (University of Pennsylvania)
Robinson David (Duke University)
Rogers Michele (Northwestern University)
Rotella Elyce (Indiana University)
Ruud Paul (Vassar College)
Safford Sean (University of Chicago)
Sandbu Martin E. (University of Pennsylvania)
Sapienza Paola (Northwestern University)
Savor Pavel (University of Pennsylvania)
Scharfstein David (Harvard University)
Seim Katja (University of Pennsylvania)
Seru Amit (University of Chicago)
Shang-Jin Wei (Columbia University)
Shimer Robert (University of Chicago)
Shore Stephen H. (Johns Hopkins University)
Siegel Ron (Northwestern University)
Smith David C. (University of Virginia)
Smith Vernon L.(Chapman University- Nobel Laureate)
Sorensen Morten (Columbia University)
Spiegel Matthew (Yale University)
Stevenson Betsey (University of Pennsylvania)
Stokey Nancy (University of Chicago)
Strahan Philip (Boston College)
Strebulaev Ilya (Stanford University)
Sufi Amir (University of Chicago)
Tabarrok Alex (George Mason University)
Taylor Alan M. (UC Davis)
Thompson Tim (Northwestern University)
Tschoegl Adrian E. (University of Pennsylvania)
Uhlig Harald (University of Chicago)
Ulrich, Maxim (Columbia University)
Van Buskirk Andrew (University of Chicago)
Veronesi Pietro (University of Chicago)
Vissing-Jorgensen Annette (Northwestern University)
Wacziarg Romain (UCLA)
Weill Pierre-Olivier (UCLA)
Williamson Samuel H. (Miami University)
Witte Mark (Northwestern University)
Wolfers Justin (University of Pennsylvania)
Woutersen Tiemen (Johns Hopkins University)
Zingales Luigi (University of Chicago)
Zitzewitz Eric (Dartmouth College)
O congressista Ron Paul diz que a conta da ajuda - bailout- é provável passar, anunciando uns 10 anos mais de depressão económica para América e o potencial para a lei marcial se o mal-estar social se levantar enquanto a fusão financeira se agrava.
Falando na mostra de Alex Jones, Paul disse da ajuda, “querem a ditadura, querem passar todas as penalidades e sofrendo sobre à pessoa média na rua principal,” adicionando, “nós teremos uma depressão ou retirada, tem no lugar fechado devido às acções precedentes da reserva federal.”
“Quando dizem que se nós não fazemos exactamente enquanto para dizer e virar mais de nosso dinheiro e mais de nossas liberdades e para se isentar de toda a corte na nação inteira, eles estão tentando nos intimidar e nos conduzir em fazer a coisa errada,” disse Paul.
O congressista afirmou que problemas graves se levantariam se nada for feito e estão a endereçar o problema, mas que as consequências mais sérias se seguiriam se a ajuda passar - bailout- no congresso.
Paul advertiu que a única pergunta era se a fusão financeira duraria um ano ou dez anos e quanta liberdade seria perdida nesse prazo.
“Olhe como eu vejo no congresso, eles escolheram por uma década ou mais continuar com os sinais de depressão do que dizer e nos deixar corrigir , deixar-nos equilibrar a balança o orçamento, deixe-nos trazer nossas tropas para casa,” disse Paul, adicionando que o mesmo curso do dinheiro da impressão continuaria - prolongando a agonia e impedindo uma correcção necessária.
Perguntado se o mal-estar social era uma possibilidade no meio de uma depressão económica, prover um exército que os tempos recentes relatam a respeito do uso de serviço militar activo que está sendo trazido do Iraque para a “pátria patrulha” e de “controle multidão,” Paul questionou, “nós estamos a caminhar para a lei marcial ou nós estamos a caminhar para termos mais liberdades? Mais problemas nós temos, mais provável é que nós estamos a caminhar para a lei marcial, assim que eu penso que antecipam e planeiam estas coisas.”
Perguntado se as investigações penais e as acusações dos indivíduos em Wall Street começarem, Paul concordou mas disse que o alvo principal do inquérito criminoso deve ser a própria administração da reserva federal porque, “que é onde a fraude está.”
“Querem estar sem lei, eles não querem ser prendidos nem responsabilizados,” .
Paul disse-nos que o grande júri devem reunir-se para tomar decisões de acusação em vez do FBI que se torna envolvido, indicando que o congresso, “tem a autoridade apropriada e a experiência própria como o exemplo de Enron.
O congressista disse que Greenspan e Bernanke devem ser acusados de criminosos mas que tal esforço seria em parte simbólico. “Moralmente falando, são os culpados,” disse Paul.
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